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Saúde
Por Sites da Web
Imagem da penúltima cirurgia das siamesas unidas pela cabeça em Ribeirão Preto — Foto: HC-FMRP/Divulgação
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) inicia neste sábado (27) a quinta e última etapa da cirurgia de separação das irmãs Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos, gêmeas que nasceram unidas pela cabeça no Ceará.
O procedimento inédito no Brasil, que envolve uma equipe multidisciplinar com mais de 30 profissionais, foi programado para começar às 7h e consistirá na separação definitiva dos cérebros e na reconstituição das estruturas de cada uma das pacientes.
A expectativa é de que os procedimentos demorem até 20 horas para serem concluídos devido à complexidade dos trabalhos, afirma o neurocirurgião Eduardo Jucá, médico que acompanha as siamesas desde o nascimento delas e um dos integrantes do grupo que vai atuar neste sábado.
No sábado, em torno de dez profissionais diretamente envolvidos, entre neurocirurgiões, cirurgiões plásticos e anestesistas, vão se revezar, segundo o neurocirurgião pediátrico Hélio Rubens Machado, chefe da equipe.
Também estarão presentes três profissionais da equipe do cirurgião norte-americano James Goodrich, referência mundial no assunto que acompanha as cirurgias das siamesas desde o início.
Em um primeiro momento, será feita a separação final das áreas de vascularização dos cérebros, etapa que, segundo os médicos, já avançou 80% até a terceira fase. Esta, segundo o neurocirurgião, foi considerada a mais complexa de todas devido à sobreposição das massas.
"Na terceira a gente separou uma parte do cérebro que estava uma parte como que entrando na outra, então o cérebro que não é o aspecto absolutamente normal, é difícil pra gente separar meticulosamente", lembra.
Os ossos do crânio, meninges [membranas que protegem o sistema nervoso central] e tecidos ainda compartilhados pelas pacientes também serão separados nesta última etapa, para depois serem reconstituídos separadamente.
"A partir daí o problema nosso é a reconstrução dos diferentes planos cirúrgicos, separou o cérebro tem que fechar a meninge, você tem que fechar o osso, a pele, é assim que vai ser feito", afirma Machado.
Maria Ysadora e Maria Isabelle vivem temporariamente no campus da USP, em Ribeirão e permanecem a maior parte do tempo deitadas em colchões que reduzem as chances de lesões, mas têm demonstrado uma evolução acima das expectativas.
De acordo com a equipe, elas estão aprendendo a falar, brincam juntas e já ensaiaram os primeiros passos. "Elas estão muito bem, responderam muito bem ao tratamento até agora. Estão prontas para enfrentar o maior de todos os desafios", afirma Jucá.
Segundo Machado, desde o início do tratamento todos os detalhes das cirurgias têm sido discutidos e treinados para mitigar as chances de complicações.
"Em qualquer procedimento que envolve o sistema nervoso sempre vai ter risco de sequela, de problemas. A gente minimiza esses riscos treinando, discutindo pormenorizadamente cada passo."
O planejamento em etapas, uma das principais inovações que proporcionaram a cirurgia e atraíram a atenção de outros hospitais do país, vem sendo cumprido desde fevereiro deste ano com o auxílio de tecnologias como moldes feitos com impressões tridimensionais e neurotransmissores que funcionam como um GPS.
Concluída a cirurgia, as crianças ainda permanecerão por tempo indeterminado no hospital. "Esse tempo de recuperação é imprevisível, porque são muito raros os casos, não dá pra ter uma base muito firme, e também vai ser a primeira vez que um organismo vai funcionar de maneira separada."
Gêmeas Siamesas unidas pela cabeça aguardam nova cirurgia em Ribeirão Preto, SP — Foto: Diego Freitas Farias/Arquivo Pessoal
Cinco etapas
Comandado pelo professor chefe do Departamento de Neurocirurgia Pediátrica, Hélio Machado, o procedimento inédito no Brasil foi dividido em cinco etapas para que pudesse ser concretizado.
A primeira operação ocorreu em 17 de fevereiro e durou cerca de sete horas. A segunda cirurgia, em 19 de maio, teve duração de oito horas. A terceira cirurgia ocorreu em 3 de agosto e se estendeu por oito horas. A quarta cirurgia aconteceu em 24 de agosto, uma semana antes do previsto devido à evolução das pacientes acimas das expectativas.
Durante o procedimento de cinco horas, os médicos implantaram quatro expansores subcutâneos para dar elasticidade à pele e garantir que, na separação total de corpos, haja tecido suficiente para cobrir os crânios.
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