Polícia Militar entrega donativos à família das 10 crianças abandonadas

60kg de alimentos não perecíveis foram doados pelos policiais (Foto: Sheila Barretto/CN)

Na manhã desta quinta-feira (03), policiais militares do 12º Batalhão e da Base Comunitária de Segurança (BSC), estiveram na localidade conhecida como Planeta Água, entre Arembepe e Barra do Jacuípe, na orla de Camaçari, para entregar roupas, alimentos e brinquedos para a família das 10 crianças que foram encontradas em situação de abandono no Phoc II no mês passado. A reportagem do Camaçari Notícias acompanhou a visita.

O local é de difícil acesso e chamou atenção um esgoto a céu aberto bem na frente da casa onde a família está morando atualmente. Segundo Luciana, mãe das crianças, a casa é de uma amiga que deixou que ela ficasse lá até construir sua própria casa. O marido não estava, segundo ela, ele tem feito alguns bicos, limpando quintais pela região. A residência é pequena e extremamente quente. Possui apenas três cômodos, um quarto, banheiro e a sala que também serve de cozinha. O fogão e a geladeira que tem, são da dona da casa.

A casa é pequena e sem ventilação (Foto: Sheila Barretto/CN)

Luciana disse que mesmo assim, consegue acomodar todo mundo. “As mais velhas dormem na casa de uma vizinha e os menores ficam aqui comigo e com meu marido”, disse ela. A conselheira tutelar, Valdinéa Mota, que também esteve presente, questionou o fato de eles estarem vivendo em um local tão isolado, onde não tem escolas ou unidades de saúde, mas a mãe das crianças alegou que lá é muito melhor e que não quer voltar para a sede. “Lá é arriscado, as crianças nem podem ficar soltas brincando porque lá tem muito carro passando pra lá e pra cá, a gente viu um menino ser atropelado lá, tanto que a gente trancava o portão direto e aqui as crianças têm liberdade pra brincar sem preocupação”, falou Luciana.

O sub-tenente Gutemberg do 12º BPM, que organizou a arrecadação junto com o capitão Albert e a soldado Mônica da BCS, conversou com Luciana e frisou que ela o marido precisam cuidar daquelas crianças e que situações de abandono como a que ocorreu no Phoc II não podem voltar a acontecer. Ela informou que o marido já está fazendo os exames para realizar uma vasectomia. A soldado Mônica ainda lembrou a situação que encontrou na casa naquele dia. “Tinha fezes pelo chão, tinha vários locais queimados, pois as crianças estavam improvisando fogueiras dentro de casa para preparar algum alimento e muita fumaça. Tanto que um dos meninos menores teve que ser levado para o hospital porque inalou muita fumaça e não conseguia respirar direito”, contou a policial.

Fraldas foram doadas para as crianças mais novas (Foto: Sheila Barretto/CN)

A conselheira Valdinéa deixou clara a preocupação com as crianças. “Estamos muito preocupados com a vinda deles pra esse local, que é muito distante, a logística pra chegar até aqui é muito difícil, eles só vão estudar no ano que vem. O ano letivo de Camaçari só termina em fevereiro, por conta das greves, então só vão estudar a partir de fevereiro. Pra nós é preocupante. O que nós pudermos fazer de melhor por eles e pra eles, nós vamos fazer. Pro Conselho Tutelar o importante é o bem estar das crianças”, disse. Valdinéa reconhece que o ideal não seria devolver às crianças aos pais, mas Camaçari não dispõe de um local adequado para abrigá-las. Nossa reportagem tentou entrar em contato com a Secretária de Ação Social para saber se está sendo feito um acompanhamento junto a essas crianças, mas o telefone deu sinal de ocupado em todas as tentativas.

Segundo a mãe, uma amiga emprestou a casa até que ela construa a dela (Foto: Sheila Barretto/CN)

O mais novo ainda vai completar dois meses de idade (Foto: Sheila Barretto/CN)

Soldado Medina, sub-tenente Gutemberg e soldado Mônica com as crianças (Foto: Sheila Barretto/CN)