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<b>Camaçariense escreve sobre mãe solteira e assédio dos homens</b>

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Camaçariense escreve sobre mãe solteira e assédio dos homens

Por: Camaçari Notícias

No texto a escritora camaçariense relata o dia a dia de uma mãe solteira, as dificuldades para cuidar dos filhos, os assédios do homens pelo fato de ela ser uma mulher separada, que acham que por ela ser "largada" como dizem, podem tudo com ela sem respeitar a sua dignidade de mulher e mãe. Fala do novo amor e dos sonhos que vão ter que sair do papel.

COMO DEFINIR UMA MÃE SOLTEIRA

Por Fran Santos

 

Como agir? Como pensar? O que fazer quando o mundo parece se resumir só em você e seus filhos? Inúmeras perguntas, buscando respostas a se da, onde a cada dia uma nova experiência se renova e você consegue atender a todas elas.

Me  tornei uma mãe solteira logo após o nascimento do meu filho caçula que hoje está com um ano e três meses, e confesso que até hoje me pego perdida em algumas situações. No início foi tudo muito difícil, nossa, a falta que uma figura masculina faz na vida de uma criança é algo muito notável.

Eu me vi naquele momento como se tivesse num buraco onde em momento algum eu não conseguia enxergar o caminho de volta. Sozinha, com três crianças, sem trabalhar, como faria meu Deus? Como resolveria tanta coisa sem o auxílio de ninguém? Médicos, escola, tarefas, educação, cuidados, amor, atenção...

Parecia que em algum momento eu simplesmente iria parar e dizer: Desisto aqui!

Chegava à noite e todos queriam minha atenção, todos queriam estar comigo, todos queriam me fazer perguntas, queriam estar em meu colo... Os três buscavam o aconchego e a proteção de uma mãe, e eu, totalmente destruída devido aos acontecimentos, segurava todas as minhas lágrimas, todas as minhas dores, tudo o que eu sentia naquele momento, de uma forma tão inexplicável onde a única resposta que eu encontrava era: É Deus quem me fortalece a cada dia! Ele renovava as minhas forças em todos os momentos, e o amor por minhas crianças é tão grande e tão intenso que eu tentei a cada instante mostrar um sorriso no rosto, por mais que aqui dentro tivesse tudo em pequenos pedaços, mais pra eles eu tinha que mostrar que tudo estava bem como sempre esteve. Na verdade pensar que estaria tudo como sempre foi era impossível diante de tanta situação desagradável que meus pequenos infelizmente foram obrigados a passar.

E começou a luta, luta pela resistência. Acordar todos os dias e dar banho em três, café pra três, cuidar da casa, da comida, da escola, das doenças... Estar no hospital com dois meninos ao mesmo tempo com a ajuda de pessoas que nem tinha tanta aproximação mais que diante da situação se tornaram importantes na minha jornada, perder noites na beira da cama observando o sono de cada um, colocá-los na escola e recebê-los de volta no final do dia, sentar para fazer as tarefas de casa, escutar como foi o dia de cada um, responder a pergunta tipo: Mamãe você está triste? Mamãe meu pai vai chegar que horas? Era muita coisa ao mesmo tempo, perguntas que um dia lá na frente o tempo irá se encarregar de responder.

Me defino uma mãe correria, uma mulher menina, mas que independente de tudo Mãe! Sei que algumas mulheres passando pela metade de tudo que já passei nessa vida, provavelmente teria desistido no meio do caminho, e os homens, não duvidando da figura masculina, com certeza não teriam nem começado.

Ser mãe de três, dona de casa, assalariada como qualquer outra pessoa e ainda tentar realizar o sonho de se tornar uma grande escritora não é uma tarefa fácil  para qualquer pessoa não. Eu sei que existem outras mais fortes do que eu, mais diante de tudo o que enfrentei  e ainda enfrento, a exclusão social pelo simples fato de estar sozinha, ou pelo simples fato de ser “largada” ( como escutei muito), sem condições por não ter uma carro ou uma casa própria, ou muito dinheiro, influenciaram muito no meu querer dar a volta por cima. Um dia em meu quarto, sozinha sem meus filhos por perto eu parei e pensei: Eu não vou mais ser humilhada, eu não sou pior que ninguém, não mim defino por status e sim por minhas qualidades e meu caráter. Eu estou viva!

