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Morte de 12 homens no Cabula é denunciada à ONU pela ONG Justiça Global

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Morte de 12 homens no Cabula é denunciada à ONU pela ONG Justiça Global

Por: Sites da Web

Informe com pedido de acompanhamento foi enviado às relatorias de Execuções Sumárias, Independência do Judiciário e Defensores dos Direitos Humanos

 

A ONG Justiça Global denunciou nesta sexta-feira (7) à Organização das Nações Unidas (ONU) o assassinato de 12 jovens na localidade de Vila Moisés, em Salvador, no dia 6 de fevereiro deste ano, caso que ficou conhecido como "Chacina do Cabula". A ONG critica a "parcialidade do Judiciário e do governo baiano na investigação do caso".

No informe, endereçado ao relator especial sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias e Arbitrárias, Christof Heyns, a ONG lembra a declaração do governador Rui Costa no dia seguinte à ação, comparando a ação dos policiais à de "artilheiros diante do gol".

O documento também menciona a decisão da juíza Marivalda Almeida Moutinho, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), de absolver os nove policiais envolvidos na ação no dia 24 de julho. Ela foi destacada para cobrir as férias do juiz titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Vilebaldo José de Freitas Pereira, por apenas 10 dias. Ainda cabe recurso à decisão da juíza.

"Em uma decisão controversa, sem instaurar o devido processo legal, (a juíza) decidiu dela absolvição de nove policiais denunciados e um outro, o soldado Luciano Santos de Oliveira, que sequer foi indiciado pelo MP, mas apenas usado como exemplo de policiais indiciados de execução", diz a denúncia.

No dia 10 de julho, o juiz Vilebaldo havia aceitado a denúncia do Ministério Público Estadual, cuja investigação própria apontou que houve execução das 12 vítimas - uma investigação paralela da Polícia Civil baiana concluiu que os policiais agiram em legítima defesa. Segundo a ONG, além da denúncia ao relator de Execuções Sumárias, o mesmo informe foi endereçado às relatorias de Independência do Judiciário e de Defensores dos Direitos Humanos.

A pesquisadora da Justiça Global, Lena Azevedo, se refere à "Chacina do Cabula" como um "símbolo da barbárie que está acontecendo no Estado da Bahia". "Antes e depois do Cabula aconteceram outras chacinas, cometidas tanto oficialmente pela polícia, como também por esses grupos de extermínio. Essa prática vem levando ao crescente número de mortes de negros no estado, o que mostra como o problema é estrutural e não pode ser tratado como um caso isolado", declarou.

Na denúncia, a ONG cita ainda casos de ameaças aos familiares das 12 vítimas e a membros de ONGs de defesa dos direitos humanos, a exemplo de Hamilton Borges, integrante do movimento Reaja ou Será Morto, e de um professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que se posicionou contrariamente à sentença da juíza Marivalda.

De acordo com a ONG, a partir da denúncia, o Brasil pode receber uma visita de um dos relatores da ONU. O Estado Brasileiro já foi condenado em outros casos de denúncias feitas à ONU por parte da Justiça Global, a exemplo do caso das violações aos direitos humanos no Presídio Aníbal Bruno, em Pernambuco.

Relembre o caso
No dia 6 de fevereiro, 12 jovens de 16 a 27 anos foram mortos em uma ação de nove policiais militares das Rondas Especiais da Bahia (Rondesp). Outros seis ficaram feridos e um policial foi ferido de raspão na cabeça. Na época, a Polícia Militar informou que os policiais havim sido informados de que um grupo se preparava para roubar uma agência da Caixa Econômica Federal.

Os 12 mortos foram: Adriano de Souza Guimarães, 21 anos, Jeferson Pereira dos Santos, 22, João Luis Pereira Rodrigues, 21, Bruno Pires do Nascimento, 19, Vitor Amorim de Araújo, 19, Tiago Gomes das Virgens 18, Caique Bastos dos Santos, 16, Evson Pereira dos Santos, 27, Agenor Vitalino dos Santos Neto, 19, Natanael de Jesus Costa, 17, Ricardo Vilas Boas Silva, 27, e Rodrigo Martins Oliveira, 17. Informações do Correio da Bahia.
 

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