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Espírito Santo: morre a quarta vítima dos ataques a escolas em Aracruz

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Espírito Santo: morre a quarta vítima dos ataques a escolas em Aracruz

Professora de 38 anos estava internada em hospital da Serra, na Grande Vitória.

Por: G1

Professora de 38 anos estava internada em hospital da Serra, na Grande Vitória. (Foto: Reprodução)

A Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) confirmou na tarde deste sábado (26) a morte de uma mulher de 38 anos, vítima do ataque ocorrido nessa sexta-feira (25) em escolas em Aracruz.

Familiares confirmaram ao jornalismo da Rede Gazeta que a vítima é Flavia Amboss Merçon Leonardo. Ela era professora na Escola Estadual Primo Bitti, a primeira a ser atacada.

A paciente estava internada no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves (HEJSN), na Serra.

"Pra gente é algo inacreditável, porque a gente imagina que as pessoas podem partir desta vida de várias formas, mas desta forma nunca. Um atentado desse tipo, pra nós, é o reflexo disso que o Brasil está vivendo, dessa sociedade que as pessoas acham que armas protegem vidas e agora está bem provado que se tem uma função muito específica de arma de fogo é tirar a vida. Da forma como aconteceu, um jovem de 16 anos, num bairro que não é dos mais pobres, a gente está muito consternado e muito chocado com o fato", disse Eider Boza, coordenador do movimento dos atingidos por barragens, que a Flávia fazia parte.

Segundo um amigo, Flavia, o companheiro e o filho dele (enteado de Flavia), moravam na Serra, na Grande Vitória, que fica cerca de 60 km de Coqueiral de Aracruz, onde ela dava aulas de sociologia na Escola Estadual Primo Bitti.

Antes, porém, Flavia e a família moravam em Regência, distrito de Linhares onde fica a foz do Rio Doce, e um dos principais pontos atingidos pelos rejeitos de minério do rompimento da barragem de Mariana (MG) em 2015.

De acordo com o amigo, Flavia e o companheiro haviam arrendado uma pousada em Regência poucos meses antes do desastre ambiental. Com a proibição de banho, pesca e outras atividades relacionadas ao mar na região, o distrito, que sobrevivia especialmente da pesca e do turismo, foi significativamente afetado.

Flavia e o companheiro passaram então a atuar no Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), em que ela era ativista pela reparação total dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Mariana. A professora ainda foi uma das criadoras do coletivo de Mulheres Atingidas por Barragens.

"Uma pessoa muito responsável, muito ética, muito correta, dedicada no trabalho. Ela também estudava muito. Ela tinha acabado de fazer o doutorado, que é sobre o tema dos atingidos. Ela é formada em Ciências Sociais, foi mestranda e doutoranda em Sociologia. Uma pessoa muito dedicada a estudar, a dar uma contribuição pra toda essa situação que a gente vive, do Rio Doce e de outros crimes ambientais", contou Eider Boza.

Outras vítimas

Selena Zagrillo, Maria da Penha Banhos e Cybelle Bezerra foram mortas em ataques a escolas em Aracruz — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Além de Flavia, morreram nos ataques a estudante Selena Zagrillo, de 12 anos, e as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos de 48 anos, conhecida como Peinha, e Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos.

Os corpos de Selena e Maria da Penha foram enterrados no início da tarde de sábado. Já a família de Cybelle preferiu que o corpo dela fosse cremado e levado para Pernambuco, onde a família mora.

O ataque

O ataque a duas escolas deixou quatro mortos e outros 12 feridos em Aracruz, na sexta-feira (25). A investigação apontou que o ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai, um policial militar. O assassino tem 16 anos e estudou até junho no colégio estadual atacado, segundo o governador do estado, Renato Casagrande (PSB).

Os disparos aconteceram por volta das 9h30 na Escola Estadual Primo Bitti e em uma escola particular que fica na mesma via, em Praia de Coqueiral, a 22 km do centro do município. Aracruz, onde o ataque aconteceu, fica a 85 km ao norte da capital.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o assassino invadiu a escola estadual com uma pistola e fez vários disparos assim que entrou no estabelecimento de ensino. Depois, foi até a sala dos professores e fez novos disparos. Na unidade, duas professoras foram mortas.

Na sequência, o atirador deixou o local em um carro e seguiu para a escola particular Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica na região. Na unidade, uma aluna foi morta. Após o segundo ataque, o assassino fugiu em um carro. Ele foi apreendido ainda na tarde de sexta.

Neste sábado, a Polícia Civil informou que o criminoso vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas.

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