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J&aacute; faz muitos anos, mas d&aacute; gosto lembrar as alegres &ldquo;festas de S&atilde;o Jo&atilde;o&rdquo; de Cama&ccedil;ari, da fartura, da chegada do inverno (21 de junho), trezenas de Santo Ant&ocirc;nio, S&atilde;o Pedro. Festejadas de forma modesta, as atra&ccedil;&otilde;es eram n&oacute;s mesmos cantando, tocando e dan&ccedil;ando de casa em casa. Podia n&atilde;o parecer&nbsp; t&atilde;o divertido, mas era um tempo bom.

	A verdadeira tradi&ccedil;&atilde;o das festas juninas em Cama&ccedil;ari caracterizava-se por grupos da sociedade, que sa&iacute;am visitando amigos e parentes e, bem vindos, levavam alegria aos lares onde eram recebidos com fartas mesas de comidas e bebidas. A popula&ccedil;&atilde;o era pequena, mas se sentia feliz e&nbsp; primava por acolher a todos sem distin&ccedil;&atilde;o.&nbsp;

	Falar sobre as festas de S&atilde;o Jo&atilde;o realizadas em nossa hist&oacute;rica Cama&ccedil;ari &eacute; sempre prazeroso, opini&otilde;es contr&aacute;rias e&nbsp; favor&aacute;veis nos&nbsp; permite comparar os velhos tempos com o momento atual, e nos transporta a um novo tempo, o tempo desta&nbsp; era inusitada&nbsp; do &ldquo;Camaforr&oacute;&rdquo;&nbsp; que, com o passar dos anos, cresceu assustadoramente em&nbsp; termos de p&uacute;blico. ficando&nbsp; conhecida como a festa do&nbsp; esmaga sapo:&nbsp; muita gente, pouco espa&ccedil;o e que sufoco!!! &nbsp;

	Essa manifesta&ccedil;&atilde;o, hoje se encontra superada por grandes shows com artistas famosos e re&uacute;ne a comunidade em volta de palcos, camarotes e caramanch&atilde;o mantendo estilos antigos produzindo a conhecida mec&acirc;nica do forr&oacute;.

	Antecediam a tudo isto as festas realizadas nas escolas p&uacute;blicas e particulares, nos &oacute;rg&atilde;os&nbsp; p&uacute;blicos, empresas, enfim, onde podia se festejar, tinham como finalidade a ludicidade, mostrando a face que durante todo esses anos&nbsp; vem marcando a vida cultural de nossa gente.&nbsp;&nbsp;&nbsp;

	Aceito nos quatro cantos da cidade o Camaforr&oacute; cresce a cada ano. Com o passar do tempo vem figurando entre as maiores festas de S&atilde;o Jo&atilde;o da Bahia, elevando com isso o fluxo de frequentadores que para aqui se deslocam procedentes de cidades vizinhas, inclusive&nbsp; da capital; a&iacute;, o &ldquo;Camaforr&oacute;&rdquo; vira um inferno,&nbsp; passando de entretenimento&nbsp; para sacrif&iacute;cio e a disputa pelo metro quadrado (m&sup2;) &eacute; ato de bravura, n&atilde;o se consegue andar.&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;

	O Camaforr&oacute; foi criado em junho de 1989 pelo ent&atilde;o prefeito Tude em inesquec&iacute;vel estreia&nbsp; realizada na Pra&ccedil;a Abrantes com direito a sanfoneiros, muita m&uacute;sica de forr&oacute;, fogos, ornamenta&ccedil;&atilde;o t&iacute;pica do S&atilde;o Jo&atilde;o, muito licor, canjica e milho verde.Recorda&ccedil;&otilde;es at&eacute; hoje gravadas&nbsp; na mem&oacute;ria&nbsp; dos&nbsp; precursores.

	A partir do ano seguinte a festa tomou um novo rumo mudando de local passando a ser&nbsp; realizada na Av. Comercial com dois palcos, um em cima e outro embaixo, dezenas de atra&ccedil;&otilde;es e participa&ccedil;&atilde;o de artistas famosos como Dominguinhos, Genival Lacerda, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Z&eacute; Ramalho e muitas&nbsp; bandas&nbsp; de sucesso.

