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Salvador
Por: Pesquisa Web
Até sábado, as praias da capital já haviam registrado duas mortes na área de jurisdição do Salvamar
O que seria um agradável churrasco na praia entre amigos acabou se transformando no prenúncio de uma tragédia após três rapazes desaparecerem no mar da praia conhecida como Bora-Bora, que fica próxima ao Farol de Itapuã.
Familiares, amigos e vizinhos, que também participavam da confraternização, acompanharam com apreensão, durante todo o domingo (20), as buscas realizadas por equipes da Coordenadoria de Salvamento Marítimo da Prefeitura de Salvador (Salvamar) e do Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros da Bahia (Gmar), que tentavam encontrar os jovens Wilson Neto dos Santos, 23 anos, Gabriel Alves dos Santos e Diego Paranhos, que foi localizado no final tarde de ontem. As buscas serão retomadas hoje.
Com a proximidade da temporada de sol e de praias lotadas, o acontecimento serve como alerta para os cuidados que devem ser tomados na hora de curtir o mar. As ocorrências de pré-afogamento em setembro mais que dobraram, quando comparadas com o mesmo mês no ano passado. Em 2014, todo o mês de setembro registrou 47 pré-afogamentos.
Nos dias 12 e 13 de setembro deste ano, foram 57 vítimas de pré-afogamento, que, quando somadas ao final de semana anterior - ampliado com o feriado de Sete de Setembro, que caiu numa segunda-feira -, o volume de casos chegou a 121 ocorrências (157% a mais na comparação, faltando ainda mais de uma semana para o mês acabar).
Até sábado, as praias da capital já haviam registrado duas mortes na área de jurisdição do Salvamar, entre o Jardim de Alah e Ipitanga, e outras duas na área sob responsabilidade do Gmar, entre Pituba e São Tomé de Paripe.
Período de transição
Segundo o coordenador-geral do Salvamar, João Moraes, a área onde os três amigos desapareceram no sábado tem uma corrente muito forte. Além disso, a praia tem muitas pedras e um declínio muito elevado.
“Neste período do ano, a transição entre inverno e primavera contribuem bastante para este comportamento do mar, deixando a corrente ainda mais forte”, explicou. Além das praias próximas ao Farol de Itapuã, o coordenador citou outras onde o banhista precisa redobrar a atenção.
Buscas
Moradores de Paripe, os amigos saíram de carro logo depois que o eletromecânico Wilson Neto dos Santos fez o convite para a festa. “Ele só disse à mãe que ia para um churrasco. Ela nem sabia que seria na praia”, conta Alexandro dos Santos, um dos vizinhos que acompanhava as buscas.
Depois das 17h30, foi a namorada de Wilson, que não teve o nome revelado, que ligou para a família para dar a notícia. “Tanto ela, quanto o pai e a mãe dele estão inconformados. A namorada também estava com ele na praia. Ela está grávida e eles iam casar no mês que vem”, relatou um primo de Wilson, que não quis se identificar.
Os familiares contaram também que o eletromecânico sabia nadar, mas conhecia a praia há pouco tempo. “A primeira vez que ele veio aqui foi no 7 de setembro e depois desse dia ele só falava nesta praia. Ficou fascinado”, relatou o primo. Foi justamente esta insistência que levou os rapazes para aquela parte da praia de Itapuã.
Além dos três que desapareceram (um foi localizado ontem), um quarto amigo quase se afogou. Foi o estudante Nilson Weverton, 25, que ao ver os três colegas se afogando, também entrou no mar, ignorando a bandeira vermelha do Salvamar, que indicava perigo. “Eu estava fora da água. Quando vi, eles já tinham caído no mar. Entrei também para tentar salvar alguém, mas não consegui”, relatou. Ainda segundo Nilson, que foi resgatado por salva-vidas, “a distância de um para o outro estava muito curta e eles se afogaram rápido”.
Segundo o salva-vidas Luiz Cláudio de Souza, no sábado, a praia estava sinalizada com a bandeira, justamente, porque o mar estava forte. “O problema é que o pessoal não obedece. A gente faz a prevenção direto, mas as pessoas insistem”, justifica o agente de resgate do Salvamar.
Desrespeito à sinalização é uma das principais causas de acidentes
Para que o dia de sol não se transforme em momento de angústia e agonia, o coordenador-geral do Salvamar João Moraes reforça alguns cuidados que o banhista precisa tomar antes de entrar na água.
“Assim que chegar à praia, é preciso buscar informações com a Salvamar, que vai indicar o local adequado para o banho. Quem for nadar, deve nadar também paralelo à praia e evitar ir para o fundo”, recomenda Moraes, que ressalta também a importância de respeitar a sinalização em que a presença da bandeira vermelha indica sinal de perigo para o banhista. “Tome banho sempre sem passar na linha da cintura e evite o excesso de bebida alcoólica”, acrescenta.
Este aviso foi ignorado, ontem, pelo serralheiro Abraão Oliveira, 20, quando entrou no mar da praia de Piatã, mesmo com a sinalização de alerta. “Eu já conheço o mar. Não tenho medo. Eu tinha até visto a bandeira, mas não dou muita importância. Isso aí é mais para quem não sabe nadar. Já peguei até correnteza. ‘Esta praia como tá hoje?’ Pra mim é peixe pequeno”, brincou.
A postura de Abraão se repete no comportamento de outros banhistas, como afirma o salva-vidas do posto da Salvamar de Piatã, Pedro Henrique Falcão. “O pessoal não respeita, invade mesmo. Só no domingo (13), eu fiz aqui 16 resgates”, contabilizou. Mas também tem gente como a auxiliar administrativa Cintia Cerqueira, 35, que com placa ou sem placa respeita a maré. “Venho mais para resenhar e tomar sol”, diz. Não tem nada que a faça ultrapassar o limite da bandeira: “Só vou até a areia e pronto. Já está bom demais”.
PM e prefeitura são responsáveis por vigilância nas praias
O Grupamento Marítimo (Gmar), que faz parte da estrutura da Polícia Militar, e o Salvamar, ligado à prefeitura, são os dois órgãos responsáveis por cuidar da segurança dos banhistas nas praias da capital. Há uma divisão geográfica da atuação dos grupos: o primeiro atua da orla entre a Pituba e São Tomé de Paripe. Já o Salvamar cuida das praias entre o Jardim de Alah e Ipitanga. “É um trabalho de parceria. Um exemplo disso é que este domingo estamos todos na região de Itapuã fazendo as buscas”, pondera João Maraes, coordenador-geral do Salvamar.
Quatro pessoas já morreram afogadas este ano em Salvador
Salvador já contabiliza este ano quatro mortes por afogamento. A mais recente foi no dia 6 de setembro, quando Danilo Santos de Souza, 24 anos, se afogou na praia de Jaguaribe. Em maio, Moisés Lima Bispo, 14 anos, também se afogou na praia de Amaralina. O jovem estava hospedado com familiares em um hotel próximo ao local. No dia 5 de abril, no bairro do Bonfim, o idoso Manoel Laurencio dos Anjos, 79 anos, se afogou ao tomar um banho de mar sozinho, após caminhar pela praia. Em fevereiro, um homem não identificado também morreu, na praia da Barra.
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