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Novembro Negro: Rafael Rodrigues valoriza a beleza negra através da fotografia

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Novembro Negro: Rafael Rodrigues valoriza a beleza negra através da fotografia

Série de entrevistas com influenciadores negros de Camaçari

Por: Sheila Barretto

(Fotos gentilmente cedidas por Rafael Rodrigues)

Estamos mais uma vez em novembro, mês em que é comemorado o Dia da Consciência Negra. Desta vez, nossos personagens vêm direto das redes sociais, são os influenciadores digitais, pessoas que usam a internet para divulgar suas atividades e que são seguidas por centenas de pessoas que diariamente curtem, comentam e compartilham os conteúdos produzidos por estes novos formadores de opinião.

Começamos com o fotógrafo Rafael Rodrigues, 12 mil seguidores no Instagram, rede social que ele usa como portfólio para divulgar as fotografias que faz por aí, todas (ou a maior parte delas), retratando o povo negro. “Meu trabalho é sempre visando o povo negro que é de onde eu vim, da raça que eu sou, então eu busco sempre trazer um pouco da beleza negra, é o meu foco principal”.

Rafael conta que começou a fotografar em eventos culturais da cidade e que só depois seu trabalho seguiu por outras vertentes, chegando ao gênero documental que tem hoje. “Comecei fazendo fotos de shows, rodas culturais e eventos aqui na cidade de Camaçari e depois eu fui me aprofundando mais em outro tipo de segmento, em outro lifestyle. Eu comecei a me encontrar mais pro lado da fotografia jornalística e documental e assim eu consegui me tornar o que eu sou hoje”.

Sobre a participação dos negros nas redes sociais, Rafão acha que ainda há muito a ser conquistado. “Hoje em dia tem poucos influencers negros, poucos youtubers negros, são pouquíssimos, e aqueles que conseguem alcançar um patamar mais alto, ficam com o ‘teto de vidro’, não podem errar porque o massacre é bem maior na internet”.

“Não há espaço pro negro na internet, se você perguntar pra qualquer jovem negro quem ele segue hoje nas redes sociais, são pessoas brancas, então é ainda muito difícil chegar nesse público. A gente tá tentando chegar aos pouquinhos, na Bahia temos Dum Ice, Leozito, Cristian Bell, que são os influencers negros aqui de Salvador, em Camaçari tem alguns também, então a gente vai chegando aos pouquinhos, tentando conquistar, mas é muito difícil. Por incrível que pareça, na Bahia tem muito influencer branco, mas não vamos desistir, vamos tentando buscar nosso caminho, fazer tudo certinho e cada um se ajudando”.

Episódios de racismo são frequentes na internet, a imprensa volta e meia noticia o caso de alguma personalidade que foi atacada nas redes sociais com comentários preconceituosos. E com Rafão não foi diferente. Ele nos contou uma experiência recente que viveu no Twitter, quando foi xingado durante uma discussão.

“Por causa do meu estereótipo, fui chamado de maconheiro. Pra manter a sanidade mental, eu preferir silenciar a conversa, porque o que tem de gente querendo derrubar os outros... É preciso ter força porque vai acontecer em qualquer canto que você for, aconteceu recentemente com dois jogadores de futebol brasileiros na Ucrânia, então em qualquer ambiente sempre vai ter uma pessoa pra te derrubar com atos racistas”.

A solução para combater o racismo? Rafão conta. “É seguir em frente, não baixar a cabeça, continuar na luta de sempre. Silencia os comentários, bloqueia a pessoa, porque o que importa é a nossa saúde mental, que é o que é mais afetado hoje na internet. Racismo é crime, mas no Brasil ninguém é preso por racismo. Isso desmotiva muito a gente ir pra cima e tentar denunciar, mas temos que registrar a ocorrência”.

“Enquanto não houver uma transformação na conjuntura política, isso não vai mudar. Eu ainda fico meio constrangido com relação a fazer o B.O. [boletim de ocorrência] porque a gente sabe que não vai dar em nada. Ficamos impotentes diante de uma situação que é grave”.

No mês da consciência negra, Rafael afirma que a luta tem que ser intensificada, mas é uma luta que nunca pode parar. “Em acho que tem sim, que ter um mês comemorativo pra mostrar o que nós temos de bom e o que ficou pra gente. Mas não só no novembro. No novembro tem que ser com mais força, porque é o mês da consciência, mas a luta é diária”.

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