Mulher morre por intoxicação química após fazer progressiva

A causa da morte foi insuficiência respiratória decorrente de uma intoxicação química.

Márcia Gomes Alves Fernandes, de 48 anos, morreu em Pindamonhangaba após um procedimento químico em seu cabelo. Segundo a prefeitura, responsável pelo pronto-socorro, a causa da morte foi “insuficiência respiratória aguda, bronquite aguda e asma – todos decorrentes de uma intoxicação exógena de produto químico no cabelo e em contato com a pele”.

Márcia deu entrada no pronto-socorro da cidade na noite de quarta-feira (14/03), após fazer uma escova progressiva com o uso de formol. Em entrevista ao G1, Daniel Barbosa, filho da vítima, disse: “Ela comentou que queria alisar o cabelo para ficar bonita, era muito vaidosa. Ela fez o procedimento durante o dia e eu não sei onde ela fez. Me assustei quando o hospital me ligou pedindo para buscar meu irmão mais novo porque minha mãe estava entubada. Foi de repente, não esperávamos que ela fosse passar mal com isso”. A família ainda não sabe onde Márcia realizou o procedimento e não fez boletim de ocorrência na Polícia Civil.

Conversamos com a Dra. Denise Steiner, médica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), para esclarecer o caso:

Como eu sei que o procedimento que está sendo feito em mim é seguro?
Uma das situações mais perigosas, quando se trata de mudanças no cabelo, são aqueles que envolvem o formol (uma substância tóxica em si). Hoje em dia, existem diversos procedimentos feitos para alisar os fios e, na verdade, muitos deles levam essa substância na sua composição – mesmo que a Anvisa já a tenha proibido. A concentração permitida do formol hoje é extremamente baixa, mas os salões driblam esse alerta. A tintura de cabelo, por exemplo, também pode causar alergia em uma mulher mais alérgica, mas não chega no nível do formol.

O formal pode realmente causar esse tipo de intoxicação?
Sim. O formol é uma substância extremamente tóxica e alergizante. Além disso, o produto também é cancerígeno. Suas partículas, que ficam no ar, entram no organismo, assim como através do couro cabeludo, chegando a corrente sanguínea. Ele pode ficar no corpo e, muito tempo depois, se ligar a um tecido e funcionar como uma substância oncogênica. Ou seja, o perigo do formol não é apenas o que ele pode causar imediatamente através da sua toxicidade.

Quem tem doenças respiratórias precisa tomar mais cuidado?
Com certeza. Quem tem doenças alérgicas e respiratórias como asma, bronquite e rinite, precisam tomar muito mais cuidado. Assim como aquelas mulheres que possuem algum tipo de alergia na pele. Nesses casos, a pessoa pode entrar em uma crise severa e até levar à morte, como foi o caso da Márcia.

Como prevenir tudo isso?
É complicado. Você tem que perguntar exatamente o que é o produto que está sendo utilizado e deixar bem claro todos os riscos que o formol pode causar, especialmente se você for alérgica. Os produtos que são legais no Brasil possuem um selo do Ministério da Saúde, é uma garantia. Você também pode pedir para o profissional passar um pouco do produto na parte interna do braço, já é um contato com a substância. Ah, outro fator importante é o cheiro. O formol tem um cheiro bem característico e forte, já causando uma irritação momentânea. Então, se sentir um cheiro forte e que te faça tossir, peça para o profissional parar o procedimento. Fonte: Abril*