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Cinco pessoas são beneficiadas com órgãos de jovem morto na Graça

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Cinco pessoas são beneficiadas com órgãos de jovem morto na Graça

Por: Sites da Web

Kaíque morava em Lauro de Freitas, com os pais (Foto: Arquivo pessoal)

 

Cinco pacientes que sofriam na fila à espera de um órgão foram beneficiados com a doação dos órgãos do estudante Kaíque Moreira Abreu, 22 anos. O jovem morreu depois de ser agredido quando voltava do Carnaval, no bairro da Graça, na sexta-feira (9). Ele foi socorrido com vida, mas teve morte cerebral cinco dias depois. Informações do Correio*

Segundo a coordenadora da Central de Transplantes da Bahia, Rita de Cássia Pedrosa, foram transplantados os dois rins, o fígado e as duas córneas do estudante. Os transplantes aconteceram na sexta (16), uma semana depois do jovem ser agredido, e beneficiou cinco pessoas.

"Eram pacientes que estavam aguardando na fila por rins, fígado e córneas. Não podemos aceitar a doação do coração porque a vítima teve uma parada cardíaca, nem os pulmões porque ele ficou muito tempo no hospital, cerca de uma semana. Os outros cinco órgãos foram transplantados hoje e todos os pacientes passam bem. Ele (Kaíque) ajudou a salvar cinco vidas", afirmou.

Pedrosa esteve no sepultamento do corpo de Kaíque, nesta sexta, no cemitério Bosque da Paz. Ela levou rosas para o estudante e também para a mãe, o pai e o irmão dele. A ação foi um agradecimento em nome dos cinco pacientes que foram beneficiados com os órgãos do jovem. "Eles agradeceram pela solidariedade", contou a médica.

Por uma questão ética, os nomes das pessoas beneficiadas e dos hospitais onde os procedimentos aconteceram não podem ser divulgados, mas todos os órgãos foram transplantados na Bahia e para pacientes baianos. A família de Kaíque decidiu fazer a doação depois que lembrou que o estudante comentou com a mãe dele, no ano passado, que quando morresse gostaria que seus órgãos fossem doados.

Bahia diz ‘não’
Apesar de nobre, a doação de órgãos não é comum na Bahia. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), apenas 30% dos familiares autorizam o procedimento, o que coloca os baianos entre os três estados com o maior índice de negativa familiar para a doação de órgãos no país. Os especialistas acreditam que isso se deve a uma questão cultural que está atrelada à falta de informação.

Em média, os pacientes levam dois anos aguardando por um órgão, mas essa espera é maior em muitos casos porque nem sempre o doador é compatível. A Bahia está credenciada para fazer tranplantes de rins, fígado, córneas, coração, pulmão e medula óssea. Atualmente, além de Salvador, os municípios de Feira de Santana, no Centro-Norte, e de Itabuna, no Extremo-Sul, também realizam esses procedimentos.

Contra o tempo
Depois da morte, o coração e o pulmão precisam ser transplantados em até 4h. O fígado resiste por 6h. Já o rim pode ser aproveitado de 24h a 36h. A córnea é o mais resistente, podendo ser transplantado em até 12 dias após o falecimento. Nos casos de morte cerebral é preciso aguardar 6h após a constatação para que seja iniciado o procedimento de doação. Para que o transplante seja realizado são feitos, pelo menos, três exames: dois clínicos e um de imagem, para verificar a qualidade do órgão.

Na capital, as unidades que realizam esses procedimentos são: Hospitalar Professor Edgard Santos (Hospital das Clínicas), no Canela; Hospital Ana Neri, no Pau Miúdo; Hospital Santa Izabel, em Nazaré; Hospital Português, na Barra; e Hospital São Rafael, em São Marcos. O Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, foi o último a ser credenciado para fazer os transplantes, mas ainda não começou os atendimentos.

A doação de órgãos e tecidos é gratuita. Quem tiver dúvidas sobre o procedimento pode entrar em contato com a Central de Informações pelo número: 0800 284 0444. É importante também conversar com os familiares e deixar claro o desejo de ser doador. Segundo os médicos, cada doador pode salvar, pelo menos, sete vidas.

O crime
Às 23h30 da sexta-feira de Carnaval, Kaíque saiu da casa de um amigo, na Rua Manoel Barreto, no bairro da Graça, na companhia de um primo e mais três amigos para o circuito Dodô (Barra/ Ondina). Durante a folia, ele se perdeu do grupo e decidiu voltar para casa, sozinho. Às 3h, o estudante estava a menos de 500 metros do imóvel quando foi surpreendido com um soco no rosto. Ele caiu e ainda levou um chute do agressor. Toda a ação foi registrada por uma câmera de segurança.

Nas imagens, é possível ver quando um homem se aproxima de Kaíque e acerta o estudante. Em seguida, o agressor chuta a vítima e foge com outras quatro pessoas em um caminhão. O homem foi identificado como sendo o pintor Edson Rodrigues dos Santos, 27, que confessou o crime. Ele disse que estava com raiva porque foi agredido no Carnaval e precisava descontar em alguém.

Edson contou que agrediu o jovem porque estava com raiva (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)
 

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