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Saúde
Por: Pesquisa Web
A britânica Leonie Watson perdeu a visão aos vinte e poucos anos depois de ignorar, por muito tempo, recomendações médicas para que tratasse da diabetes.
Watson conta que foi diagnosticada com diabetes tipo 1 quando ainda era criança e, na época, foi informada sobre o quanto poderia comer e sobre as injeções de insulina.
"Quando fiquei um pouco mais velha perguntei ao meu pediatra por que tinha que ser deste jeito, se eu não poderia calcular o quanto de comida iria comer, medir a glicose do meu sangue e então calcular a dose de insulina sozinha. A partir deste dia não sei se ele realmente deixou eu fazer isto ou se meu subconsciente adicionou uma memória baseada na resposta dele, mas não importa. Aquele foi o momento em que a rebelião começou", contou Watson à BBC.
Durante a adolescência, ela descobriu que poderia deixar de tomar uma das injeções de insulina sem grandes consequências e parou de monitorar o nível de glicose no sangue. Nessa fase ela também parou de ir ao médico para os check-ups anuais.
"Nos meus anos de estudante eu me esbaldei. Fumei, dancei, fui à farra e continuei ignorando o fato de que era diabética", disse.
Watson contou que perdeu a visão durante um período de apenas 12 meses, entre 1999 e 2000.
"Quando o século estava terminando, eu estava trabalhando na indústria de tecnologia como desenvolvedora web. Era a época do boom do setor de dotcom e todo mundo estava se divertindo. (...) ... Muitas festas insanas (...) saíamos dos clubes às seis da manhã e dirigíamos para Glastonbury só para ver o sol nascer."
Mas, em uma manhã de 1999, a britânica acordou com uma ressaca e um problema.
"Quando olhei no espelho percebi que podia ver uma faixa de sangue na minha linha de visão. Eu olhava para a esquerda e para a direita, a faixa se movia devagar, como se estivesse flutuando em um líquido grosso."
Ela pensou que fosse apenas uma consequência da noite agitada e esperou alguns dias até consultar um oculista, que então a encaminhou para o hospital oftalmológico mais próximo para mais exames.
"Quando a diabetes não é controlada por um tempo causa uma série de problemas que não são vistos. Quando você come alguma coisa, o nível de açúcar no sangue aumenta e seu corpo produz insulina para converter aquela glicose em energia. Se não houver insulina o bastante disponível, então as células do corpo não recebem energia, elas começam a morrer e o excesso de glicose continua preso em sua corrente sanguínea", explicou Watson.
A britânica explicou que a glicose também sufoca células vermelhas e evita que elas transportem oxigênio.
E, segundo Watson, uma das manifestações dos danos causados pela doença é a retinopatia diabética.
"Tentando conseguir oxigênio o bastante para a retina, no fundo do olho, seu corpo cria novos vasos sanguíneos para tentar compensar. Eles são criados como uma medida de emergência, então são fracos. Isto significa que eles tendem a estourar e causar hemorragia dentro do olho - criando faixas visíveis de sangue, como a que eu via."
No hospital oftalmológico ela foi submetida a um tratamento com laser.
"Não foi agradável. Foi preciso tomar uma injeção de anestesia no olho antes do laser ser disparado."
Mas, em retrospecto, a britânica acha que este tratamento foi inútil.
"Ninguém nunca me falou sobre as consequências de ter retinopatia diabética avançada, sempre foi falado em termos de uma deterioração progressiva."
"Lembro do dia em que me dei conta do quanto minha visão estava piorando, foi um dia de primavera no ano 2000. Estava descendo as escadas em casa quando entendi subitamente, como se tivesse sido atingida por um raio: eu ia ficar cega. Com absoluta certeza eu sabia que perderia minha visão e poderia apenas culpar a mim mesma. Sentei na escada e desabei, chorei como criança."
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