Viva pra viver, para amar, para ser feliz, para ser mãe, amiga. Tudo ali era novo, mudanças cansativas onde no final valeu a pena e vai valer.

Minha rotina é bastante desgastante porque acordo às 05h50, e colocar o almoço, os lanchinhos de cada um, me arrumar, acordá-los as 06h30 e levá-los a creche é doloroso. Não falo nem pelo meu cansaço, mas por ter que acordar meus bebês tão cedo, principalmente meu pequeno,  e isso parte meu coração. E lá vou eu pra minha rotina de trabalho, doze horas sentada na frente do computador monitorando e fiscalizando o que é de outras pessoas, e é muito gratificante apesar da mente estar cansada no cair da noite, eu gosto do que faço, e quando dá mais ou menos 19h40 eu chego ao condomínio e vou voando pegar minhas crianças na creche, acabada, destruída, mais quando os vejo, talvez por necessidade as minhas forças se renovam de uma forma tão inexplicável que nem eu sei como dizer, simplesmente começo o turno da noite: dar a janta, escutar o dia de cada um, as histórias e depois de alguns puxões de orelhas colocá-los na cama. Dai vou eu tentar descansar nas horas que me restam e ao amanhecer levanto feliz e com a esperança de que hoje será melhor que ontem.

Ser uma mãe de três e solteira é saber lidar com muitas situações. Os assédios de homens que por saber que você está sozinha acham que podem chegar e fazer o que querem, dizer o que pra eles é conveniente, e pelo de fato de você já ser mãe e ter sido casada não passa nem pela cabeça deles a possibilidade de que o respeito deve prevalecer com uma força maior. Não me refiro a um todo porque existem homens e homens, mas a maioria. Conseguem enxergar a mulher largada e ficam cegos a ponto de não perceber que antes de qualquer coisa, eu sou uma mulher linda, inteligente, que merece respeito, muito respeito como todas as outras e que em momento algum devem esquecer que sou mãe! Uma mãe que tenho em minha vida os meus filhos em primeiro lugar, que são pedaços de mim, a razão de tudo o que eu venha fazer, pra poder proporcionar a eles tudo o que eu não tive e tudo o que eu sonho em ter. Toda mulher merece ser valorizada, amada, respeitada, cuidada, porque só pra ressaltar,  vocês homens saem de dentro de nós!

E diante de tanta correria, uma rotina bastante conturbada, eu ainda consegui ganhar um novo presente, um novo amor, coisa que na cabeça de muita gente seria difícil, afinal qual homem se interessaria por uma mulher com três filhos? Assumir responsabilidades, principalmente nesse mundo em que vivemos hoje. E confesso que também pensava assim, minha auto-estima estava lá embaixo, tinha quase a certeza de que não encontraria alguém disposto a assumir tudo isso, abraçar o mundo de quatro pessoas que naquele momento precisava apenas de carinho e cuidados. Mas pra minha surpresa aconteceu e da forma mais inusitada que já vivi na vida. Ele me achou e eu o recebi como um presente de Deus. Eu o amei de um jeito especial desde a primeira vez que vi e não fazia idéia do quanto era especial e o quanto iria transformar a minha vida, não fazia idéia de que outra pessoa além dos meus filhos viesse me dar forças pra correr atrás dos meus sonhos e tamparia aquele buraco que estava em mim onde não deixaria brechas para mais nada entrar.


Ele me traz alegria, paz, segurança, me faz acordar todos os dias sorrindo com a certeza de que sou amada, com a certeza de que estou completa, com a certeza de que tenho um amor e tenho os meus filhos, e com a convicção de que aqui dentro cabem vocês quatro.

Diante desse pequeno resumo, desse pequeno detalhe da minha vida “Mãe de três não mais solteira” porque é assim que enxergo um pequeno detalhe diante das inúmeras maravilhas, das constantes alegrias, e da vontade e determinação de dar a volta por cima em relação a tudo, aqui estou, mãe muito protetora, namorada carinhosa e dedicada, amiga no que precisar, valente quando necessário, sonhadora e um ser humano que erra como todo mundo. Confiante de que um dia meus sonhos sairão do papel.
Menina, mais apesar de tudo mulher! Única, feliz e Mãe.

Fran Santos

[email protected]

27/02/2017

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