Respeito às crenças é diferencial que atrai turistas à Lavagem do Bonfim

Agradecimentos e pedidos de paz e bênçãos levaram baianos e turistas a formar um extenso cortejo entre a Basílica da Conceição da Praia e a Igreja do Bonfim, nesta quinta-feira (17), em Salvador. Ritual de fé repetido desde o século XVIII, a Lavagem do Bonfim é um dos principais eventos do calendário de festas populares do verão da Bahia.

Durante todo o percurso, baianas tipicamente trajadas levam nos braços jarros de cerâmica com água de cheiro (água aromatizada com folhas e ervas) para lavar a escadaria e o adro da igreja, como uma preparação - realizada desde os tempos da escravidão no Brasil - para a festa católica.

O evento é marcado pelo sincretismo religioso, no qual o Senhor do Bonfim da igreja católica guarda características do orixá Oxalá, pai de todos os demais orixás das religiões de matriz africana. Daí o costume de se usar branco no dia da festa, que tem participação de católicos, adeptos do Candomblé.

Características singulares desta celebração atraem turistas como Luciana Paulino. A paulista, que ficará em Salvador até fevereiro, se disse interessada pelas festas populares e o turismo étnico. "Essa mistura de sagrado e profano é uma coisa que só existe na Bahia. Também vou à festa de Iemanjá", disse a visitante.

Já Elânia Guedes, do Espírito Santo, participa da Lavagem do Bonfim pela segunda vez. "Somos muito religiosos e admiramos a festa porque todo mundo se respeita", explicou a turista, ao se referir à participação de pessoas de todos os credos. Em uma semana na Bahia, ela e o marido pretendem visitar Morro de São Paulo e fazer turismo gastronômico.

Data festiva - A festa católica do Senhor do Bonfim terá seu auge no domingo (20), com missas celebradas às 5h, 6h, 10h, 11h, e 15h, além da missa solene presidida pelo Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, às 7h30. Uma procissão está prevista para 16h, com saída da Igreja dos Mares em direção à Basílica do Senhor do Bonfim.