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Outro dia me surpreendi em meio a uma indaga&ccedil;&atilde;o a qual considerei forte e intensa, quando uma conhecida me perguntou, &ldquo;como de fato podemos evitar que algu&eacute;m tire a pr&oacute;pria vida?&rdquo;. A pessoa em quest&atilde;o j&aacute; havia tentado suic&iacute;dio algumas vezes, e sabia bem para como algu&eacute;m em meio a tanto sofrimento, a morte &eacute; cogitada como &uacute;nica alternativa para &ldquo;p&ocirc;r fim&rdquo; ao sofrimento agudo que parece sem fim. Ela desabafava em tom cr&iacute;tico a respeito das (o que ela chamou de) &ldquo;fal&aacute;cias&rdquo; sobre o suic&iacute;dio.&nbsp; 

Sem deixar transparecer eu me senti tocada e profundamente pensativa sobre a estrutura&ccedil;&atilde;o do suic&iacute;dio e as efetivas estrat&eacute;gias de enfrentamento de uma dor de tamanha profundidade, subjetividade e quase sempre silenciosa. Pouco tempo depois me debrucei sobre o assunto, pesquisei e estudei artigos relacionados ao tema, a fim de obter mais informa&ccedil;&otilde;es e aprender o m&aacute;ximo poss&iacute;vel sobre algo que talvez, s&oacute; quem infelizmente vivenciou seria capaz de descrever. 

Dentre os conceitos a respeito do tema pude concluir que o suic&iacute;dio &eacute; um fen&ocirc;meno amplamente complexo, multifatorial e de m&uacute;ltiplas determina&ccedil;&otilde;es, raz&otilde;es e imensur&aacute;veis danos, que pode afetar indiv&iacute;duos de diferentes origens, classes sociais, idades, orienta&ccedil;&otilde;es sexuais e identidades de g&ecirc;nero. De forma sorrateira e sussurrada os mecanismos que estruturam o suic&iacute;dio, se instalam e como um v&iacute;rus silencioso, que de maneira cr&ocirc;nica destroem nossas defesas mentais/emocionais, tais como: autoestima, vigor, disposi&ccedil;&atilde;o, cren&ccedil;a positiva sobre quem somos e no que acreditamos, deturpam nossa vis&atilde;o de mundo e nos fazem questionar a import&acirc;ncia da vida e a pr&oacute;pria exist&ecirc;ncia.

Para algumas pessoas, em determinado momento da vida, pensar na morte como &uacute;nica sa&iacute;da para sanar um sofrimento insuport&aacute;vel talvez pare&ccedil;a a solu&ccedil;&atilde;o poss&iacute;vel. Quando uma pessoa sente que chegou ao seu limite, de tal forma que se percebe em uma ang&uacute;stia profunda, em desespero, sem esperan&ccedil;a e totalmente desolada e ap&aacute;tica, sem saber o que fazer, ou como sair de tamanha dor, &eacute; compreens&iacute;vel que considere a morte como poss&iacute;vel solu&ccedil;&atilde;o. 

Mesmo sendo uma solu&ccedil;&atilde;o permanente a dor &eacute; tanta que viver com ela deixa de fazer sentido e talvez por isso, essa surge como a melhor op&ccedil;&atilde;o de lidar com a situa&ccedil;&atilde;o naquele momento. Cabe ressaltar aqui, que n&atilde;o h&aacute; a inten&ccedil;&atilde;o de morrer, n&atilde;o se trata disso, mas de eliminar de uma vez por todas, uma dor que muitas vezes perpassa as dimens&otilde;es subjetivas e f&iacute;sica, algumas pessoas a chamam de &ldquo;a dor da alma&rdquo;.

