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Grupo que acusa PM de balear aluno relata: ronda não tem, mas tiro sobra

Salvador

Grupo que acusa PM de balear aluno relata: ronda não tem, mas tiro sobra

Por: Pesquisa Web

Ao menos 50 pessoas participaram do protesto. Foto: Tailane Muniz/CORREIO

Pelo menos 50 pessoas participaram de um protesto, na noite de quarta-feira (12), em frente ao Colégio Estadual e Municipal João Pedro dos Santos, na Avenida Bonocô, onde um estudante de 12 anos levou três tiros na noite anterior. Os manifestantes chegaram a fechar a via, uma das mais movimentadas de Salvador, por cerca de 20 minutos, mas, após intervenção da Polícia Militar, passaram a ocupar apenas duas das cinco faixas.

Segundo familiares, amigos e pais de alunos, a criança foi baleada durante uma ação da Polícia Militar na área próxima à escola. "Na minha época, existia a ronda escolar. Hoje não tem mais, mas tiro sobra", comentou a dona de casa Girlene Queiroz, 24 anos, mãe de dois adolescentes que estudam na mesma escola.

O menino foi atingido enquanto participava de uma aula de capoeira e, segundo familiares e colegas, os próprios policiais militares envolvidos na ação socorreram a vítima e chegaram a ameaçá-la, caso não informasse que os tiros partiram de membros de uma facção criminosa. A vítima segue internada no Hospital Geral do Estado (HGE) em situação estável. Na noite desta quarta, a cozinheira Nívea Pereira da Silva, 47 anos, tia da vítima, disse que o sobrinho está em estado de choque.

Ainda segundo ela, o sobrinho estuda na João Pedro dos Santos desde muito pequeno. Criado por Níve a e outras três tias, o jovem perdeu os pais há alguns anos e mora com a família na região da Bonocô. "Nós só queremos justiça para que esse caso não ficar impune. Meu sobrinho é uma criança, não é bandido, foi baleado dentro da escola. É absurdo e estamos cobrando respostas", disse, indignada. A tia da vítima afirmou ainda que a família vai procurar a Corregedoria da Polícia Militar para registrar o caso. "Se é um direito nosso, vamos correr atrás disso", comentou Nívea.

Frequente
A dona de casa Girlene Queiroz afirmou que a situação tem se tornado cada vez mais comum. "Nós estamos aqui porque é algo frequente, eles chegam, atiram e matam. Foi Deus", afirmou ela, que já foi estudante tanto da escola municipal quando do colégio estadual - que funcionam de maneira parcialmente integrada. Girlene, que conhece o menino baleado, disse que o jovem é tranquilo e respeitador. "Se fosse um menino baderneiro... Mas não, não era", garantiu.

As aulas da escola municipal foram suspensas nesta quarta-feira, segundo estudantes. Já a unidade estadual manteve o funcionamento, pois, de acordo com alunos, estão em semana de prova. Duarte o movimento, estudantes alternavam entre gritos "polícia é pra ladrão, pra estudante, não" e "queremos justiça".

'Me joguei no chão'
Uma estudante do colégio estadual, que preferiu não se identificar, contou que estava em prova na hora do ocorrido. "Eu só lembro de ouvir muitos, muitos tiros. A ação que tive foi me jogar no chão. Os professores ficaram apavorados e liberaram todo mundo das provas", lembrou.

A estudante Nilma Fernandes, 25, também relatou desespero. "Não tinha como ter havido troca de tiros. Da sala, olhamos pela janela e não tinha ninguém na quadra para trocar tiros com a polícia. Só tinha o menino baleado e ele caiu lá porque, coitado, correu na tentativa de pular o muro", relatou a jovem. Segundo ela, os militares não costumam fazer rondas na escola e, no momento, estavam em três. "Eu vi bem que eram três e eles estavam fortemente armados, com as armas apontadas. Ficamos apavorados", mencionou a estudante.

Outros alunos relataram que tanto a iluminação da escola estadual, quanto da municipal, é "precária". Outro estudante, que optou por não se identificar, afirmou que não houve troca de tiros. "[Os policiais] já mataram gente aqui dentro. Não temos seguranças patrimoniais, apenas porteiros", concluiu.

Outro lado
Procurada para falar sobre as acusações contra a PM, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) reiterou, mais cedo, a versão de que o ato teria sido realizado por traficantes do local - versão esta relatada por policiais militares que levaram o jovem ao HGE e fizeram o registro da ação no Posto da Polícia Civil que fica na unidade médica. A SSP afirmou ainda que a ação será investigada pela 6ª Delegacia (Brotas). Fonte: Correio*

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