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Veio uma onda e virou, diz sobrevivente de acidente de lancha com mortes

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Veio uma onda e virou, diz sobrevivente de acidente de lancha com mortes

Por: G1

Acidente matou mais de 20 pessoas em Mar Grande (Foto: Juliana Almirante/G1)

 

Um dos sobreviventes do acidente de lancha que matou mais de vinte pessoas, em Vera Cruz, Região Metropolitana de Salvador, na manhã desta quinta-feira (24), disse que a embarcação Cavalo Marinho I virou após uma onda. "Estava chovendo, começou a molhar. Veio uma onda e virou. Tinha muita gente", disse Edvaldo Santos de Almeida. Por meio de nota, a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), responsável pelo transporte marítimo, informou que a embarcação tinha capacidade total para 160 pessoas, levava 120 passageiros e 4 tripulantes. Um bebê morreu dentro de uma ambulância após ser resgatado.

Edvaldo chegou ao Terminal Náutico, em Salvador, em uma lancha com outros passageiros que foram resgatados. De acordo com Edvaldo, houve demora no atendimento das vítimas. Segundo Edvaldo, ele se salvou por estar na parte superior da embarcação. "Eu estava em cima na lancha, na parte da frente, graças a Deus. Mas quem estava embaixo, eu acho que não sobrou ninguém. Muito triste", disse. Eduardo Reis, filho de uma das sobreviventes, Meire Souza, disse que a mãe foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE).

"Ela conseguiu, mas muita gente não. Mas isso aí foi anunciado, né? Minha mãe trabalha aqui [Salvador], mora em Barra do Gil [Ilha de Itaparica], atravessa todo o dia. Ela mandou ontem para mim um vídeo via Whatsapp, a lancha perto de virar. Ela filmando e pedindo a Deus, orando", relatou.

Edvaldo Santos de Almeida é um dos sobreviventes (Foto: Juliana Almirante / G1)

Um homem que esperava o pai se desesperou, em frente ao terminal náutico de Salvador. “Meu pai está aí dentro! Foi 6h30 que aconteceu essa p... E até agora, vai dar 9h, e nada”, desabafou. Momentos depois, o pai do rapaz foi resgatado. "A partir de hoje eu vou agradecer bastante a Deus pela vida de meu pai, por preservar a vida de meu pai. Deus sabe o que faz em todas as coisas”, falou. O pai dele contou como se salvou da tragédia. "Mergulhei e subi, e fui atrás do bote, e consegui segurar”.

Uma mulher, identificada como Ana Paula, que fez a travessia pelo ferry-boat, contou que viria na lancha, mas que parentes que estavam com ela a aconselharam a não fazer a travessia. Após desembarcar pelo ferry, ela foi procurar pelos parentes, que vieram na lancha. “Tava jogando muito. Minha mãe mandou a gente voltar por causa das crianças, e a gente veio de ferry. A gente desistiu de vir na lancha e viemos de ferry, só que ela veio na lancha com meu cunhado. Eu ainda não tenho notícia nenhuma”, disse. Uma sobrevivente contou os momentos de terror que viveu, após a lancha virar.

A mãe de um dos passageiros, Ivanildes Nascimento, está aflita. "Estou preocupada. Meu filho estava nessa lancha e ainda não tenho informações dele. Na lista que saiu, o nome dele não está. Toda hora chega um e diz que tem feridos, mas a gente não sabe de nada", lamenta. Isadora Guedes foi até o terminal Náutico, em Salvador, em busca da mãe, Ivonete. "Ela estava nessa lancha, até agora não tive notícias. Já tentei ligar pra ela na esperança de encontrar, mas o celular tá desligado", disse.

Um outro familiar de passageiro, José Ricardo da Silva, está à procura do irmão. "O nome dele não está na lista do lado de cá [Salvador], e minha cunhada disse que não está do lado de lá [Mar Grande] também", lamenta. Até por volta das 14h, ainda não havia notícias sobre outras 22 pessoas que estavam na lancha.

Buscas e resgates
Segundo a Marinha, que embarcações particulares também fizeram resgates e, por isso, ainda não é possível afirmar precisamente o número de pessoas retiradas do mar. Segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), 89 pessoas foram resgatadas com vida até o momento. Dentre os sobreviventes resgatados, 70 estão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Mar Grande; 15 estão no Hospital Municipal de Itaparica; dois estão no Hospital do Subúrbio e dois no Hospital Geral do Estado (HGE), ambos em Salvador.

Eduardo Pessoa, diretor da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), afirmou que o barco é vistoriado pela Marinha e está com a documentação em dia. “Estamos acompanhando, o governo do estado reforçou a questão de saúde, estão todos os hospitais operando, ferry boat está com embarcação só para trazer todas as ambulâncias e todos os carros que forem necessários para atender esse acidente. Agora, no momento, é solidarizar com as famílias e procurar minimizar o máximo possível o acidente”, afirmou.

Segundo informações da assessoria da Prefeitura Municipal de Vera Cruz, o acidente ocorreu a cerca de 200 metros do terminal marítimo do município, que fica na praia de Mar Grande. A embarcação seguia para Salvador e virou por volta das 6h30. De acordo com a Capitania dos Portos, três equipes em três navios foram encaminhadas para o local do acidente.

Segundo a Polícia Militar, uma equipe do Grupamento Aéreo (Graer) está no local colaborando com os trabalhos de busca. A corporação diz que transportou um dos sobreviventes para o Hospital do Subúrbio, em Salvador. Além disso, a 55ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) também prestou socorro a algumas vítimas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Mar Grande, como também para o Hospital Geral de Itaparica. O Corpo de Bombeiros da Bahia também enviou equipes para a localidade.

Por meio de nota, o governador Rui Costa decretou três dias de luto oficial, contados a partir de hoje, por conta da tragédia. "Manifesto minha solidariedade aos familiares das vítimas. Todas as forças do Governo do Estado estão mobilizadas para dar assistência e prestar socorro às vítimas. Estou acompanhando pessoalmente esta difícil operação desde cedo e todas as providências foram tomadas imediatamente".

Também por meio de nota, a Presidência da República lamentou a perda trágica de dezenas de vidas. "As providências para apurar as causas dos acidentes e punir os responsáveis estão sendo tomadas, em todas as três esferas de governo", disse.

A prefeita de Itaparica, Marlylda Barbuda, também lamentou a tragédia. Confira na íntegra:
Amados itaparicanos, nunca imaginei em minha trajetória nem ouvir, muito menos ver de perto uma tragédia como essa... Meu Deus, não queria que a nossa Ilha pudesse presenciar um dia de tamanha tristeza. Desde cedo aqui em Mar Grande, acompanhei de perto toda a situação. Muito desespero...Perdemos pessoas queridas que inclusive faziam parte do nosso quadro de estagiários, neto e filha de funcionário, tia de funcionária... espero que as pessoas que não foram localizadas ainda, possam aparecer com vida! Me solidarizo com as famílias que perderam seus entes queridos em tempo informo que já disponibilizei toda a estrutura da administração municipal para prestar os serviços necessários.

 

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