	O prefeito&nbsp; Ellery&nbsp; ao assumir a&nbsp; PMC em&nbsp; 1993&nbsp; desativou o&nbsp; Camaforr&oacute;,&nbsp; voltando&nbsp; a ser realizado pelo&nbsp; patrono&nbsp; Tude&nbsp; a partir de 1997,&nbsp; j&aacute; no &ldquo;Espa&ccedil;o 2000&rdquo; onde permanece at&eacute; hoje. Apesar das consequ&ecirc;ncias, cresce a cada ano o n&uacute;mero de frequentadores e os problemas continuam. Algum&nbsp; dispositivo h&aacute; de se encontrar, cobrar entradas beneficentes, como no&nbsp; caso do camarote, poder&aacute;&nbsp; ser a solu&ccedil;&atilde;o.

	No Camaforr&oacute; edi&ccedil;&atilde;o 2015, verificou-se novos contratempos motivados, n&atilde;o pela organiza&ccedil;&atilde;o ou&nbsp; por infraestrutura insuficiente, mas, pelo previsto excesso&nbsp; de demanda&nbsp; provocado pela superlota&ccedil;&atilde;o do &ldquo;Espa&ccedil;o&nbsp; 2000&rdquo;, onde as pessoas mal conseguiam se mexer&nbsp; dentro e fora dos&nbsp; limites da &aacute;rea da&nbsp; festa.

	Em resumo, as dificuldades n&atilde;o foram superadas e a mesma estrutura j&aacute; conhecida deixou muito a&nbsp; desejar. A quantidade de sanit&aacute;rios qu&iacute;micos n&atilde;o suportou o peso&nbsp; e filas enormes&nbsp; se formavam para se fazer&nbsp; &ldquo;xixi&rdquo;,&nbsp; a espera para as mulheres&nbsp; era em m&eacute;dia de quarenta minutos.

	O&nbsp; excesso de barracas&nbsp; complicou a vida dos&nbsp; foli&otilde;es, lama&nbsp; provocada por borra do recapeamento asf&aacute;ltico e &aacute;gua empo&ccedil;ada tingiram de preto os belos t&ecirc;nis e sapatos da turma,&nbsp; seguran&ccedil;a&nbsp; insuficiente, engarrafamento a partir da Entrada da Cascalheira e o &ldquo;empurra- empurra&rdquo; de sempre,&nbsp; para o acesso &agrave;&nbsp; folia. Tudo considerado natural pelos organizadores.

	Como se n&atilde;o bastasse, inventaram este ano&nbsp; um tal de &ldquo;Camarote solid&aacute;rio&rdquo;, cujo acesso se dava atrav&eacute;s do pagamento de cinquenta reais&nbsp; por casal, renda&nbsp; convertida em prol da APAE esp&eacute;cie de ingresso trocado por pulseira. Superlotado o camarote causou medo e receio de desabamento. &Eacute; cada ideia de tirar o chap&eacute;u! O projeto 1 Kg de alimentos&nbsp; perec&iacute;veis&nbsp; n&atilde;o funcionou.

	Por mais que a PMC busque a perfei&ccedil;&atilde;o, o &ldquo;Camaforr&oacute;&rdquo; est&aacute; ficando problem&aacute;tico,&nbsp; pr&oacute;ximo do colapso. Na v&eacute;spera de S&atilde;o Jo&atilde;o&nbsp; por volta das&nbsp; vinte e uma horas&nbsp; n&atilde;o se conseguia mais entrar e nem sair do espa&ccedil;o 2000. Barril puro...

	Diante das nuances amostradas vislumbra-se retornar aos velhos tempos, reunindo vizinhos e amigos resgatando o S&atilde;o Jo&atilde;o de outrora, festejado&nbsp; nas ruas&nbsp; ou mesmo&nbsp; na casa de&nbsp; amigos&nbsp; como se fazia antigamente. A&iacute; ent&atilde;o, ter&iacute;amos alternativas&nbsp;&nbsp; para sair da panela de press&atilde;o do&nbsp; &ldquo;Espa&ccedil;o 2000&rdquo;. Poder&iacute;amos cantar com&nbsp; alegria&nbsp; os versos dos sanfoneiros Luiz Gonzaga e Z&eacute; Dantas&nbsp; &ldquo;Ai que saudades que sinto, das noites de S&atilde;o Jo&atilde;o, das noites t&atilde;o brasileiras na&nbsp; fogueira, sob o luar do sert&atilde;o&rdquo;.

	&nbsp;

	Um grande abra&ccedil;o, esperando que no pr&oacute;ximo ano as festas de S&atilde;o Jo&atilde;o e o Camaforr&oacute; sejam&nbsp; repensados&nbsp; para alegria&nbsp;&nbsp; de todos&nbsp; e felicidade geral&nbsp;&nbsp; do povo de&nbsp; nossa terra.

	&nbsp;

	J.R. M&ocirc;naco

	jrsmonaco@hotmail.com

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