Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Notícias

/

Salvador

/

“Nunca imaginei que um PM pudesse fazer isso”, diz pai de menino envenenado em Salvador

Salvador

“Nunca imaginei que um PM pudesse fazer isso”, diz pai de menino envenenado em Salvador

.

Por: Pesquisa Web

Genário da Silva, pai de Gabriel Cabral da Silva, 5, morto envenenado por policial militar. Foto: reprodução

Emocionado, o pai do pequeno Gabriel tem a voz embargada ao relatar a última imagem que teve do filho. “Nem sei o que dizer. Dói, dói muito. Vi de perto os corpos do meu filho e de minha ex em cima da cama. Nunca imaginei que um policial pudesse fazer isso”, desabafou o porteiro e dono de um lava jato, Genário da Silva, 53 anos. A informação é do Jornal Correio* 

Ele é pai de Gabriel Cabral da Silva, 5, e ex-marido da mãe do menino, a técnica em enfermagem Valdice Maria Cabral da Silva, 47. Mãe e filho foram mortos por envenenamento em fevereiro deste ano. Segundo a Polícia Civil, o autor do crime é o soldado da Polícia Militar Adelson Silva Rosário, que tinha um mandado de prisão pelas mortes de mãe e filho. 

O caso teve um desfecho nesta terça-feira (2): o PM foi encontrado morto em um hotel em Sergipe. Sobre a morte do policial, Gerário disse: “A minha vontade era encontrar com ele, pra a gente brigar feito homem até o fim, mas Deus o livrou porque eu ia acabar com ele”, desabafou. Gabriel era o filho caçula do porteiro – ele tem outros dois filhos maiores de outro relacionamento.    

Genário e Valdice tiveram uma relação que durou cinco anos. O ex-casal viveu junto no apartamento onde ocorreu o crime até o início de 2019, quando o próprio Genário resolveu deixar o imóvel alugado. Segundo ela, os dois discutiam muito. “Então, os desentendimentos foram crescendo, crescendo e resolvi sair e ir para Dias d’Avila, mas nunca deixei nada faltar ao meu filho. Fazia mercado, pagava o colégio, ligava sempre. Gabriel era e sempre será o amor de minha vida”, disse sobre o filho caçula.   

Apesar da separação, Genário e Valdice tinham uma relação de amizade. O companheirismo entre os dois era tamanho, que a técnica de enfermagem ficou três meses na casa dele, junto com Gabriel, enquanto estava afastada do trabalho se recuperando de um problema de saúde. “Setembro, outubro e novembro passei cuidado dela aqui em casa. Foram dias de muita luta, mas ela se recuperou e já estava preparava para voltar a trabalhar” contou Genário. 

Bem de saúde, Valdice voltou para o seu apartamento junto com o filho em Jardim das Margaridas, pois na semana seguinte retornaria à Unidade de Saúde da Família Aristides Pereira Maltez, em Itapuã. A última vez que Gerário viu a ex-mulher e o filho com vida foi dia 6 de dezembro. Ele havia dormido no imóvel e, durante uma conversa, perguntou se a ex estava namorando. “Dormi lá no dia 5 e saí dia 6.  Perguntei se estava com envolvimento com alguém, se estava levando alguém para dentro de casa, ela negou para mim e depois para a família. Perguntava por causa do menino, para preservá-lo”, contou.  

Indícios 
Mãe e filho foram encontrados mortos no apartamento no dia 11. Como os corpos estavam em estado avançados de decomposição, a polícia no dia informou que o crime teria acontecido havia pelo menos dois dias. No entanto, no dia 10, o porteiro recebeu a mensagem no celular da ex-mulher lhe perguntando sobre uma senha de banco. “Val perguntava onde ela havia colocado a senha de um banco. Mas aí respondi: ‘oxe, mulher? Não falei que era pra você ter guardado num local seguro? Foi então que recebi a mensagem: ‘Ah, tá. Vou olhar aqui’. Mas hoje sei que era ele se passando por ela”, contou.  

No mesmo diálogo Genário lembrou que devia uma quantia à técnica de enfermagem e então a lembrou e se justificou, dizendo que levaria a quantia ainda naquele dia. A resposta recebida no número de telefone da ex-mulher chamou a atenção do porteiro, que passou a desconfiar de alguma de errado estava acontecendo. “Disse: ‘Val, estou esperando sair o dinheiro e vou levar a sua quantia e a de Gabriel, viu?’. Aí veio a resposta: ‘Não tem pressa, porque vou trabalhar e depois vou ao médico’. Foi então que estranhei. Sempre que atrasava um pagamento, ela sempre queria o dinheiro na hora. Nunca foi de deixar para receber em outro dia. E perguntei: ‘Oxe? Bateu com a cabeça? Cadê Gabriel? Está com a madrinha ou com a avó?’. E as mensagens pararam”, narrou.  

No dia seguinte (11), Genário recebeu a ligação da ex-sogra perguntando pela técnica de enfermagem, pois ela não atendia às ligações e não tinha retornado ao trabalho. Já desconfiado das mensagens recebidas do número da ex-mulher no dia anterior, o porteiro ligou para o celular de Valdice e, para a surpresa, um homem atendeu. “Ele falava com uma voz forçada, como se quisesse disfarçar a voz, dando a entender que Val tinha sido sequestrada por um desconhecido. “’Quem é? Quem está falando?’ E depois desligou”, contou. Nessa hora, o porteiro ligou para os parentes da técnica de enfermagem pedindo para que alguém fosse encontra-lo no apartamento de Jardim das Margaridas, pois acreditava que a ex e o filho estavam sob o poder de bandidos.   

Quando chegou no apartamento, Genário encontrou um par de sandálias de Valdice e porta trancada por dentro. Então, ele arrombou e encontrou dois ventiladores ligados e a porta da geladeira aberta. Quando foi para um dos quartos, ele deu de casa com a cena.  “Não quero que ninguém passa o que passei. Vi de perto os corpos do meu filho e minha ex em cima da cama”, desabafou.   
 

 

Relacionados