Técnico de enfermagem do Santa Helena denuncia sobrecarga de trabalho; hospital responde

(Foto: Reprodução)

Um técnico de enfermagem do Hospital Santa Helena de Camaçari entrou em contato com a redação do CN1 para relatar o desgaste a que ele e os colegas estão sendo submetidos nos plantões. Ele conta que são plantões de 24h ou mais e que o número de profissionais é insuficiente para dar conta do número de pacientes. Acompanhe o relato:

“Nós, técnicos de enfermagem do Hospital Santa Helena, localizado em Camaçari, estamos passando por momentos tenebrosos. Pegamos plantão às 7h da manhã e só largamos 7h da manhã do outro dia. Acontece que já entramos em contato com o COREN-BA solicitando uma fiscalização no Hospital Santana Helena, pois estamos tendo os nossos direitos violados, somos obrigados a ficar com nove pacientes, para duas técnicas de enfermagem”.

“De acordo com o Parecer Normativo 02/2020, para cada 10 leitos, é necessário de 4 a 8 enfermeiros, de acordo com a carga horária, e de 7 a 16 (dezesseis) técnicos e/ou auxiliares de Enfermagem nos hospitais gerais e de campanha. Já nas UTIs, o coeficiente para cada 8 leitos é de 1 enfermeiro e 4 técnicos de Enfermagem. Mas na prática isso não está ocorrendo”.

“Já conversamos com o enfermeiro administrativo, mas nada ele faz, apenas informa que a Unidade está contratando mais profissionais, isso desde agosto de 2020, é o tempo todo cobrando de nós, técnicos de enfermagem. Como é que temos um enfermeiro administrativo que só sabe cobrar de nós? É o tempo todo mandando mensagem, os plantões têm sido um verdadeiro inferno”.

“Uma colega recentemente teve que dobrar para 36 horas, estava passando mal dentro da Unidade com a pressão alta devido a carga horária de trabalho, entrou em contato com o enfermeiro administrativo, que por sua vez informou que ela não poderia abandonar o plantão”.

“Já não sabemos mais a quem recorrer. O COREN-BA só está preocupado com as mensalidades, nada faz, se precisarmos de uma equipe de fiscalização de urgência, não temos, o número de telefone chama, chama e ninguém atende. Só temos a imprensa que pode intervir por nós, técnicos e enfermeiros”.

Entramos em contato com a assessoria do Hospital Santa Helena que, por meio de nota, informou que a situação se deve à pandemia da Covid-19 e que mais profissionais de saúde devem ser contratados ainda neste mês de março. Leia o comunicado na íntegra:

Em resposta à denúncia nos apresentada hoje (04/03), referente à equipe de enfermagem, e em específico técnicos de enfermagem, nos é devido tecer as seguintes considerações:

Estamos vivenciando no mundo, e de forma mais grave no Brasil, o pior cenário de uma pandemia que perdura há um ano. O Hospital Santa Helena, assim como vários outros serviços de saúde do nosso Estado e da Federação, vem enfrentando tal cenário com as melhores alternativas possíveis. Entretanto, é necessário entender a operacionalização dos serviços de saúde que se predispõe a atender vítimas do COVID19, e, em específico, aqueles de maior gravidade.

Ao longo dos últimos 12 meses, a taxa de ocupação oscilou entre 25% a 100% e o perfil dos pacientes sofre constantes mudanças, requerendo, muitas vezes, intervenções antes pouco empregadas. A equipe de enfermagem é o maior "alicerce" do nosso serviço e desde o início da pandemia, em 2020, mensalmente, estamos realizando processos seletivos e contratações, sendo que, devido à grande procura por profissionais de saúde em todos os serviços, por vezes, existem atrasos para selecionar profissionais, capacitar e disponibilizar essas pessoas em escala de trabalho.

O Conselho Federal de Enfermagem utiliza como referência a Resolução COFEN nº 543/2017, que trata do Dimensionamento do Pessoal de Enfermagem. Tal resolução aponta que a proporção de enfermeiros e técnicos de enfermagem está correlacionada com o grau de dependência dos pacientes e sua gravidade a sinalizamos que avaliamos rotineiramente o perfil dos nossos pacientes para dimensionar a equipe. Entre o mês de agosto/2020 até fevereiro/2021 ocorreram 30 contratações entre técnicos de enfermagem e enfermeiros; para o mês de março, temos a previsão de mais 20 admissões.

Trabalhamos ainda com o artifício do IST (índice de segurança técnica), que corresponde em torno de 30% a mais de pessoal de enfermagem para cobertura de férias e atestados, e, mesmo assim, ainda existem fatalidades que geram dobras, já que os profissionais de saúde também adoecem de forma inesperada. Em se tratando de serviços de saúde, o profissional médico, de enfermagem, fisioterapia e outras categorias, para ser liberado do seu plantão, implica que outro colega deve assumir a assistência, a fim de que não haja descontinuidade do cuidado.

Por fim, ressaltamos que o diálogo e o acesso à Gerência de Enfermagem e à Diretoria do Hospital sempre se mantiveram abertos a qualquer colaborador. Todas as queixas e demais solicitações sempre são ouvidas e ponderadas, buscando o pronto atendimento das necessidades dos nossos colaboradores.