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Surto de microcefalia no Brasil: tire dúvidas sobre o problema e a transmissão

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Surto de microcefalia no Brasil: tire dúvidas sobre o problema e a transmissão

Por: Pesquisa Web

O surto de microcefalia em recém-nascidos continua a assustar famílias e preocupar as autoridades. Até o último sábado (21), segundo o Ministério da Saúde, 739 casos foram notificados, sendo 487 deles no estado de Pernambuco. Nesta quinta-feira (26), dois diagnósticos da doença foram realizados em São Paulo, e ambas as gestantes vieram do Nordeste do país.

As dúvidas sobre o surto ainda são muitas, inclusive para as autoridades médicas que estão promovendo constantes investigações sobre o caso.

O DaquiDali reuniu as maiores questões que envolvem o fato para você não se preocupar demais e também para ficar atenta à prevenção, que se faz ainda mais importante.

O que é, afinal, a microcefalia?
Segundo o infectologista Lívio Dias, da maternidade Pró-Matre, de São Paulo, a microcefalia é uma condição presente no cérebro, que se apresenta em tamanho menor do que o considerado normal. “No recém-nascido, ela, normalmente, é identificada a partir da medição da circunferência da cabeça do bebê, conhecida como perímetro cefálico”.

Esse é um problema novo ou pode ser causada por outras doenças e comportamentos?
Antes do surto, a microcefalia já era identificada no país. O que acontece, então, é que o número de casos relatados é bem maior do que o esperado. “Ela pode ser originada por diversas causas já conhecidas, como algumas infecções maternas, uso de algumas substâncias na gestação e doenças hereditárias”, afirma Dias.

Como é a vida de uma criança e, posteriormente, de um adulto com diagnóstico de microcefalia?
De acordo com o médico da família e comunidade Rodrigo Lima, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a maioria dos casos está associada a algum grau de retardo no desenvolvimento mental. “Mesmo que este retardo exista as condições de vida serão determinadas pela extensão dele e pelo tratamento e reabilitação propostos e possíveis.

Cada quadro tem sua peculiaridade”.

Já Dias, conta que pode levar anos para que se possa ter uma ideia precisa dos comprometimentos causados. “Eles podem ser leves e imperceptíveis ou mesmo graves, acometendo os movimentos, o aprendizado, a fala, entre outras alterações”.

Por que a maioria dos casos tem sido notificada no Nordeste, mais precisamente em Pernambuco?
Dias comenta que ainda não há uma resposta precisa sobre isso. “Acredita-se que tenha ocorrido um grande número de infecções pelo Zika vírus nessa região na primeira metade de 2015, coincidindo com os primeiros meses de gestação dessas mães que estão tendo seus bebês agora, com o quadro de microcefalia”.

O Zika vírus foi encontrado no líquido amniótico de algumas gestantes com bebês com microcefalia. “Juntamente com outras informações, supôs-se que ele tenha sido o causador dessas más-formações”, explica o infectologista.

Existe a possibilidade de haver casos em outros estados que não foram percebidos?
De acordo com Dias, isso pode ter acontecido sim. “O Zika vírus pode ocorrer com sintomas leves, que não levam a pessoa ao médico ou que se confundem com outras doenças mais comuns. Em muitos casos, a infecção pelo Zika não causa nenhum sintoma. Além disso, os testes laboratoriais comuns não detectam a doença, e a confirmação de casos tem que ser feita em laboratórios de referência. Dessa forma, fica muito difícil dizer o quanto a população brasileira foi atingida por essa infecção”.

O doutor Lima conta que estes casos devem aparecer aos poucos conforme as informações forem divulgadas, deixando os médicos e a população em geral mais atentos ao problema.

Quais devem ser as preocupações de uma mulher que está grávida em relação ao Zika vírus e a microcefalia?
O infectologista Lívio Dias afirma que o mosquito transmissor do Zika é um velho conhecido, o Aedes aegypti. “A principal medida é prevenção com eliminação dos focos de mosquito, não deixando água parada, cobrindo reservatórios de água, usando telas nas janelas e outras entradas de ar”.

Se você está grávida, a indicação é utilizar roupas que cubram braços e pernas e fazer o uso de repelentes. “Os focos de mosquito nas vizinhanças devem ser denunciados a Secretaria Municipal de Saúde. Em relação à microcefalia, o acompanhamento pré-natal é fundamental”.

Quais os sintomas do Zika e como é feito o seu diagnóstico?
Quando os sintomas aparecem, eles costumam se apresentar como manchas vermelhas no corpo que podem coçar, febre, olhos vermelhos, dores no corpo e nas articulações. “Porém, na maioria dos casos, a pessoa não apresenta qualquer sintoma. O diagnóstico preciso é difícil de ser feito e, quando indicado, deve ser realizado em exame de sangue somente em laboratórios de referência até o quarto dia de doença”.

Quem já teve o vírus pode ter de novo?
Segundo o médico da família Rodrigo Lima, a princípio, uma nova infecção não ocorre. “Mas, nada impede que ocorra com o Zika o que ocorreu com o Dengue, que passou por mutações, driblando a imunidade adquirida por quem já havia sido infectado”.

O problema, então, é ter o Zika durante a gravidez? Em qual semana da gestação?
“Essa é outra pergunta sem resposta definitiva, e os pesquisadores estão trabalhando intensamente para entender melhor a relação do Zika com a gestação e a microcefalia nos bebês”, afirma Dias.

O que se sabe de outras doenças infecciosas é que o período de maior risco para o feto são os três primeiros meses, mas ainda não é possível afirmar que essa regra valha para o Zika.

Se uma mulher não está grávida, mas é contaminada pelo vírus, em uma gestação posterior é possível que o bebê tenha microcefalia?
Para o infectologista, isso é muito improvável de acontecer. “O risco de atingir o bebê costuma estar relacionado à circulação do vírus no organismo da mãe e quando se adquire a doença. O Zika costuma circular de dois a sete dias, apenas”.

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