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Monsenhor Dirceu Medeiros se prepara para assumir Diocese de Camaçari em 2022

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Monsenhor Dirceu Medeiros se prepara para assumir Diocese de Camaçari em 2022

Bispo assume Diocese em fevereiro do próximo ano

Por: Sheila Barretto

(Foto: Reprodução)

A partir de fevereiro de 2022, a Diocese de Camaçari terá um novo bispo. Isso porque o bispo diocesano Dom João Carlos Petrini renunciou ao governo pastoral da diocese no mês de outubro, por motivo de idade. O Papa Francisco acolheu a renúncia e nomeou o padre Dirceu de Oliveira Medeiros para assumir o cargo. A reportagem do Camaçari Notícias entrevistou o futuro bispo, que falou sobre as expectativas para esta nova jornada, o sincretismo religioso e a continuidade do trabalho deixado por Dom Petrini.

Como o monsenhor recebeu a nomeação do Papa Francisco para assumir o governo pastoral da Diocese de Camaçari?

“Primeiramente com alegria e gratidão, afinal o chamado de Deus é sempre um dom, uma dádiva de Deus. Gratidão a Deus e ao Papa Francisco pela confiança. Mas, ao mesmo tempo, com o senso da responsabilidade. Deus chamou a tantos: Abraão, Moisés, os Profetas, Maria, mãe de Jesus. Eu também recebi este chamado. O sim a Deus eu dei no dia de minha ordenação diaconal, o episcopado é a confirmação de um sim que foi dado há anos. Conto com a graça de Deus e a oração de todos que me acolhem com tanto carinho”.

Quais as expectativas e os maiores desafios o senhor acha que irá enfrentar nesta nova jornada?

“Difícil dizer, pois não conheço a realidade. Por isso, a primeira missão é conhecer esta realidade eclesial. Assumo uma jovem Diocese que fará, no dia 19 de fevereiro de 2022, 11 anos de instalação. A expectativa é reconhecer o bem que fez Dom João Carlos Petrini a esta jovem Igreja particular, afinal muito foi feito. Mas também descobrir outras frentes de atuação a serem assumidas. O Espírito Santo vai abrindo estradas. Eu creio. Além disso, estou certo de que poderei contar com os padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas engajados. Caminhar, em espírito sinodal, para que a Igreja continue sendo fiel à sua missão que é Evangelizar”.

O crescimento das igrejas evangélicas e protestantes é notório e em Camaçari não é diferente. Como o monsenhor vê essa questão?

“O primeiro aspecto é de abertura para dialogar com aqueles que desejam. São João XXIII já nos ensinava que muito maior do que aquilo que nos separa é o que nos une e o que temos em comum”.

“O segundo aspecto é de autoavaliação: onde nós estamos falhando? Precisamos acolher mais? Dar uma formação mais sólida? O Papa Francisco, na Carta Evangelli Gaudium nos ensina: ‘A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus’. Ele nos conclama a levar essa alegria do Evangelho a todos. Lembro meu lema de ordenação episcopal: ‘na tua Palavra lançarei as redes’ (Lc 5,5). Esta é nossa missão, partindo da Palavra de Deus, anunciar Jesus Cristo para que todos tenham vida”.

A Bahia é um estado onde o sincretismo religioso é muito forte. O que o senhor acha dessa fusão entre as religiões?

“Penso que, sobre este tema, a abordagem é semelhante à que me referi anteriormente. Antes de tudo, ter disponibilidade para o diálogo com as pessoas das diversas religiões. Ao mesmo tempo, não podemos abrir mão das nossas convicções e de fortalecê-las no coração de cada cristão católico, de modo que devemos assumir a nossa tradição religiosa com toda a riqueza que ela contém. Para dialogar com alguém que tem uma religião diferente, não é preciso renunciar à nossa própria identidade, mas conhecê-la e valorizá-la, a fim de nos abrir ao outro, sempre prevalecendo o respeito às pessoas”.