Em meio ao sofrimento e aparente aus&ecirc;ncia de solu&ccedil;&atilde;o para a situa&ccedil;&atilde;o, o sujeito se v&ecirc; enfraquecido e colapsado e seus sentidos e fun&ccedil;&otilde;es executivas/cognitivas parecem n&atilde;o dar conta e n&atilde;o apresentam respostas assertivas para a solu&ccedil;&atilde;o dos problemas, que parecem cada vez maiores.&nbsp; &Eacute; como se sentisse que est&aacute; tudo perdido, sozinho (a) em uma rua sem sa&iacute;da e escura e todos os acessos &agrave;s portas de sa&iacute;da deixassem de existir. 

No entanto, o que parece uma total aus&ecirc;ncia de luz no fundo de um t&uacute;nel tem solu&ccedil;&atilde;o, apesar de n&atilde;o parecer, o suic&iacute;dio pode sim ser evitado, prevenido. Saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em algu&eacute;m pr&oacute;ximo a voc&ecirc; pode ser o primeiro e mais importante passo. Por isso, fique atento (a) se a pessoa demonstra comportamento suicida e procure ajud&aacute;-la. 

Na presen&ccedil;a de idea&ccedil;&atilde;o suicida, &eacute; de suma import&acirc;ncia que a pessoa busque ajuda de um profissional especializados e habilitados para oferecer o suporte adequado. Procure algu&eacute;m em que confie, algu&eacute;m com quem possa falar do que est&aacute; pensando e sentindo de forma aberta, sem medo ou vergonha e que principalmente se permita ser ajudada. Apesar de ser muito dif&iacute;cil, falar sobre o suic&iacute;dio &eacute; muito importante. 

Lembre-se que o suic&iacute;dio &eacute; uma a&ccedil;&atilde;o permanente para um ou v&aacute;rios problemas que s&atilde;o em sua grande maioria tempor&aacute;rios. Cabe ressaltar que o fato de n&atilde;o encontrar uma solu&ccedil;&atilde;o para determinado problema ou situa&ccedil;&atilde;o naquele momento, n&atilde;o significa que ela n&atilde;o exista, pois com toda certeza a solu&ccedil;&atilde;o vir&aacute; em um momento ou outro e tudo ficar&aacute; bem.&nbsp; 

A auto empatia, o auto acolher e o amor-pr&oacute;prio, apesar de parecerem clich&ecirc;s, ainda podem ser a melhor solu&ccedil;&atilde;o, sobretudo por agirem tamb&eacute;m de forma preventiva, especialmente quando praticados dia a dia. Lembre-se: a vida &eacute; o bem mais precioso e assumir o controle da sua vida de forma emp&aacute;tica e saud&aacute;vel, significa aceitar o papel de protagonista e brilhar no palco da sua hist&oacute;ria de vida.&nbsp; 

Uma vez que o objetivo desse estudo foi responder uma peculiar indaga&ccedil;&atilde;o acerca de a&ccedil;&otilde;es efetivas junto ao combate do suic&iacute;dio, foi poss&iacute;vel perceber que de fato n&atilde;o h&aacute; uma receita pronta para superamos um momento dif&iacute;cil, a dor de uma perda, o medo ou a inseguran&ccedil;a de um futuro muitas vezes incerto, a desesperan&ccedil;a, a apatia, a desmotiva&ccedil;&atilde;o, a falta de for&ccedil;as, entre outros. Mas se h&aacute; algo que pode ajudar, esse algo se chama &ldquo;seguir sobretudo em frente&rdquo;. 

&nbsp;

Voc&ecirc; &eacute; mais forte que qualquer dor. Mantenha a f&eacute; na vida e em voc&ecirc; e pratique a manuten&ccedil;&atilde;o dos bons movimentos, f&iacute;sicos e mentais.

Dias ruins tamb&eacute;m passam.

<img alt="" src="/fotos/artigos/84/mg/gisab.jpg" style="float:left; height:196px; width:200px" />Gisa Benevides 
Psic&oacute;loga e Neuropsic&oacute;loga 
CRP/03: 13524 
Telefone/zap: (71) 9.9263-9987 
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