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'Se for incômodo trazer paz para Camaçari, vou incomodar', diz PM

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'Se for incômodo trazer paz para Camaçari, vou incomodar', diz PM

Por: Sheila Barretto

Tenente-coronel Henrique Melo, comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar (Foto: Sheila Barretto/CN)

O 12º Batalhão da Polícia Militar da Bahia, comandado pelo Tenente-Coronel Carlos Henrique Melo, está realizando uma ação em Camaçari, com o intuito de coibir a poluição sonora e desordem provocadas por alguns bares em diversos pontos da cidade. Apoiada pela Ministério Público e pelo Comitê Interinstitucional de Segurança Pública (CISP), a ação vem controlando os horários de funcionamento dos estabelecimentos no bairro do Inocoop, Praça da Simpatia e no Centro Comercial. A reportagem do Camaçari Notícias esteve no 12º BPM e conversou com o Comandante Henrique Melo sobre o assunto.

O tenente-coronel Melo começou a entrevista explicando de onde partiu a iniciativa da ação nos barres do Inocoop. “Nós, assim que chegamos, recebemos centenas de queixas por poluição sonora, arruaças e até mesmo relações sexuais no meio da rua e diante disso, chamei os empresários para três reuniões, pra que eles reduzissem o nível de poluição sonora e dos problemas”. Mesmo após essas reuniões, a desordem continuou, a ponto de haver disputas de paredões e uma confusão generalizada, segundo o policial. “Neste dia eu mandei convocá-los para que comparecessem ao quartel, para uma nova reunião sobre esses incômodos”, disse o comandante.

De acordo com o tenente-coronel, 16 empresários estiveram presentes na reunião e eles mesmos sugeriram a utilização de som até às 22h e funcionamento dos bares até 1h da manhã. “Todos assinaram, não houve nenhum tipo de protesto. Para minha surpresa, quando saíram daqui começam a aparecer notícias que eu era arbitrário, um determinado site colocou até a minha foto sem a minha autorização com o título ‘Incômodo’. Se for incômodo trazer paz para a população de Camaçari, eu vou incomodar mesmo, porque o meu objetivo é melhorar a qualidade de vida da população. Não é justo que um pequeno grupo vá auferir lucro às custas do incômodo de toda a população de uma cidade”, afirmou.

A Praça da Simpatia também se tornou um desafio para a Polícia Militar. “Na Praça da Simpatia nós tivemos homicídios e tentativas de homicídios, e aí nós convocamos os proprietários aqui e todos eles, com exceção de um, foram unânimes em afirmar que a permissão da prefeitura era o funcionamento até às 22h. Fizemos uma reunião, a maioria concordou e, na verdade, eles que propuseram, pra não fechar 22h, som até esse horário e fechamento à meia noite, porque era até arriscado e quando tinha confusão, todos levavam a fama, quando só era um que ficava aberto. Então não vi problema nenhum, brotou deles mesmos, e novamente apareceram notícias falsas a esse respeito, de que eu tinha tomado a decisão sem me reunir. Eu não tomei nenhuma medida sem me reunir [com os interessados]. Eu tenho um documento do Ministério Público, da Promotoria de Meio Ambiente, que determina à Polícia Militar a fiscalização da poluição sonora e eu cumpro a obrigação, além de trazer qualidade de vida à população” disse o policial.

No início desta semana, a ação da PM chegou aos bares que ficam dentro do Centro Comercial de Camaçari. O comandante Henrique Melo explica o que aconteceu. “Passamos por uma situação muito complicada em nosso Mercado Municipal. Houve uma reunião sobre uma possível reforma, mas houve uma discordância, uma manifestação, não progrediu e nós temos um espaço que não comporta em torno de 200 ou mais estabelecimentos comerciais que são bares e restaurantes. É normal ter restaurantes em mercados, não bares e lá acontece todo tipo de crime, prostituição, tráfico de drogas, jogatinas e nós procuramos sempre atuar. Nós fazemos a operação Mercado Seguro que diariamente realiza abordagens lá. E não é normal também um mercado onde já morreram seis pessoas e já tivemos outro número de tentativas de homicídio, fora confusões, brigas. Por último tivemos uma outra morte. Os permissionários já tinha sido avisados de que qualquer tentativa de homicídio ou homicídio eles iriam fechar, nós iríamos nos reunir para apurar o que foi que houve. Porque infelizmente qualquer pessoa está ali naquele bar, e pode ser até um criminoso. Nós já prendemos cinco pessoas armadas dentro da área dos bares”, contou.

A morte a qual o tenente-coronel se refere é do jovem Francisco dos Santos, de 18 anos, que foi morto a tiros no estacionamento externo do Centro Comercial na última segunda-feira (24). “Evidentemente precisamos tomar uma medida. A Polícia Militar procurar tomar medidas preventivas, ela não espera acontecer. Quando essas medidas não são adotadas pelos outros órgãos, a gente lidera, vai lá e enfrenta as críticas, mas enfrentamos as críticas com calma, com tranquilidade porque estamos agindo dentro da lei. No estacionamento do mercado, nós temos uma feira de produtos ilícitos, nós temos a venda de automóveis, que nós combatemos, conduzimos à delegacia”, informou.

Apesar do objetivo do trabalho visar o bem estar da sociedade de Camaçari, o comandante sabe que existe um grupo de pessoas que condenam a polícia por isso, mas ele não se abate e acredita estar no caminho certo. “Eu, enquanto responsável pela segurança pública, tenho que adotar certas medidas que não me agradam. Alguns disseram que eu estou retirando o emprego. Na verdade eu não determinei o fechamento dos bares, eu estabeleci limites porque se o mercado fecha [às 18h], como o bar permanece aberto até às 2h da manhã? O mercado fechou e ali são áreas de restaurante, então é preciso uma atuação para que ele volte a ser um mercado. Ele é bonito, bem estruturado, nós temos comerciantes que nada tem a ver com aquela confusão, que tiram seu sustento realmente do mercado, mas temos outros que vivem de bar e trazem todo esse problema. Jamais eu vou querer tirar emprego de ninguém, mas não é justo que, para que ele venha auferir os seus lucros, vidas sejam ceifadas”, concluiu o policial.

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