Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Notícias

/

Política

/

Governo dos EUA critica decisão de Moraes sobre bloqueio do Rumble no Brasil

Política

Governo dos EUA critica decisão de Moraes sobre bloqueio do Rumble no Brasil

Departamento de Justiça americano enviou carta ao ministro do STF, contestando autoridade sobre redes sociais com sede nos EUA; caso reacende tensões internacionais sobre liberdade de expressão e soberania digital

Por: Camaçari Notícias

Foto: Antonio Augusto/STF

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos enviou uma carta oficial ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, criticando decisões judiciais brasileiras que determinaram o bloqueio de plataformas digitais norte-americanas em território nacional, como a Rumble. A informação foi divulgada pelo jornal The New York Times, que afirmou ter tido acesso exclusivo ao conteúdo do documento.

Segundo o veículo, o governo dos EUA argumenta que, embora o Brasil possa aplicar suas leis no ambiente digital doméstico, não tem autoridade legal para obrigar empresas sediadas em solo americano a cumprir determinações judiciais estrangeiras. A reprimenda está centrada na suspensão da plataforma de vídeos Rumble, determinada por Moraes em fevereiro deste ano, após o descumprimento de diversas ordens judiciais por parte da empresa.

Entre as medidas ignoradas pela plataforma, estão a remoção do perfil do jornalista Allan dos Santos, investigado no Brasil por disseminação de desinformação, o bloqueio de repasses financeiros a ele e a nomeação de um representante legal da empresa no Brasil. Após uma breve reativação, o Rumble voltou a ser suspenso por decisão do STF, alimentando uma crescente controvérsia internacional.

A empresa recorreu à Justiça americana, acusando o ministro brasileiro de censura e alegando não possuir representantes com autoridade legal em território brasileiro. A corte dos EUA acatou a argumentação e determinou que o Rumble não é obrigado a cumprir as ordens emitidas por Moraes.

O documento do Departamento de Justiça americano chega em um momento delicado, marcado por tensões políticas entre os governos de Brasil e Estados Unidos, especialmente após o retorno de Donald Trump à cena política. O atual secretário de Estado, Marco Rubio, declarou em audiência no Congresso americano que sanções contra Alexandre de Moraes estão em análise e que há “grande possibilidade” de que sejam implementadas.

Entre as sanções possíveis, está a aplicação da Lei Magnitsky, mecanismo legal adotado pelos EUA para punir pessoas acusadas de corrupção ou violação de direitos humanos. Caso a medida seja adotada, o ministro brasileiro pode ter o visto suspenso e seus bens congelados em território norte-americano.

A CNN procurou o gabinete de Alexandre de Moraes para comentar o caso, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

CEO do Rumble provoca Moraes nas redes

Em meio à repercussão, o CEO do Rumble, Chris Pavlovski, fez uma publicação irônica na rede social X (antigo Twitter), questionando: “Não está na hora do Rumble voltar ao ar no Brasil?” — em uma clara alusão às disputas judiciais em andamento e à nova postura do governo americano.

A suspensão da plataforma no Brasil foi determinada por Alexandre de Moraes em 21 de fevereiro. Na decisão, o ministro ordenou “a suspensão imediata, completa e integral, do funcionamento do Rumble INC. em território nacional, até que todas as ordens judiciais […] sejam cumpridas e seja indicado, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional”.

Para Moraes, a conduta da empresa configurou “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais, além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros”.

O episódio acende novamente o debate sobre os limites da soberania nacional no ambiente digital, a liberdade de expressão nas plataformas e a crescente judicialização das redes sociais em contextos políticos polarizados.

 

Relacionados