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Sem solução, sumiço de Davi Fiúza completa 5 anos: 'É aterrorizante'

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Sem solução, sumiço de Davi Fiúza completa 5 anos: 'É aterrorizante'

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Por: G1

Adolescente tinha 16 anos quando desapareceu após abordagem policial

O sumiço do adolescente Davi Fiúza, ocorrido após abordagem policial, em Salvador, completou cinco anos nesta quinta-feira (24). Segundo Rute Fiúza, mãe do jovem, o caso segue sem nenhuma solução e respostas para a família.

O garoto sumiu em outubro de 2014, durante uma operação policial na localidade conhecida como Jardim Vila Verde, na Estrada Velha do Aeroporto. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil em agosto de 2018, com o indiciamento de 17 policiais militares que teriam participado da abordagem.

Apesar do inquérito, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) ofereceu denúncia contra sete deles, por sequestro e cárcere privado. Após denúncia do MP-BA, o caso seguiu para a Justiça Militar.

Nesta quinta-feira, o G1 entrou em contato com a Polícia Militar, para saber qual a situação do processo na Justiça Militar e apurar se já há um resultado do processo administrativo aberto contra os militares envolvidos no caso. Foi também questionado se os policiais denunciados permanecem trabalhando e em quais funções.

O MP-BA informou que após a denúncia feita em setembro de 2018, o órgão acompanha o caso e aguarda o recebimento da denúncia junto à Justiça Militar e o andamento do processo.

Desde o sumiço do filho, segundo Rute, a lentidão marca o processo de investigação nesta meia década do desaparecimento.

"O estado, com seus órgãos, tem uma lentidão. Primeiro, para que haja o esquecimento. Depois para que não haja cobrança. Comigo está sendo o contrário. Eu vou cobrar até o final. Nós não temos nenhuma novidade. Isso é aterrorizante. Não vou permitir o esquecimento. Eu sou a mãe dele. Como mãe, tenho total legitimidade de cobrar”, disse.

Ela contou ainda que desde o sumiço do filho, luta para que as pessoas não esqueçam do caso, e que a esperança tem ajudado na rotina marcada pela saudade, reflexão e luta.

“Nesses cinco anos, cinco anos de luta, fiz do meu luto uma luta. Não tivemos resposta do estado. É um absurdo. Nós sabemos o que está acontecendo. O que mais dói é saber que há uma lentidão proposital do estado. Hoje, é um dia de reflexão, saudade, mas de esperança. Não posso perder isso. Se não a gente afunda de vez", completou.

Desaparecimento forçado

Em agosto deste ano, a Anistia Internacional e a ONU pediram esclarecimentos sobre a investigação do caso. Na época, Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, afirmou que o caso é enquadrado como um desaparecimento forçado.

"A pessoa não saiu de casa e foi embora. Ela foi retirada por alguém do estado, por um agente do estado. Ou seja, o estado brasileiro tem responsabilidade, não explicou, desapareceu e não prestou contas do que aconteceu com essa pessoa”, explicou Jurema Werneck.

Caso

O adolescente David Fiúza sumiu no dia 24 de outubro de 2014, após uma abordagem realizada por policiais do Pelotão de Emprego Tático Operacional (PETO) e Rondas Especiais (Rondesp), no bairro de São Cristóvão, na capital baiana.

A família denunciou que ele foi encapuzado com a própria roupa, por policiais. Ele teve mãos e pés amarrados e foi colocado no porta mala de um dos carros que não tinha plotagem. No momento da ação, o menino conversava com uma vizinha na Rua São Jorge de Baixo, que fica na comunidade de Vila Verde.

A mãe dele chegou a se reunir com representantes da Anistia Internacional para solicitar que a Polícia Federal investigasse o caso, e cogitou, ainda, processar o Estado por causa da falta de resolução e avanço nas apurações.

Desde o dia do desaparecimento do filho, Rute disse que percorreu delegacias, Instituto Médico Legal e até locais de "desova" de corpos para tentar encontrar indícios dele, mas nunca teve pistas do garoto.

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