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Raymundo Mônaco escreve sobre o Camaforró

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Raymundo Mônaco escreve sobre o Camaforró

Por: Camaçari Notícias

CRÔNICAS DA CIDADE
2015.67 – Ano IV

J.R.MÔNACO
   Bacharel em Direito. Consultor
politico. Testemunha ocular da
história.

OS PERCALÇOS DO  CAMAFORRÓ MUITA GENTE E  POUCO ESPAÇO

Já faz muitos anos, masdá gosto lembrar as alegres “festas de São João” de Camaçari, da fartura, da chegada do inverno (21 de junho), trezenas de Santo Antonio, São Pedro,festejadas de forma modesta, as atrações eram nós mesmos cantando, tocando e dançando de casa em casa. Podia não parecertão  divertido, mas era um tempo bom.

A verdadeira tradição das festas juninas em Camaçari caracterizava-se por grupos da sociedade que saiam visitando amigos e parentese benvindos levavam alegria aos lares onde eram recebidos com fartas mesas de comidas e bebidas, a população era pequena, mas se sentia felizprimava por  acolhera todos sem distinção.

Falar sobre as festas de São João realizadasem nossa histórica Camaçarié sempre prazeroso, opiniões contrárias e  favoráveis nos  permite comparar os velhos tempos com o momento atual e nos transporta a um novo tempo,o tempo desta  erainusitada  do “Camaforró”quecom o passar dos anos cresceu assustadoramente em  termos de público ficando conhecida como a festa do  esmaga sapo:  muita gente, pouco espaço e que sufoco!!!

Essa manifestação hoje se encontra superada por grandes shows com artistas famosos ereúne a comunidade em volta de palcos, camarotes e caramanchão mantendo estilos antigos produzindo a conhecida mecânica do forró.

Antecediam a tudo isto as festasrealizadas nas escolas públicas e particulares nos órgãospúblicos, empresas, enfim, onde podia se festejar,tinham como finalidade a ludicidade,  mostrando a faceque durante todo  esses anos vem marcando a vida cultural de nossa gente.   

Aceito nos quatrocantos da cidade o Camaforrócresce a cada ano, com o passar do tempo vem figurando entre as maiores festas de São João da Bahia elevando com isso o fluxo de frequentadores que para aqui se deslocam procedentes de cidades vizinhas, inclusiveda capital; ai, o “Camaforró” vira um inferno  passando de entretenimento  para sacrifício e a disputa pelo metro quadrado (m²) é ato de bravura, não se consegue andar.

O Camaforró foi criado em junho de 1989 pelo então prefeito Tude em inesquecível estreiarealizada na Praça Abrantes com direito a sanfoneiros, muita musica de forró, fogos, ornamentação típica do São João, muito licor, canjica e milho verde recordações até hoje gravadas na memória  dosprecursores.

A partir do ano seguinte a festa tomou um novo rumo mudando de local passando a serrealizada na Av. Comercialcom dois palcos, um em cima e outro embaixo, dezenas de atrações  participação de artistas famosos como Dominguinhos, Genival Lacerda, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e muitas  bandas  de sucesso.

O prefeitoEllery  ao assumir a PMC em 1993 desativou oCamaforró   voltando a ser realizado   
pelo patrono  Tude  a partir de 1997  já no “Espaço 2000” onde permanece  até hoje e apesardas consequências cresce a cada ano o numero de frequentadores, os problemas continuam, algum dispositivo há de se encontrar cobrar entradas beneficentes como  no caso do camarote poderá  ser a solução.

No Camaforró edição 2015, verificou-se novos contratempos motivados não pela organização oupor infraestrutura insuficiente, mas,pelo previsto excesso de demanda  provocado pela superlotação do “Espaço  2000”, onde as pessoas mal conseguiam se mexer  dentro e fora dos  limites da área da festa.

Em resumo, as dificuldadesnão foram superadas a mesma estrutura já conhecida deixou muito adesejar, a quantidade de sanitários químicos não suportou o peso  e filas enormes  se formavam para se fazer  “xixi”,  a espera para as mulheres  era em média de quarenta minutos.

Oexcesso de barracas  complicou a vida dos  foliões, lama  provocada por borra do recapeamento asfáltico e agua empoçada tingiram de preto os belos tênis e sapatos da turma,  segurança  insuficiente, engarrafamento a partir da entrada da cascalheira e o “empurra- empurra” de sempre  para o acesso à  folia. Tudo considerado natural pelos organizadores.

Como se não bastasse, inventaram este anoum talde“Camarote solidário”, cujo acesso se dava através do pagamento de cinquenta reais  por casal renda convertida em prol da APAE espécie de ingresso trocado por pulseira.Superlotado o camarote causou medo e receio de desabamento.È cada ideia de tirar o chapéu! O projeto 1 Kg de alimentosperecíveis  não funcionou.

Por mais que a PMC busque a perfeição o “Camaforró” está ficando problemáticopróximo do colapso. Na véspera de São Joãopor volta das  vinte e uma horas  não se conseguia mais entrar e nem sair do espaço 2000. Barril puro...

Diante das nuances amostradas vislumbra-se retornar aos velhos tempos, reunindo vizinhos e amigos resgatando o São João de outrora festejadonas ruas  ou mesmo  na casa de  amigos  como se fazia antigamente, aientão, teríamos alternativas  para sair da panela de pressão do “Espaço 2000”,  poderíamos cantar com  alegria  os versos dos sanfoneiros   Luiz Gonzaga e Zé Dantas “Ai que saudades que sinto, das noites de São João, das noites tão brasileiras na  fogueira, sob o luar do sertão”.

Um grande abraço, esperando que no próximo ano as festas de São João eo Camaforró sejamrepensados  para alegria de todos  e felicidade geral   do povo de  nossa terra.

J.R. Mônaco
[email protected]

 

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