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CRÔNICAS DA CIDADE
84.2018 – ANO VI
J.R. Mônaco
Bacharel em Direito. Consultor político.
Testemunha ocularr da história.
“ A Câmara Municipal é o poder que deve
funcionar de portas e janelas abertas.
. O povo deve acompanhar o trabalho e
criticá-la livremente”.
Josaphat Marinho
CAMAÇARI
OS 70 ANOS DA CÂMARA MUNICIPAL
RECORDAR É VIVER
A Câmara Municipal de Camaçari completou neste mês de março 70 anos de existência, sete longas décadas que marcam páginas insofismáveis de sua história política (1948/2018), identificadas por fatos que transcendem a memória, base fundamental para associar história e política, principalmente quando voltadas para o progresso, liberdade, democracia e as habituais conveniências.
Embora os ventos na Câmara de Camaçari, no momento, não estejam soprando favoráveis a comemorações, não poderíamos deixar passar em branco o aniversário do nosso legislativo. Os fatos a serem aqui exaltados, se referem a episódios ocorridos durante o convívio político e seguramente servirão de subsídios para futuras gerações.
Sabemos que as Câmaras cometem seus erros, deslizes, decida contra ou a favor, o que não impede os vereadores de se destacarem, principalmente aqueles que no decorrer do mandato aparecerem como representantes do povo; outros passam despercebidos sem dizer “ pra que veio “ como o dito popular.
O DESEMPENHO
O desempenho da Câmara de Camaçari com o passar dos anos estagnou. Hoje não se faz mais vereadores como antigamente. Tempos bons, onde o edil tinha força, com o prefeito e prestígio com o povo. Muitas eram as ações em beneficio da comunidade, vereador do lado do governo, no bom sentido, mandava na administração, tudo por conta da exigida lealdade que não existe mais no seio da classe política.
O processo de instalação da Câmara Municipal de Camaçari mostra belos aspectos, até certo ponto folclóricos, bela página que o tempo não conseguiu apagar. Vamos à história:
O início dos trabalhos da Câmara em 1948 foram marcados por uma sessão solene de abertura presidida pelo Juiz da Junta Apuradora Eleitoral, posse dos vereadores eleitos, juramento, eleição da Mesa da Câmara, e após uma semana deu-se a posse do Prefeito eleito conforme ritual estabelecido pela justiça Eleitoral. Não havia diplomação.
FATOS PITORESCOS
Na primeira sessão não compareceram para tomar posse nem justificaram as ausências, os vereadores Waldemar da Silva Tavares (Monte Gordo) e Leopoldo Requião Coelho (Arembepe), instalando-se assim o ciclo de vereadores gazeteiros.
A professora Ilda Leal Ulm da Silva foi a primeira mulher a eleger-se e tomar posse como vereadora em Camaçari (1948). O seu mandato durou apenas cinco meses houve fraude na primeira eleição motivando eleições suplementares. Na recontagem de votos sobrou para Ilda Leal que perdeu o mandato, ficando como 1ª Suplente do seu partido a UDN.
A eleição dos membros da Mesa da Câmara daquela fase pra cá pouco se modificou, era similar à de hoje com pequenas diferenças, não havia a figura do vice-prefeito como também suplentes dos membros da Mesa. O vereador não recebia salário, ajuda de custo ou outro qualquer beneficio. O objetivo de cada um, segundo os historiadores era defender o povo. Hoje ainda é assim!!!
O INTERESSE POLÍITICO
Camaçari sempre despertou o interesse dos oportunistas e aventureiros. Foi durante muitos anos estação de veraneio dos políticos. A prova disso era a presença constante de autoridades nos fins de semana, a assiduidade do saudoso Governador Otavio Mangabeira servem até os dias de hoje como referencia.
Era constante a militância de representantes de partidos políticos como PTB, UDN, PRP E PR importantes no conceito político partidário contemporâneo
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O FUNCIOANAMENTO
As primeiras comissões permanentes diferiram em parte da composição atual e eram nominadas como: .Policia Interna, Finanças e Patrimônio, Agricultura e Comercio, Matadouro e Cemitério, Industria e Trabalho, Justiça e Prisões, Obras Públicas e Urbanismo . Cada comissão era composta por três nomes de vereadores.
Reuniu-se a Câmara pela primeira vez em sessão ordinária no dia 14 de abril de 1948 às quatorze horas no prédio onde por 44 anos funcionou o Legislativo Municipal, na parte dos fundos da antiga prefeitura. As instalações eram precárias não existia “PLENÁRIO” e os vereadores se reuniam em uma enorme mesa com cadeiras de jacarandá . Não se sabe o fim destes móveis...
PROVIDENCIAS BUROCRÁTICAS
Nesta data foi apresentada a primeira Indicação da história do legislativo de Camaçari, era criada a secretaria da Câmara acompanhada de indicações, nomeando Astrolábio Drumond como secretario e Zaide Leone como “Escriturária Auxiliar Interina, elaborava as atas das sessões. Ainda não havia modelos de projetos de leis e requerimentos.
Na primeira sessão o vereador Manoel Florêncio Tavares pediu licença por um ano. Informações dão conta que o vereador tendo passado uma semana como presidente do Conselho Municipal e prefeito provisório da Camaçari se assustou com tanta fofoca e resolveu cair fora.
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Na segunda sessão o Prefeito João Araujo enviou o seu primeiro oficio à Câmara, ainda manuscrito( não havia maquina de datilografia), solicitando autorização para criar o cargo de primeiro funcionário público municipal “ Padrão C”e autorização para abertura de crédito para pagar o respectivo funcionário..
A Câmara pela primeira vez era convocada extraordinariamente atendendo à solicitação do Juiz presidente da Junta apuradora das eleições suplementares realizadas em 20 de junho do mesmo ano acompanhado do resultado das eleições que modificaram a composição do legislativo de Camaçari.
FINAL DO PRIMEIRO ANO LEGISLATIVO
Cumpria a Câmara desta forma as suas atividades legislativas no seu primeiro ano de existência, sendo lido o ofício do Prefeito Joãozinho Araujo congratulando-se com os pares pelo brilhante desempenho. No período legislativo de 1948 tivemos 23 sessões ordinárias, três extraordinárias e doze sessões não realizadas por falta de quorum.
Ao findar-se o período legislativo a Câmara foi convocada extraordinariamente a fim de que fossem discutidos assuntos pendentes e do interesse do povo como atualmente se procede. A Mesa da Câmara apresentou indicação propondo o aumento do salário do prefeito e verba de representação como sempre aprovado à unanimidade.
O registro de alguns episódios políticos que marcaram a implantação da Câmara Municipal merecem destaque com homenagens extensivas aos vereadores e funcionários que durante todo este tempo tocaram o legislativo Municipal e se encontram registradas nos arquivos da Câmara..
Finalizando. “ Não há parlamento sem democracia e nem democracia sem parlamento”.
Saudações e um forte abraço!
J. R. Mônaco
[email protected]