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Estressada? Experimente uma sessão de cozinha-terapia e desestresse

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Estressada? Experimente uma sessão de cozinha-terapia e desestresse

Por: Sites da Web

A explicação pode ser simples: relaxa, demanda certa dose de improviso, é saboroso, dá prazer. Ou pode ser mais profunda: cozinhar e comer ativam nosso sistema nervoso parassimpático – que regula as ações involuntárias do corpo, como a respiração e os batimentos cardíacos.

Mas a verdade é que o cômodo mais saboroso da casa tem se tornado o destino preferido de quem quer escapar das agruras e do estresse do cotidiano.

“Dizer que cozinhar é terapêutico pode ser confuso, pois ‘terapêutico’, no sentido estrito, é algo que cura, e não se cura com cozinha. Mas no sentido lato, significa ‘restaurador’, ‘protetor’ e aí não dá para negar”, explica João Paulo Correia Lima, psicólogo, membro do laboratório de psicossomática da USP "SuCor" (sujeito-corpo) e diretor da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (ABMP).

Primeiramente, é uma questão primitiva: “Dividir comida é ancestral. A gente retoma laços que criava com as pessoas para caçar, colher e se alimentar há mais de 15.000 anos”, diz.

Depois, é físico, pois segundo o psicólogo, nosso sistema nervoso central se divide em simpático – aquele que nos mantém alertas e é ativado principalmente quando estamos sob efeito do estresse – e parassimpático, que regenera e liga uma sensação de gratificação no nosso corpo.

“Compartilhar, oferecer e receber comida ativa esse sistema que nos restaura e desliga o sistema de alarme do corpo. Ficamos relaxados tanto por nos nutrirmos do alimento quanto pelo contato humano, que nos acende sensações de pertencimento e confiança”.

Tem quem vá mais longe. Recentemente, o empresário Faisal Hoque, autor dos livros "Everything Connects” e “Survive to Thrive”, disse em seu blog no site do Huffington Post que o processo de cozinhar o torna mais desperto e atento.

“Descobri que, quando cozinho regularmente, é como se fosse um ritual, e isso aumenta minha habilidade de estar presente no momento, focado em todas as outras coisas que faço. Acredito que, se pensarmos conscientemente sobre os ingredientes, o preparo, a forma como cozinhamos e como comemos, isso pode contribuir para desenvolvermos um estado maior de atenção”. São benefícios que saem do fogão e chegam a outras esferas da vida.

Graças a esta procura pela cozinha-terapia, Betty Kövesi, diretora da Escola Wilma Kövesi de Cozinha, vê uma cena se repetir cotidianamente:

“Profissionais de todas as áreas saem de seus escritórios, enfrentam horário de pico no trânsito e, à medida que sobem as escadas da escola, vão aliviando o semblante. Eles passam uma hora assistindo às orientações do professor, cozinham por duas horas e saem felizes, literalmente”, conta. E ela completa:

“Cozinha exige concentração, coloca as pessoas em contato com sua essência e, quando isso acontece de forma relaxada, dá vazão à intuição”.

Sim, porque olhar para a despensa e a geladeira, e imaginar as delícias que podem sair dali já é um desafio. Tomar decisões sozinho, improvisar e se manter focado – sem as tecnologias ou os problemas do trabalho interferindo o tempo todo – são alguns dos ingredientes desta receita de sucesso, em que a intuição tem papel importante.

O site Medical Daily defende que o ato de cozinhar nunca foi analisado como algo de uma importância clínica específica, mas é uma atividade que requer movimentos físicos e foco, além de ser uma criação artística e, normalmente, um ato social, o que pode ser recomendado como um passatempo para indivíduos em depressão e com dificuldade de sair de casa.

Além de ajudar no tratamento de depressão, cozinhar pode ser recomendado para pessoas com distúrbios alimentares, autismo e ansiedade.

“A gente vive em um mundo em que tudo é rápido, somos pressionados o tempo todo. Cozinhar é dividir um momento de prazer com pessoas queridas e de fazer algo pelos outros”, filosofa o chef Laurent Suaudeau, que já ministrou a palestra “A cozinha pode ser vista como uma terapia” em faculdades no interior de São Paulo. E ele ainda levanta uma hipótese: a base da cozinha é a comunicação, o que estimula trocas e levanta o astral.

A cozinheira Mônica Souza gosta tanto da atividade que criou o projeto Cozinha Consciente para inspirar as pessoas a se dedicarem a isto.

“Recomendo que se cozinhe mais, pois além de controlar o que compõe a comida que ingerimos, dá muito prazer ver o alimento se transformando na nossa frente, como mágica”, fala.

Melissa Setubal, coach de saúde integrativa, ainda destaca a importância de cozinhar para melhorar a saúde física. É como um ciclo virtuoso: quanto menos cozinhamos, menos experiência temos.

A partir do momento em que decidimos mudar de vida, começamos nos baseando em cadernos de receitas. Eles nos dão repertório, o que nos permite fazer novas conexões, experimentando outros ingredientes. Com o tempo, recorremos cada vez menos aos alimentos industrializados.

“Como consequência, o uso de ingredientes naturais nos traz mais nutrientes, que são a base da construção dos nossos neurotransmissores, que, por sua vez, fazem as conexões mentais necessárias para ampliar a nossa criatividade”, explica.

A felicidade e a sensação de relaxamento que são o resultado deste processo, no entanto, ainda não levam ao próximo passo.

“A gente não cria quando está triste. Minhas principais receitas são criadas em momentos em que estou bem”, completa Laurent Suaudeau. “É algo que vem da alma”, conclui.

 

Informações do site: Tribuna da Bahia

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