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Acelen deixa de abastecer navios em Salvador e baianos pagarão mais caro por produtos

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Acelen deixa de abastecer navios em Salvador e baianos pagarão mais caro por produtos

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Por: Pesquisa Web

(Foto: Manuela Cavadas - Metropress)

Cerca de 40 navios por mês estão deixando de ser abastecidos na Baía de Todos os Santos e portos da região desde o dia primeiro de dezembro de 2021. A data marca o início da operação da Acelen na Refinaria de Mataripe, vendida pela Petrobras ao fundo de investimentos Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, por US$ 1,8 bilhão — cerca de R$ 10,1 bilhões, à época da cotação da moeda. A informação é do Metro 1*

Desde então, a nova empresa deixou de prestar o serviço que era ofertado pela Petrobras há muito anos. Segundo o Sindicato das Agências de Navegação do Estado da Bahia (Sindinave), a suspensão do Bunker, como é conhecido o óleo e a operação de abastecimento, traz impactos significativos para a economia da Bahia.

Isso porque abastecer navios traz uma série de serviços associados, que geram arrecadação de impostos e movimentação econômica para a cidade. Durante a parada para abastecimento, são utilizadas barcaças para levar o combustível até o navio, ancorado na baía ou nos portos adjacentes. Esta operação traz também pequenas embarcações de contenção de óleo, o trabalho de despachantes, agentes marítimos e lanchas para transporte.

Além disso, os navios aproveitam a parada para trocar a tripulação, o que gera demanda para hospedagem nos hotéis, acionando serviços de transporte e alimentação, por exemplo. Conforme o Sindinave, os navios aproveitam ainda para comprar toneladas de alimentos para a sequência da viagem e recebem peças para manutenção dos equipamentos. Todos estes serviços promovem a arrecadação de tributos em diferentes esferas. O ICMS para o estado; o ISS para o município, além de PIS, Cofins e IPI para a União. 

FRETE MAIS CARO

As consequências negativas da suspensão do abastecimento não param por aí. Representantes do Sindinave informam que os navios que abasteciam na Bahia precisam agora programar paradas extras de abastecimento em outros portos do país. Isso vai encarecer o valor do frete dos produtos, o que pode ser repassado para o consumidor final.

O Sindinave informou o problema à Agência Nacional do Petróleo (ANP) desde dezembro passado. Em comunicado mais recente, em 30 de março, a ANP afirmou que mantém constante diálogo desde o ano passado com a Petrobras e Acelen para buscar o retorno do fornecimento o mais rápido possível, além de ter feito “mais de oito reuniões no período”.

Conforme a ANP, a Acelen informou que tem o combustível disponível para quem quiser comprá-lo no Terminal de Madre de Deus (Temadre) e espera-se que em breve ocorra o retorno do abastecimento aos moldes equivalentes praticados anteriormente.

A Acelen informou, em fevereiro passado, que os ativos logísticos necessários para a comercialização do Bunker Oil ao mercado local, a partir do Temadre, não fizeram parte da compra da refinaria, por isso, não foram transferidos pela Petrobras. Os ativos logísticos são justamente as barcaças que levam o combustível para abastecer os navios ancorados na Baía de Todos os Santos.

A empresa ainda disse que empenha todos os esforços para montar, o quanto antes, a infraestrutura necessária para prestação do serviço, ainda no primeiro trimestre deste ano (2022), o que não ocorreu ainda.

A Petrobras informou, por meio de nota, que vem dando suporte ao novo proprietário da RLAM com as informações necessárias sobre a operação de bunker no Terminal de Madre de Deus e na Baía de Todos os Santos.

 “O objetivo é prover soluções que possibilitem a oferta de bunker na região, caso seja a alternativa comercial do novo proprietário da refinaria”, diz a nota.
 Para o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA) suspender o abastecimento dos navios na baía foi uma decisão comercial da Acelen. A empresa teria priorizado a exportação do bunker óleo.

Segundo o diretor do Sindipetro-BA, Deyvid Bacelar, a Acelen detém hoje um monopólio na produção e distribuição de combustíveis na Bahia, em parte do Nordeste e no norte de Minas Gerais. De acordo com Deyvid, a empresa organiza seu trabalho visando recuperar o quanto antes o investimento gasto na compra da Rlam.

Procurada para responder este questionamento, a Acelen não enviou resposta até o fechamento desta reportagem.  A Baía de Todos os Santos, por suas águas calmas e profundas, tem capacidade para receber grandes navios. Essas embarcações eram atraídas para fazer o abastecimento por aqui. Segundo o Sindinave, esses navios agora estão se deslocando para os portos de Santos, do Rio de janeiro e de Itaqui, no Maranhão.

OUTROS PROBLEMAS

Além de não abastecer os navios nos portos da baía e promover uma série de perdas de receitas, a Acelen tem causado outros prejuízos para os baianos. A nova empresa já aumentou seis vezes os preços dos combustíveis este ano, enquanto a Petrobras só fez um reajuste no mesmo período.

E, embora opere na Bahia, a Acelen vende combustível mais caro para os postos daqui do que em outros estados do Nordeste. A lógica é facilmente compreendida.
Na Bahia, a Acelen domina 95% do mercado, enquanto que em Pernambuco e no Maranhão deseja competir com a Petrobras. Sendo assim, vende para os postos gasolina a preços módicos.

A justificativa da empresa é que esta é uma questão “interna”, e que leva em consideração “variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete”. Com esses constantes aumentos, caminhoneiros tem deixado de abastecer em postos da Bahia, gerando também perda de arrecadação de tributos.

Além disso, donos de postos falam em 7 mil demissões no segmentos e motoristas e motoboys têm tido dificuldade de continuar rodando. Outro impacto é que o preço do combustível acaba sendo repassado para outros produtos, justo em um contexto de empobrecimento da população.

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