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Advogada diz ter provas de que mãe matou o próprio filho por ele ser gay

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Advogada diz ter provas de que mãe matou o próprio filho por ele ser gay

Por: G1

Imagem postada em rede social mostra Itaberli ao lado da mãe.

Uma advogada membro da Comissão da Diversidade Sexual OAB – SP afirma que tem provas que o adolescente Itaberli Lozano foi assassinado porque era homossexual assumido. Carolina Aram diz que vizinhos e amigos a procuraram e disseram que o jovem era agredido há anos em Cravinhos (SP) por causa de sua identidade sexual.

Itaberli foi morto em dezembro de 2016 ao voltar para casa e ser emboscado na residência. A mãe do jovem, Tatiana Lozano Pereira, confessou à polícia em um primeiro depoimento que matou o próprio filho a facadas. Em seguida, com a ajuda do padrasto do rapaz, ambos levaram o corpo de Itaberli até um canavial e atearam fogo ao mesmo. A mãe, o padrasto e dois jovens que participaram da emboscada foram presos.

Aram faz parte da ONG Asgattas, instituição que representa o movimento LGBT, e afirma que ficou sabendo do caso depois de denúncias por e-mail, telefone e internet terem sido enviadas à organização dias após o corpo de Itaberli ter sido descoberto pela polícia em um canavial próximo da cidade de Cravinhos (SP) onde o adolescente vivia.

“Fomos direto a Cravinhos e o delegado nos recebeu e nos posicionou tudo que estava acontecendo no inquérito policial, que ainda não foi encerrado. Logo em seguida nós nos dirigimos ao Fórum e fomos conversar com o promotor, que também nos posicionou como estava o caso, nos mostrou as provas e discutimos a situação como a gente via e o que poderíamos colaborar”, explica.

A advogada conta que o promotor que cuida do caso pediu para que ela reunisse o máximo de provas que conseguisse e apresentasse o material ao juiz. Aram explica que recebeu áudios e fotos de pessoas próximas a Itaberli, mas não revelará os responsáveis pelas denúncias por medida de segurança.

“O promotor conversou com a gente e disse que o conhecimento dele é de que foi motivado esse homicídio por homofobia. É um homicídio qualificado, hediondo e a motivação dele foi homofóbica”. Ela explica que o material que recebeu prova que Itaberli sofria perseguição e homofobia muito antes de ter sido assassinado e afirma que ele já teria sido agredido anteriormente por outras pessoas.

“O conteúdo dos áudios mostra que o Itaberli sofria agressão homofóbica já há alguns anos desde que assumiu sua identidade e começou a andar pela cidade assumindo sua identidade de gênero, assumindo sua homossexualidade e começou a ser agredido. Então, os vizinhos, os amigos, nos procuraram dizendo sim, que esse crime, esse homicídio horroroso, foi motivado pelo preconceito dele ser gay”, conclui.

Carolina Aram diz que se colocou à disposição das autoridades e continua mantendo contato com a família da vítima. Ela finaliza dizendo que pretende acompanhar o caso de perto e que os casos de homofobia precisam ser mais claros e uma lista deve ser criada para que ela possa pressionar o Legislativo para tipificar esse tipo de crime.

Menor
De acordo com a polícia, o crime contou ainda com a participação de uma jovem menor de idade. Ela teria sido a responsável por apresentar os dois jovens à mãe de Itaberli. Juntos, os três teriam agredido o adolescente pouco antes de Tatiana ter esfaqueado o próprio filho. Ainda segundo informações da polícia, a menor de idade foi vista entrando na casa de Tatiana junto com os outros dois rapazes pouco antes da emboscada ocorrer. A adolescente de 16 anos já prestou depoimento na delegacia e foi liberada.

O crime
O corpo de Itaberli Lozano foi encontrado carbonizado em um canavial às margens da Rodovia José Fregonezi, em Cravinhos, em 7 de janeiro. A família registrou um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento do adolescente dois dias depois. Na quarta-feira, a mãe e o padrasto foram presos, e confessaram o crime. Inicialmente, Tatiana disse que discutiu com o filho dentro de casa e o esfaqueou na madrugada de 29 de dezembro. Com a ajuda do marido, a gerente de supermercado queimou o corpo no canavial.

Em um segundo depoimento, a mãe voltou atrás e contou que havia aliciado dois jovens para darem um “corretivo” no filho, mas sem a intenção de matá-lo. Tatiana disse que ligou para Lozano, que estava na casa da avó paterna, alegando que queria se reconciliar. Um dos rapazes confessou ter espancado Lozano, enquanto o outro disse que apenas conversou com o jovem. Segundo a Polícia Civil, no entanto, uma testemunha afirmou que ambos espancaram e enforcaram a vítima. Em seguida, a mãe esfaqueou o próprio filho.

A dupla foi presa na sexta-feira e deve responder por homicídio qualificado e associação criminosa. Eles foram levados à cadeia de Santa Rosa de Viterbo (SP) e, segundo a Polícia Civil, ainda não têm advogado constituído. O delegado Helton Testi Renz disse que encerrará o inquérito nos próximos 30 dias, antes que termine o prazo da prisão temporária da mãe e do padrasto. O casal deve ser indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Tatiana foi transferida da cadeia de Cajuru (SP) para a Penitenciária de Tremembé (SP) na última sexta-feira. O padrasto do adolescente continua preso na cadeia de Santa Rosa de Viterbo. A defesa do casal deixou o caso e, até o momento, não há advogado constituído.

 

 

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