Campos Neto alerta: polarização trava crescimento e dívida pode subir até 5 pontos por ano

Em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo, o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto afirmou que discursos que dividem o país entre “nós contra eles” prejudicam o desenvolvimento econômico estrutural. Ele defendeu que é preciso unir empresários, trabalhadores e governo para enfrentar desafios fiscais.

Campos Neto também rebateu críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que atribuiu a ele parte da alta de juros ao deixar o cargo. O ex-presidente do BC disse que a narrativa política não deve se sobrepor à busca de soluções concretas para a economia.

Sobre sua atuação futura, agora como vice-presidente e chefe global de políticas públicas do Nubank a partir de 1º de julho, Campos Neto negou envolvimento em disputas eleitorais, como nas especulações sobre apoio a Tarcísio de Freitas. Ele avaliou ainda uma guinada à direita na América Latina, criticando as ideologias de esquerda por focarem em igualdade ao invés de erradicar a pobreza.

No âmbito fiscal, Campos Neto alertou para o risco da dívida pública disparar entre 3 e 5 pontos percentuais ao ano caso o governo brasileiro não retome superávits primários. Com déficits persistentes, a dívida permaneceria alta, e o juro nominal ficaria estável ao redor de 8%.

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