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Dom Petrini envia mensagem ao povo depois da bênção do Papa Francisco

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Dom Petrini envia mensagem ao povo depois da bênção do Papa Francisco

Dom Petrini é bispo da Diocese de Camaçari

Por: Camaçari Notícias

O Bispo da Diocese de Camaçari, Dom João Carlos Petrini enviou uma mensagem ao povo após a Bênção "Urbi et orbi" , realizada na sexta-feira (27/03) pelo Papa Francisco onde pediu a Deus fim da pandemia do Covid-19. Na mensagem Dom Petrini destaca que a imagem do Papa, numa praça chuvosa e vazia, demonstra o drama atual da humanidade, o Papa estava sendo a voz que mostrava o coração de todos os homens e de todas as mulheres que habitam o Planeta e que enfrentam a ameaça da pandemia.

Ele ainda agradece e destaca o papel heroico dos profissionais de saúde no combate ao Coronavírus "Agem com heroísmo para cuidar de pessoas em graves condições de saúde....E vale a pena, num mundo que parece dominado por densas trevas, fixar nossa atenção nos pontos de luz de emergem e rearticulam a esperança e a confiança no ser humano e no seu futuro".

Confira a mensagem na integra :

 

EM LUGARES ABANDONADOS, COM NOVOS TIJOLOS EDIFICAREMOS 

Muitas pessoas, no mundo inteiro, participaram da bênção dada pelo Papa Francisco Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao Mundo inteiro). Neste momento dramático, marcado pela emergência pelo contágio do Covid 19, que afeta todos os Países, tivemos a possibilidade de olhar para o Papa Francisco, para o Crucifixo e o Ostensório como um único sinal, que falou para todos da Misericórdia do Pai. 

A Praça de São Pedro com a Basílica construída sobre o túmulo de São Pedro e de todos os Papas, a pequena chuva que fazia escorrer água no peito do Crucificado, que foi levado em procissão durante uma peste que afligiu o povo de Roma (e que cessou quando a procissão terminou) no início de 1500, o grande silêncio que acompanhou as palavras do Papa ajudaram a ter um olhar sintético a respeito do drama pelo qual passamos, e ouvir melhor o grito que brota do coração humano, que a  voz fraca do Papa expressou com suas palavras dirigidas ao Pai, e abriu um horizonte de esperança, porque “para Deus, nada é impossível” (Lc 1, 37).  

O Papa Francisco estava sendo a voz que mostrava o coração de todos os homens e de todas as mulheres que habitam o Planeta e que enfrentam a ameaça da pandemia, muito além das diferenças históricas, culturais, tecnológicas e mesmo religiosas. Por alguns momentos, tornou-se visível o que significa a palavra “Catholica” referida à Igreja. Significa que ela está atenta e compartilha os sofrimentos de todos com amor e é portadora de um horizonte de esperança que afunda suas raízes nos acontecimentos da vitória de Jesus Cristo sobre o mal e sobre a morte.     

O Papa pediu: “Ó Deus onipotente e misericordioso, olhai para a nossa dolorosa condição, confortai os vossos filhos e abri os nossos corações à esperança, para que sintamos em nosso meio a vossa presença de Pai.”  E, depois disse: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (Mc 4,38). 

A pandemia desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças, nos alertou o Papa. Ficou mais visível também a abençoada pertença comum à qual não podemos nos subtrair: a recíproca pertença de irmãos. 

Recordando a tempestade do lago de Genezaret, que ameaçava afundar o barco onde estava Jesus com seus apóstolos, o Papa nos diz: “Com Ele a bordo, experimentamos que não há naufrágio, porque a força de Deus faz resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas más”. 

Que podemos aprender destas circunstâncias dolorosas, além do modo de lidar com esse vírus? “É tempo de usar o juízo, e decidir o que conta e o que passa, separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida, rumo a Ti, Senhor, e aos outros.” E acrescenta: “Que todos sejam um só” (Jo, 17, 21).

Celebrando os 1500 anos do nascimento de São Bento, o Papa São João Paulo II, na cidade de Núrcia, em 1980, nos convidava a considerar os desafios que São Bento enfrentou em tempos da decadência do império romano: “Era necessário que o heroico se tornasse quotidiano e o quotidiano heroico”. O heroísmo que nascia da familiaridade com Jesus Cristo contribuiu de maneira decisiva para reconstruir a civilização, por isso foi proclamado patrono a Europa.  

Algo semelhante está acontecendo todos os dias nos hospitais lotados com pessoas contagiadas que são atendidas por médicos, enfermeiros e outros funcionários, que agem com heroísmo para cuidar de pessoas em graves condições de saúde. 

Aproveito para agradecer todo esse trabalho desenvolvido para atender os afetados pelo contágio. E vale a pena, num mundo que parece dominado por densas trevas, fixar nossa atenção nos pontos de luz de emergem e rearticulam a esperança e a confiança no ser humano e no seu futuro. No meio de tanto sofrimento, a vida floresce e nos surpreende pela novidade que representa. 

Eliot escreveu um poema que descreve esta postura que não desiste diante do mal e que reafirma a grandeza de reconstruir o bem, desde já.

 

“Em lugares abandonados, com novos tijolos edificaremos,

Há mãos e máquinas e argila para os tijolos novos e cal para a argamassa fresca.

Onde tijolos se quebraram, com novas pedras edificaremos, 

Onde as vigas apodreceram, com novas tábuas construiremos, 

Onde a palavra inexpressa permanece, com nova linguagem edificaremos. 

Com nosso esforço comum, uma nova Igreja para todos, 

E uma tarefa para cada um. 

Cada qual aso seu trabalho. (De “Os Coros de ‘A Rocha’”)

 

Dom João Carlos Petrini

Bispo de Camaçari - BA

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