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Parentes de estudante baleado em escola afirmam que tiros vieram da PM

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Parentes de estudante baleado em escola afirmam que tiros vieram da PM

Por: Pesquisa Web

Família ainda diz que aluno foi ameaçado de morte por policiais. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)

 

Familiares do estudante de 12 anos baleado na noite desta terça-feira (11) na quadra de esporte utilizada por alunos da Escola Municipal Dr. João Pedro dos Santos e do Colégio Estadual de mesmo nome, localizada na Avenida Bonocô, atribuem o ato à policiais militares.

Segundo a versão dos parentes do adolescente, policiais do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) acessaram o interior da escola onde estudantes estavam praticando aulas de capoeira e atiraram a esmo em direção aos jovens, atingindo a vítima com dois disparos nas nádegas.

Ao perceber o adolescente ferido, os PMs teriam induzido a vítima a relatar que os disparos foram feitos por membros de uma facção criminosa sob ameaça de tirá-lo a vida. A família denuncia ainda que os policiais, mesmo com o adolescente ferido, deram tapas e pontapés antes de colocá-lo no fundo da viatura e encaminhá-lo para o Hospital Geral do Estado (HGE).

Já na unidade de saúde, um dos PMs entrou na sala de atendimento para reforçar, mais uma vez, que o menino precisava afirmar que os tiros haviam sido disparados por criminosos pertencentes a uma facção criminosa. Uma das tias que acompanhava o adolescente disse que o PM ameaçou o sobrinho de morte. Um dos disparos atingiu a janela de um sobrado que fica no fundo da instituição de ensino. A janela dá acesso a um quarto onde dorme uma moradora idosa - ela não ficou ferida.

No final da manhã desta quarta (12), familiares e amigos do estudante fizeram uma manifestação em frente ao colégio. Com faixas e cartazes, os manifestantes pediram por justiça e cobraram seriedade nas investigações. A pista da Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô) foi interditada no sentido Centro, por volta das 11h30.

Policiais militares e agentes da Transalvador negociaram com os manifestantes a liberação da via, o que aconteceu de forma gradativa. Todas as faixas ficaram completamente livres às 12h50, mas o congestionamento levou mais alguns minutos para se dissipar. Um novo protesto será realizado no final da tarde.

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) foi procurada e reiterou a versão de que o ato teria sido realizado por traficantes do local. Afirmaram, ainda, que a ação será investigada pela 6ª Delegacia (Brotas). "Vamos esperar a investigação". Em nota, a Secretaria Estadual de Comunicação (SEC) negou que a quadra em que o aluno foi baleado é de uso com entre as duas escolas - sendo exclusiva da rede municipal.

Medo e truculência
Os moradores da localidade e vizinhos da vítima disseram estar assustados com possíveis retaliações, já que eles descrevem os policiais que fazem rondas na área como sendo agressivos e arbitrários. Uma outra tia do adolescente que trabalha como cozinheira disse que já teve sua casa invadida e que foi tachada de traficante. Ela chegou a ser levada à uma unidade de polícia onde afirmaram que foi encontrado uma quantidade em drogas. No entanto, ela diz desconhecer a procedência dos entorpecentes.

A familiar chegou a formalizar uma denúncia na Corregedoria de Polícia. "Criam provas contra a gente. Já cansei de ver pessoas de bem apanharem sem dever nada. Não é porque moramos na favela que temos ser tratados assim", desabafa uma jovem. Os moradores prometem realizar um protesto em frente à unidade de ensino ainda hoje. De acordo com a família, o quadro de saúde do adolescente é estável. Sobre as denúncias de moradores, a SSP informou que a orientação é procurar a Corregedoria da corporação.

O caso
Segundo o boletim de ocorrência registrado no Posto da Polícia Civil do HGE, o disparo teria sido efetuado por integrantes de uma facção criminosa. A informação, segundo o documento, foi obtida pelos policiais militares, que no trajeto entre a escola e o hospital, perguntaram ao adolescente se ele viu quem havia atirado.

Em depoimento à polícia, ele disse ter sido alvejado por "alemães do BDM" do bairro de Campinas de Brotas. O termo 'alemão' é utilizado no mundo do crime para se referir a adversários ou possíveis ameaças à criminalidade. Já a sigla BDM refere-se à facção criminosa Bonde de Maluco - que surgiu em 2015 no pavilhão V do Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura.  A vítima mora próximo das escolas, em Cosme de Farias, bairro disputado pelas facções Bonde do Maluco e Comando da Paz.

De acordo com uma das tias do estudante, o adolescente é aluno da Escola Municipal João Pedro dos Santos, onde frequenta as aulas do 4º ano do Ensino Fundamental no turno matutino. Nesta terça, a vítima foi para a escola à noite realizar aulas de capoeira. Segundo a família, o estudante não tem envolvimento com o tráfico de drogas e foi atingido dentro da quadra da escola.

A SSP-BA informou, em nota, que por volta de 20h de ontem uma equipe da 58ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Cosme de Farias) foi até os colégios estadual e municipal João Pedro verificar uma denúncia de disparo de arma de fogo.

"No local, um adolescente de 12 anos foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE) com ferimento na região das nádegas. O caso está sendo apurado pela 6ª Delegacia (Brotas), com motivação preliminar de relação com tráfico de drogas. Funcionários das escolas não souberam informar se o caso foi dentro ou fora da unidade de ensino. Informações sobre a ocorrência podem ser enviadas, de forma sigilosa, através dos telefones 190 e 3235-0000 (Disque Denúncia)", disse a SSP-BA. Informações do Jornal Correio*

Confira nota completa da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (Sec):
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia esclarece que o fato ocorrido na noite desta terça-feira (11), na Avenida Bonocô, envolvendo um estudante de 12 anos da rede municipal de ensino de Salvador, não aconteceu dentro de uma unidade escolar da rede estadual. O fato foi na quadra de esporte da escola municipal, que fica ao lado do Colégio Estadual Doutor João Pedro dos Santos. A quadra não é área comum, é de uso restrito dos estudantes da escola municipal.

 

 

 

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