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Não sou racista. Minha mulher é negra, diz autor de injúria racial contra Tia Má

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Não sou racista. Minha mulher é negra, diz autor de injúria racial contra Tia Má

Por: Pesquisa Web

O vendedor José Raimundo, 23, se apresentou acompanhado de advogado (Foto: Milena Teixeira/CORREIO)

“Eu não sou racista. Minha mulher é negra”. A afirmação é do vendedor José Raimundo Pitta Júnior, 23 anos, que admitiu ter ameaçado de morte e ter cometido crime de injúria racial contra a jornalista Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má. Após ser identificado pela polícia, ele foi até a 1ª Delegacia (Barris), em Salvador, acompanhado do advogado e da mãe, na tarde de quarta-feira (14).

O jovem assumiu que atacou a jornalista e chegou a dizer que cometeu os crimes por causa da morte da ex-mulher, ocorrida há sete meses. De acordo com José Raimundo, ela morreu de hemorragia durante o parto e, por causa disso, ele estaria passando por problemas psicológicos.

Em sua defesa, José afirmou ainda que as ameaças foram “da boca pra fora” e que jamais teria coragem de fazer alguma contra Maíra. Ele falou que já a seguia nas redes sociais e, além disso, a acompanhava na televisão. “Eu estou arrependido e queria muito pedir desculpas a ela, pessoalmente. Somos todos iguais. Eu sou negro e minha mulher também”, afirmou.

Na delegacia, ele fez uma tentativa de retratação. Assista:
"Eu quero pedir a ela desculpas porque eu tenho problemas psicológicos. Quero que ela venha até aqui [delegacia] para eu pedir desculpas. Não sou racista. Minha mulher é negra. Estou arrependido. O que causou isso foi a perda da minha mulher. Eu sentia raiva, não sei o que deu em mim", declarou. Morador do Cabula VI, o jovem divide a casa com a mãe. Ele tem uma filha de sete meses, que sobreviveu às complicações no parto. 
José diz ainda que trabalha como vendedor de bolsas de palha e que passa por problemas financeiros.

O advogado do rapaz, Paulo Cézar Júnior, confirmou as afirmações do cliente. Ele disse ainda que após a morte da mulher, José teria mudado de comportamento. As ameaças, segundo Paulo Cézar, eram feitas em momentos de raiva e descontrole emocional. “Ele não é uma pessoa que consegue manter uma linha de raciocínio até o final. José está passando por problemas psicológicos e financeiros, principalmente porque está sem a filha”, comentou o advogado.

A delegada responsável pelo caso, Maria Dail Sá, disse que já solicitou que um exame psiquiátrico para comprovar que o jovem não pode responder por seus atos. Apesar dos exames, o acusado vai responder pelas ameaças e pelo crime de injúria racial.

Internet tem dono
De acordo com Maria Dail, a situação deve servir de exemplo para outras pessoas que cometem crime pela internet. Ela diz que a polícia chegou ao jovem pela conta do Instagram, que disponibiliza o endereço dos usuários. O telefone de José Raimundo foi levado para que a perícia analise as mensagens que ele passava. O laudo deve ficar pronto em dez dias.

Desculpas pra quem?
Em conversa com o CORREIO, Maíra Azevedo disse que não queria “receber desculpas”.

 

"As pessoas costumam banalizar os crimes de racismo com pedidos de desculpas, problemas psicológicos… Quando alguém comete um homicídio, é com desculpas que a pessoa é penalizada?", questionou, ao contar que permanece em alerta com o caso. Sobre a frase “não sou racista, minha mulher é negra”, dita por José Raimundo, Tia Má contou os transtornos que as mensagens dele causou a ela e sua família.

“Conviver com pessoas negras não tira você dessa prática perversa. Ele me ameaçou, me tirou do controle. Eu tive danos, porque minha mãe, que é hipertensa, ficou com a pressão instável, e meu filho também ficou assustado, porque a gente não sabia de onde estavam vindo as ameaças”, relatou. A jornalista confirmou que vai dar continuidade ao processo. Ela diz que não vai "se calar" e que já acionou os advogados. Fonte: Correio*
 

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