“Novamente cito uma carta do Papa Francisco ‘Fratelli Tutti’ que quer dizer ‘Somos todos irmãos’. Nesta carta ele nos ensina: ‘A Igreja valoriza a ação de Deus nas outras religiões e ‘nada rejeita do que, nessas religiões, existe de verdadeiro e santo. Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que (…) refletem não raramente um raio da verdade que ilumina todos os homens’. Todavia, como cristãos, não podemos esconder que, ‘se a música do Evangelho parar de vibrar nas nossas entranhas, perderemos a alegria que brota da compaixão, a ternura que nasce da confiança, a capacidade da reconciliação que encontra a sua fonte no facto de nos sabermos sempre perdoados-enviados. Se a música do Evangelho cessar de repercutir nas nossas casas, nas nossas praças, nos postos de trabalho, na política e na economia, teremos extinguido a melodia que nos desafiava a lutar pela dignidade de todo o homem e mulher’. Outros bebem doutras fontes. Para nós, este manancial de dignidade humana e fraternidade está no Evangelho de Jesus Cristo. Dele brota, ‘para o pensamento cristão e para a ação da Igreja, o primado reservado à relação, ao encontro com o mistério sagrado do outro, à comunhão universal com a humanidade inteira, como vocação de todos’ (Fratelli tutti, 277)”.

Camaçari territorialmente é extensa e recebe novos moradores diariamente por ser uma cidade industrial, com isso as demandas espiritual e econômica são muito grandes. O monsenhor pretende intensificar o trabalho das pastorais?

“A Igreja é perita em humanidade e nunca descuidou deste aspecto. São Paulo VI dizia que a Evangelização e a Promoção Humana estão intimamente ligadas. Venho de uma experiência na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pude testemunhar belos trabalhos realizados pelos bispos do Brasil. Nossa Igreja é samaritana e deve ser sempre mais. Já pensou se pudéssemos contabilizar quantas ações assistenciais e de promoção realizadas pela Igreja ao longo da história e nos tempos atuais? Ficaríamos surpresos! Tenho certeza de que na diocese de Camaçari já existem belas iniciativas que devem ser, sempre mais, fortalecidas e incrementadas, afinal vivemos uma situação de penúria. O desemprego, a fome estão rondando nosso povo”.

O bispo Dom Petrini esteve à frente da Diocese de Camaçari desde a sua criação, há 10 anos. Como o monsenhor pretende dar continuidade a este legado e o que os fiéis católicos camaçarienses podem esperar do seu governo pastoral?

“Não se deve assumir uma missão achando que se está começando do zero. Gosto muito daquele texto dos Atos dos Apóstolos (Atos 10). Quando Pedro vai à casa de Cornélio, um pagão, ele descobre que o Espírito de Deus já estava lá antes dele. Cheguei aqui, enviado pelo Santo Padre, estou sendo muito bem acolhido, mas há uma história de fé aqui. Algumas paróquias remontam ao século XVI. Portanto ser grato a Deus pelo trabalho de Dom João Carlos Petrini que contribuiu significativamente para a consolidação desta Igreja Particular”.

“Quanto ao que podem esperar de mim? Disposição para servir, para ajudar e caminhar com eles. Na minha mensagem ao povo da diocese de Camaçari eu frisei muito a corresponsabilidade. Esta é a palavra”.

“Destacaram até um pensamento meu que quero retomar: ‘Vocês ainda não me conhecem e nem eu conheço vocês, contudo já estão em meu coração de pastor. Minha disposição primeira é conhecer vocês e, com vocês, continuarmos essa caminhada na perspectiva da corresponsabilidade. Lembrem-se: ninguém faz nada sozinho, preciso de vocês, vocês precisam de mim e nós necessitamos de Cristo, o Bom Pastor, pois ele mesmo diz: ‘sem mim nada podeis fazer!’”

“Por fim rogo a Deus, rico em misericórdia, que pela intercessão de Nossa Senhora das Candeias e de nosso Patrono São Thomaz de Cantuária abençoe a todos e lhes dê a paz e peço que rezem por mim”.

Padre Dirceu de Oliveira Medeiros tem 48 anos e é mineiro, da cidade de Barroso. Ingressou em 1995 no Seminário São Tiago, da diocese de São João del-Rei, situado em Juiz de Fora (MG). Cursou filosofia de 1995 a 1997 no Instituto Teológico Arquidiocesano Santo Antônio. Possui Licenciatura Plena em filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cursou Teologia de 1998 a 2001, também em Juiz de Fora, e possui o título de Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Foi ordenado diácono em 28 de julho de 2001 na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar em São João del-Rei e presbítero em 15 de dezembro do mesmo ano, na Paróquia de Sant’Ana do Barroso. Foi Vigário Paroquial na Paróquia Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em São João del-Rei de 2002 a 2004 e Pároco na Paróquia Nossa Senhora da Conceição da cidade de Prados (MG).

Desde junho de 2019 exerce a função de subsecretário adjunto geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), residindo em Brasília (DF).

A posse canônica do Monsenhor Dirceu acontece no dia 19 de fevereiro de 2022, mesma data do aniversário de 11 anos da criação da Diocese de Camaçari.

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