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MasterChef Júnior: "Pediram foto nua pelo Twitter", diz pai de participante

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MasterChef Júnior: "Pediram foto nua pelo Twitter", diz pai de participante

Por: Sites da Web

O assédio em torno de Valentina, de 12 anos, após a estreia de "MaterChef Junior", na Band, levantou algumas questões sobre a exposição de menores de idade na TV: como lidar com os comentários nas redes sociais, agir em relação a eles e explicar para as crianças assuntos como pedofilia, bullying e tantos outros.
Cecília Zylberstajn, psicóloga, psicodramatista e psicoterapeuta pela PUC-SP, explica que, em casos semelhantes, todo cuidado é pouco.
“Quando a criança é exposta nas mídias dessa forma não se pensa nos riscos e é difícil imaginar que algo assim pode acontecer. A internet virou diário e as pessoas acham que podem falar o que querem, qualquer coisa é só apagar depois. Se esse acontecimento chega até a criança, ela pode ter uma série de reações difíceis de prever, é parecido com aquelas que sofrem bullying, elas podem entrar em depressão, ter crises de ansiedade ou menosvalia".


Torcida por Valentina

Durante o programa, inúmeros tuítes relacionados a Valentina surpreenderam a menina, como "você é linda" e "estamos torcendo por você". A hashtag #timevalentina chegou a ser um dos assuntos mais comentados no Twitter.
"Ela respondeu a todos, ficou feliz com a torcida e por ter chegado aos trending topics logo na estreia", contou Alexandre, pai da participante, ao iG Delas, nesta quarta-feira (21/10). "Estamos muito felizes porque ela tem jeito para cozinha e está adorando essa repercussão boa, aparecer no jornal", completa ele.


Pais de atitude

Alguns outros comentários, no entanto, foram blindados pela família, que decidiu poupá-la dos conteúdos criminosos, por exemplo. Apesar de ter psicólogos à disposição para orientações oferecidos pela emissora, os pais decidiram sozinhos como agiriam nessas circunstâncias.
"A gente já tinha chamado uma pessoa para tomar conta do Twitter dela porque estávamos preparados para o assédio e as consequências possíveis, mas não imaginávamos encontrar tarados. Teve gente que pediu que ela mandasse foto nua", mostra-se surpreso o publicitário.
Segundo Alexandre, a menina é poupada desses pedidos. "Ela só vê o que a gente permite. Os outros conteúdos são responsabilidade dessa outra pessoa, que bloqueia esses usuários imediatamente. Valetina não está sendo afetada", garante o pai.
Os pais da chef mirim tomaram, por enquanto, a decisão de não acionar judicialmente ninguém. "A gente até pensou que, logo mais, vão surgir haters (odiadores) torcendo por outros participantes. O programa está no começo e, até o momento, estamos controlando isso", diz Alexandre. Muitos internautas se revoltaram e usaram as redes também para denunciar e debater o assunto.


Quando é hora de denunciar?

Para a psicóloga, o problema pode sair do controle e precisa ser exposto e denunciado para que haja alguma possibilidade de mudança.
“Os pais tem que fazer o que é cabível judicialmente, algo que alguém faz contra a gente não pode ser desfeito, mas pode ser cobrado. Com essa atitude, de alguma maneira, o sentimento de estar indefeso e inútil passa a ser um sentimento de justiça feita. As pessoas não pensam antes de fazer qualquer comentário na internet, acham que o máximo que pode acontecer é ter que excluir o comentário e não é bem assim. Precisamos, como sociedade, abrir um espaço para discussão desse tipo de assunto para tentar evitar que situações como essas continuem acontecendo”.


Riscos da internet

"A internet abre muitas portas para as redes de pedofilia. Os pedófilos se valem de um pseudoanonimato para instigar esse tipo de conduta. A internet encoraja a pessoa a falar, instiga a escrever o que se passa na cabeça. Mesmo quem não tem o perfil de pedófilo e não tem a intenção de fato de praticar o crime, é culpado pela maneira que se manisfesta e isso se eterniza. Dizer que não sabia que (escrever comentários com teor de pedofilia) era crime é irrelevante. É crime e há punição", diz a advogada Alessandra Borelli, diretora da Nethics Educação Digital.


Atenção

Segundo o artigo 241-D do Estatuto da Criança e do Adolescente, aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso dá pena de um a três anos de reclusão mais multa.
Dra. Alessandra orienta como deve ser feita a denúncia: "Preserve as provas, fazendo ata notarial do conteúdo da internet, procure ajuda de um advogado especialista no assunto ou uma delegacia especializada em crimes digitais. O advogado é mais ágil e vai conseguir o IP daquele comentário e com esse número é possível chegar ao autor."
"Daqui a meses, isso vai ser passado"
Alexandre complementa que partiu da filha, "vaidosa e que não gosta de cozinhar coisas convencionais como arroz e feijão", participar de um reality show na televisão. Por isso, os pais dão apoio apesar de tamanha exposição.
"Ela faz teatro, ginástica olímpica e tem facilidade para cozinhar. A estimulamos a fazer tudo que ela tem vontade e sabemos que, como ela ainda é criança, esse programa vai ser só mais uma experiência no meio de tantas outras na vida dela. Daqui a meses, isso vai ser passado", acredita. 

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