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<b>Mãe e filho vítimas de tragédia com embarcação são enterrados</b>

Salvador

Mãe e filho vítimas de tragédia com embarcação são enterrados

Por: Pesquisa Web

Carlos com o filho e a esposa (Foto: Reprodução)

Toda a sexta-feira, o encarregado de obras Carlos Leão saia de Ilhéus, no Sul do estado, para retornar para sua casa, na Ilha da Misericórdia, no município de Itaparica, no Recôncavo. Esta semana, no entanto, ele precisou antecipar a volta à cidade para rever a esposa, a administradora Taís Medeiros Ramos Sales, 32 anos, e seu filho, Lucas Medeiros Leão, 2, da pior maneira possível: sem vida.

Vítimas do naufrágio da embarcação Cavalo Marinho I, mãe e filho foram enterrados da tarde desta sexta (25), no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Assim como outras vítimas do acidente, Taís e Lucas estavam vindo realizar consultas médicas em Salvador.

Na hora da despedida, Carlos não quis deixar o filho ir embora. Transtornado, ele não saia do lado do caixão do pequeno Lucas. “Eu trouxe ele, o pai, correndo, assim que nós soubemos do acidente”, comentou um amigo do encarregado, que não quis se identificar.

O velório ocorreu por volta das 14h e levou dezenas de amigos, vizinhos e familiares para prestar as últimas homenagens às vítimas. Ao som da canção “Em Sua Presença Senhor”, da cantora gospel Fernanda Brum, as pessoas se emocionaram ao lembrar da administradora e do filho dela. A professora Eunice Neves, 51, foi uma delas. “Eu vi Taís correndo, pequena, na Ilha. Acompanhei ela entrar no 2º grau, a vi casar e ficar com um barrigão, quando estava grávida. Hoje é um dia muito difícil pra mim”, lamentou.

Taís era conhecida pela maioria da população da Ilha da Misericórdia, onde morava com o filho e o marido. Apesar ter nascido na capital, ela foi morar em Itaparica aos 7 anos. Segundo familiares, a administradora costumava viajar para Salvador a fim de levar o pequeno Lucas para passear. “Ela sempre levava ele no shopping”, disse o tio das vítimas, Edileudo Nobre.

O estudante Antonio Marques, 20, também era vizinho da família. “Ela era simpática e quando passava na porta lá de casa fazia questão de falar comigo”, contou. “O Lucas era uma criança muito esperta. Apesar da pouca idade, falava tudo”, completou.

Responsável e determinada
Na época da faculdade, Taís chegou a fazer a travessia  entre Mar Grande e o terminal marítimo do Comércio todos os dias. “Ela era muito determinada e tinha muitos sonhos para a carreira profissional. Taís vivia se atualizando sobre as coisas”, disse o tio Hugo Ramos. A vítima, que trabalhava como chefe do setor de recursos humanos do Sesc de Itaparica tinha acabado de ser promovida.

Evangélica, Taís também frequentava a Igreja Batista da região. “Ela era muito caseira e vivia para a família. A vida era estudar, ir pra igreja e cuidar do filho, o Lucas, que é um anjo”, completou o tio.

Revolta e comoção
Para algumas pessoas presentes no enterro, o acidente já era uma tragédia já anunciada. O tio de Taís, Edileudo, disse que os moradores da ilha sofrem com a insegurança dos transportes. “Na época de baixa estação, nós sofremos, com medo. É comum que a gente se sinta inseguro porque tem transporte de qualidade para a população da Ilha”, comentou.

Revoltado, Hugo também criticou os responsáveis pela travessia e pediu justiça, para que as coisas não se repitam e não haja impunidade. “Nesse momento, a Bahia chora porque perdeu muitos de seus filhos por causa de uma irresponsabilidade”, protestou.

Investigação
Vinte pessoas que estavam na lancha Cavalo Marinho I, que adernou (inclinou-se de um lado e submergiu) na manhã desta quinta-feira (24), após deixar o terminal de Mar Grande, em direção à Salvador, foram ouvidas nesta sexta, por equipes da 24ª Delegacia Territorial (DT/Vera Cruz).

De acordo com a assessoria da Secretaria da Segurança Pública (SSP), entre os que prestaram depoimentos, concedidos na sede da Polícia Civil, na Piedade, e na Delegacia de Vera Cruz, estão passageiros e alguns tripulantes, entre eles, o comandante da embarcação.

De acordo com o titular da 24ª DT, delegado Ricardo Amorim, os proprietários da empresa responsável pela embarcação também foram intimados e devem prestar esclarecimentos na próxima semana.

“Por enquanto, os depoimentos estão bastante semelhantes, apresentando poucas divergências entre as versões”, afirmou, lembrando, porém, que ainda é muito cedo para determinar o que teria causado o acidente.

Ainda segundo o delegado, apurações iniciais dão conta de que não havia superlotação na embarcação. Amorim também expediu guias de lesão corporal para todos que se apresentaram como vítimas da tragédia. Correio*

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