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“Uma viagem ao Canoão, sertão de Ibititá na região de Irecê”

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“Uma viagem ao Canoão, sertão de Ibititá na região de Irecê”

Por: Camaçari Notícias

Texto publicado originalmente em 4 de maio de 2010 por Julio Ribeiro.

O tempo passa e nas cidades grandes a tecnologia muda a vida das pessoas, no entanto o sertanejo que resiste a seca e a todas as dificuldades continua firme com suas tradições em sua terra.

Sertanejo no interior da Bahia com sua cartucheira nas costas. Foto: Julio Ribeiro


Fazer uma viajem ao interior da Bahia, conhecer a terra natal de muitos de nossos antepassados é um turismo as nossas origens é um “bate-volta” ao “DNA” do homem que construiu o Brasil.

Os retirantes nordestinos povoaram o país, construíram São Paulo, levantaram Brasília e ocuparam o Mato Grosso do Sul na divisa do Paraguay, mas os que ficaram continuam sertanejos.

Fiz uma viagem e fui conhecer o sertão de Ibititá, lá no interior da Bahia, na localidade do Canoão, a uns 600 km de Camaçari.

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Lá o Sr. Joaquim Dantas, de 95 anos,  que não tira seu paletó e nem o seu chapéu para nada, teve a paciência de nos explicar, debaixo de um pé de umbu, a origem do distrito que já tem segundo ele, mais de 120 anos.

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Segundo ele, que por vezes é consultado por universitários, sobre a guerra dos “Revoltosos”, o nome Canoão surgiu porque os primeiros moradores a superarem a serra que envolve o local descobriram vários caldeirões (local que brota água na rocha).

Esses poços naturais, também chamados de canoa, foram a sustentação daquele povo por várias décadas, até a chegada da água encanada.

Água que brota da rocha no pé da serra manteve a comunidade por mais de 100 anos


Há trinta anos os moradores ainda se abasteciam buscando latas de água nesses lugares. “Dia de festa as mulheres (responsáveis por esse trabalho) buscavam a água cedo, para de tarde estarem descansadas” conta o sertanejo.

Daquele lugarejo, com aproximadamente mil habitantes, existem vários filhos em Camaçari, Salvador e principalmente Brasília, que foram em busca de estudo, trabalho e uma vida melhor, o que para os que ficaram é impossível, pois para eles a vida do sertão é a melhor possível e só vão embora como diz a poesia no “ultimo pau de arara”.

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No final do ano a chuva foi boa no local e a caatinga ficou verde. Maxixe, umbu, manga, palma, mandioca e feijão, galinha e bode teve por todos os lugares, pois como diz o ditado “se chover da de tudo”.

Como mensagem final deste texto, deixo o exemplo da força e da alegria do povo sertanejo, que não desiste diante das dificuldades e mantêm graças a Deus, as nossas tradições e as nossas origens. E como eles mesmo dizem “Moço o sertão é bom demais”. Se puder no próximo feriadão vá visitá-lo.

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Em tempo: Seo Joaquim faleceu alguns anos depois.
 

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