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BCG: cidades baianas ficam sem vacina para bebês

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BCG: cidades baianas ficam sem vacina para bebês

Itabuna está sem vacina BCG desde sábado.

Por: Pesquisa Web

Itabuna está sem vacina BCG desde sábado (27) (Divulgação/Prefeitura de Itabuna)

A vacina BCG, aplicada em recém-nascidos contra a tuberculose, está em falta na Bahia nos últimos três dias.  A Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) informou nesta quinta-feira (02) que recebeu 150 mil ampolas do Ministério da Saúde na quarta-feira (01), após reiteradas solicitações da Coordenadoria Estadual de Imunização. Mas, embora já tenha iniciado a distribuição dessas 150 mil doses, a pasta estadual não descarta o risco de desabastecimento em alguns municípios. Ainda segundo a Sesab, a falta de BCG atinge as 417 cidades baianas. Em locais como Euclides da Cunha até têm imunizantes de um lote anterior, entregue entre setembro e outubro, mas, como eles venceram no dia 30 de novembro, não podem mais ser aplicados.

A Sesab afirmou, em nota, que o Ministério da Saúde “atrasou o cronograma de entrega da vacina BGC. A Coordenação Estadual de Imunização fez reiteradas solicitações ao órgão federal para que fossem encaminhadas novas remessas e só recebeu uma nova carga com 150 mil vacinas na quarta-feira [anteontem], no fim do dia”, informou. A quantidade é insuficiente para atender todo o estado. A distribuição para os municípios foi iniciada nesta quinta-feira (02), mas Salvador, a capital, ainda não recebeu nada. A previsão é de que sejam entregues nesta sexta-feira (03).

Segundo a Sesab, as últimas remessas de BCG antes das 150 mil doses entregues na quarta-feira, foram enviadas pelo MS nos dias 29 de setembro e 07 de outubro, com 90 mil e 100 mil doses, respectivamente, com validade até 30 de novembro. São as sobras dessas remessas que as secretarias municipais não podem mais utilizar e terão de jogar fora.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), afirmou nesta quinta-feira (02) já ter acionado a Sesab para o envio de novas doses de BCG. “De acordo com a orientação da Sesab, a previsão é que a remessa esteja chegando amanhã [hoje]. Estamos aguardando a entrega por parte da gestão estadual para o reabastecimento das unidades”. 

Situação no Interior do estado

Em Itabuna, no Sul da Bahia, o estoque acabou no sábado (27). Já em Cruz das Almas, no Recôncavo, na segunda-feira (29). Em Barreiras, no Extremo-Oeste, a situação é mais grave - não há vacinas desde 31 de outubro, ou seja, há mais de um mês. Cerca de quatro mil doses são enviadas mensalmente para a cidade e os outros 15 municípios que pertencem à regional de saúde de Barreiras. 

“A gente sempre faz o pedido, todo mês, como tem que fazer. Mas não recebemos em novembro. Pedimos à 25ª Dires [Diretoria Regional de Saúde], que faz a distribuição para o Oeste, mas disseram que aguardam o Ministério da Saúde. E está toda a região assim”, revela a coordenadora de imunização de Barreiras, Renata Queiroz. 

Enquanto isso, centenas de crianças ficam sem receber a imunização na maternidade. Em Itabuna, a média de partos por mês é 450, somado aos atendimentos de famílias que vêm de outros municípios. Ou seja, nos últimos sete dias, desde que acabaram as vacinas, mais de 100 crianças ficaram sem a injeção.

“Nunca tínhamos sofrido um desabastecimento assim. Ano passado, tivemos redução no estoque, mas nunca chegamos a ficar sem”, declara a coordenadora de imunização de Itabuna, Camila Brito. 

Já em Jacobina, segundo a diretora de Vigilância em Saúde Lorenna Carla, a média é de 600 a 700 partos por mês, o que dá uma média de 46 bebês que não tiveram a vacina recebida na cidade nos últimos dois dias. 

Distribuição gradual

Segundo a Sesab, os municípios baianos receberão as novas doses da vacina de forma gradual. Em Itacaré, no Sul da Bahia, elas só devem chegar na próxima semana. Além disso, a pasta esclareceu que “a aquisição das vacinas é de responsabilidade do órgão federal [Ministério da Saúde], cabendo à Sesab a distribuição para os municípios”. 

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que distribuiu todas as doses requisitadas e negou que haja desabastecimento. “O Ministério da Saúde informa que distribuiu, em 2021, 100% do total de doses solicitadas da vacina BCG para a Bahia, sendo que em março e outubro não houve solicitação do insumo por parte do estado. A pasta reforça que não há desabastecimento da vacina BCG, e que existe quantidade suficiente em estoque”, diz o texto.

Em Lençóis, na Chapada Diamantina, não chegaram a faltar doses, mas a quantidade de vacinas na última remessa foi reduzida. “O estoque de BCG foi reduzido, mas não chegamos a ter falta. Solicitamos em torno de 80 doses por mês e recebemos 30 a 40. Como a BGC é uma vacina que vem com 10 doses, passamos a planejar nossas ações e realizar agendamento para evitar ao máximo o desperdício e garantir a disponibilidade em todas as unidades de saúde da família do município”, disse a diretora da Vigilância Epidemiológica Bruna Najara. 

A Secretaria da Saúde de Porto Seguro informou que a baixa de vacinas ocorre há mais de cinco anos. E que não seria somente com a BCG, mas com os imunizantes do Instituto Butantan e soros. A Sesab e o Instituto não confirmaram essa informação. 

Vacina deve ser aplicada em crianças de até 1 ano

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos países onde a tuberculose ainda é uma doença  frequente, como no Brasil, e a vacina BCG  integra o programa de vacinação infantil, previne-se mais de 40 mil casos por ano de meningite tuberculosa. O ideal é que a dose seja aplicada na criança logo após o nascimento ou até 1 ano de vida. 

O pediatra André Soledade, coordenador da Pediatria do Instituto Couto Maia, explica que a Bahia é uma região endêmica desta doença. Ou seja, a enfermidade nunca deixou de existir por aqui. 

“A vacina BCG protege contra os casos graves de tuberculose. Ela é aplicada logo no nascimento, quando a criança ainda está na maternidade. Ela deve ser aplicada, de preferência, antes de sair da maternidade, principalmente na Bahia, uma região endêmica de tuberculose, porque aqui nunca deixou de existir a doença”, esclarece André Soledade. 

O imunizante pode ser aplicado a qualquer momento caso a criança não tenha acesso na maternidade, segundo o pediatra, mas, deve ser feito, no máximo, até o primeiro  ano de vida. Depois dessa idade, a criança tem de fazer um teste antes de receber a dose da vacina, para não ter reações severas. “Depois de um ano de vida.  ela também pode tomar, só que se ela tiver o risco de já ter sido exposta, tem que fazer um teste antes, se não, pode dar uma uma reação muito intensa, como uma ferida e muita dor no local”, detalha. 

O médico pediatra ainda alerta que, se a vacina nunca for aplicada, a criança corre risco de morrer caso tenha contato com a tuberculose. “Se a criança nunca tomar essa vacina, o risco é ela pegar tuberculose em contato com alguém que tenha a doença e desenvolvê-la na forma grave, tanto pulmonar quanto sistêmica e neurológica, que são formas mais severas, em que a pessoa não vai ter só o quadro de tosse e febre, vai ter um quadro de infecção mais grave, e pode trazer até risco de vida ou sequelas para o resto da vida”, alerta o especialista. A informação é do Jornal Correio*

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