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Na Turquia, baiano relata dificuldades para voltar: 'Não entendo o que impede'

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Na Turquia, baiano relata dificuldades para voltar: 'Não entendo o que impede'

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Por: Pesquisa Web

Modelo Henrique Neto está em Istambul, na Turquia — Foto: Fernando Mota dos Santos/Arquivo pessoal

A viagem do baiano Henrique Neto para a Turquia era para ser uma oportunidade internacional de trabalho, mas virou um desafio de sobrevivência nas últimas semanas. Fora do Brasil há quase um ano, a convite de uma agência de modelos, o soteropolitano de 28 anos está sem trabalho, por causa da pandemia do coronavírus, e tenta se manter em um dos países como maior incidência de coronavírus no mundo. Atualmente, ele tenta voltar para o Brasil, mas encontra dificuldades para o retorno. 

A Turquia possui mais de 100 mil casos confirmados da Covid-19, com 2.805 mortes, segundo dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O país é sétimo em número de infectados no mundo, atrás de Estados Unidos, Espanha, Itália, Alemanha, Reino Unido e França. 

Henrique Neto se mudou da Bahia para São Paulo para trabalhar como modelo há aproximadamente oito anos. Em 2019, recebeu o convite para embarcar para Istambul, a primeira experiência internacional da carreira do baiano. Em solo europeu, passou por três agências diferentes. Na última delas, assinou contrato pouco antes da pandemia. Com a crise provocada pelo coronavírus, ele ouviu a promessa de que receberia uma ajuda de custos durante o período sem atividades. Porém, o auxílio não foi mantido. 

"Atualmente estou em Istambul. Vim para cá a trabalho. Vim com contrato com uma agência de modelos. Essa é minha primeira viagem a trabalho internacional. Era para ficar aqui apenas três meses, porém, estou há pouco mais de seis meses. Infelizmente não fiz dinheiro suficiente sequer para voltar ou para ir para qualquer lugar, já que as agências tiram 50% da comissão. Os pagamentos do trabalho não condizem com a realidade que a gente vive aqui. A moradia é bem cara. Agora, junto com isso tudo, veio a Covid-19. Estou contando um resumo da minha história particular, mas acho que o foco na verdade é a situação dos brasileiros aqui", disse o modelo em entrevista para o Jornal da Manhã desta segunda-feira (27). 

O modelo baiano disse que entrou em contato com o Itamaraty, embaixada brasileira e consulado, na busca de auxílio para voltar ao Brasil ou, ao menos, para conseguir se manter em território turco. 

"O que acontece é que a gente não consegue enxergar um posicionamento claro do Itamaraty, da embaixada ou do consulado. Ficam o tempo todo jogando um para o outro, falando que estão averiguando a situação, que é para preencher formulários. Já preenchemos vários formulários. Com esse trâmite que está acontecendo do voo de repatriação em outros países, não entendo o que impede a nossa repatriação também", afirmou. 

O caso de Henrique Neto não é isolado. O modelo fez um grupo em um aplicativo de mensagens com outros 40 brasileiros que estão na mesma situação. Ele estima que existam, no total, 120 compatriotas na Turquia. Alguns foram vítimas de xenofobia. Existe também o relato de um brasileiro que está internado em estado grave em um hospital turco. 

A ideia do modelo é unir os brasileiros em solo turco, para conseguir que a Força Aérea Brasileira envie um avião para realizar a repatriação, a exemplo do que aconteceu no início do mês em Cuzco, no Peru. 

Enquanto a situação não ganha uma resposta definitiva, Henrique Neto participa de uma corrida contra o tempo. O baiano divide o apartamento com um brasileiro e uma uruguaia, que deixará o imóvel no fim deste mês, após conseguir um lugar sem custos para morar. Em dois, o aluguel ficará mais difícil para ser pago. 

Diante dos problemas, o modelo relata que a família, que mora em Salvador, tenta reunir recursos para ajudar. O dinheiro não seria suficiente para comprar uma passagem de volta para o Brasil, mas ajudaria na alimentação e nos custos básicos. 

Em nota, a assessoria de comunicação do Ministério das Relações Exteriores informou que, até o momento, apoiou o retorno de 17.770 brasileiros. Aproximadamente 3800 brasileiros seguem retidos em 74 países. 

"No caso da Turquia, muitos brasileiros foram repatriados usando voos comerciais até a interrupção dos voos da Turkish Airways. Temos conhecimento de 115 brasileiros que solicitaram auxílio do Itamaraty, incluindo visitantes temporários e residentes em situação de desvalimento. O retorno dos cidadãos brasileiros retidos no exterior é uma tarefa prioritária para o Itamaraty. São situações complexas, de difícil resolução, sobre as quais continuamos trabalhando, em negociação com companhias aéreas ou governos locais, conforme cada caso. Estamos empenhados em trazer todos os brasileiros retidos, no prazo mais curto possível", diz a nota. 

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