Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Notícias

/

Bahia

/

Bahia tem 261 cidades que não ultrapassaram 50% da população totalmente vacinada

Bahia

Bahia tem 261 cidades que não ultrapassaram 50% da população totalmente vacinada

.

Por: Sites da Web

Salvador já aplicou 1,7 milhão de segundas doses (Arisson Marinho/CORREIO)

A Bahia tem o nono pior índice de vacinação do país, ficando à frente apenas dos estados amazônicos: Tocantins, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Amazonas e Acre. O problema, porém, não é a falta de imunizante, mas a baixa procura das pessoas aos postos. Das 417 cidades baianas, 261 não chegaram ainda a 50% da população vacinada com as duas doses contra a covid-19. Em sete municípios, menos de 20% dos habitantes completaram o esquema de duas injeções. O baixo percentual de vacinação também é compartilhado pelo estado como um todo, que está com menos de 50% da população imunizada com as duas doses. A informação é do Jornal Correio*

De acordo com os dados da Secretária da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), apenas 7,3 milhões de pessoas tomaram as duas doses de vacina no estado, o que equivale a cerca de 49% da população. O índice é ainda inferior ao de outros estados nordestinos, como Paraíba, Pernambuco e Piauí, que já estão com cerca de 75% da população completamente vacinada. No caso dos estados da região amazônica, a baixa adesão à vacinação tem relação com as distâncias e dificuldade de acesso aos postos em algumas localidades.  

Para chegar aos números da vacinação nas cidades baianas, a reportagem consultou os dados da Sesab com a quantidade de doses aplicadas em cada cidade, e a estimativa populacional mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, foi calculado o percentual da população imunizada levando em conta o total de habitantes, embora o público alvo da campanha de vacinação seja ainda as pessoas a partir de 12 anos.  

Prefeituras alegam falhas em sistema

No geral, as prefeituras baianas argumentam que não vacinaram tão pouco, criticam a estimativa de população feita pelo IBGE ou alegam problemas com o sistema da Sesab na atualização dos dados, o que ocasionaria esses índices. 

A cidade baiana que tem o pior desempenho na vacinação é Camacan, na região sul. De acordo com os números da Sesab, o município de cerca de 30 mil habitantes só vacinou completamente 13,9 mil pessoas, o que equivale a 12% da população. 

Maria Hortência Carvalho Neto, coordenadora de imunização do município, diz que esses números não refletem a realidade da cidade e confessa que não tem atualizado os dados há um bom tempo. “Realmente, eu fiquei um bom tempo sem atualizar e o secretário já me cobrou para que eu faça isso. Provavelmente amanhã teremos os números atualizados”, disse. Ela apontou o foco das equipes na vacinação como motivo do ‘esquecimento’.  

“Outras demandas apareceram, veio a correria no dia a dia, o sistema também ficava instável... não tem sido um processo fácil. Se eu parasse para atualizar os dados, não ia ter tempo de organizar a vacinação”, comenta.

Ela também relata que tem recebido vacinas perto da data de vencimento, o que exige agilidade de toda a equipe. “Já teve caso de receber doses que iam vencer em uma semana e tivemos que correr, ir até a casa do povo, para não perder nenhuma dose”, diz.  

Outras cidades apresentam dados divergentes 

A segunda cidade que menos vacinou na Bahia é Itaparica, de acordo com os dados da Sesab. A prefeitura local reclama da demora em atualizar os números no sistema estadual. “A secretaria de saúde lança para a Sesab os dados, mas parece que eles mesmos lá demoram para registrar no sistema. É igual ao que acontecia com os casos de covid, que as vezes demoravam para ser registrados”, disse a prefeitura por meio da assessoria.  

De acordo com a Sesab, Itaparica só vacinou 2,9 mil pessoas com a segunda dose, mas a prefeitura afirma que 8 mil pessoas já concluíram a imunização, o que daria um percentual de 36% de vacinados. Ainda assim, bem abaixo dos 50%. Situação similar ocorre em Santo Amaro. Por lá, segundo a Sesab, 8,5 mil pessoas estão totalmente imunizadas, o que corresponde a 14% da população. Mas a prefeitura informa que 28 mil pessoas já completaram o ciclo, o que dá 46%, também abaixo dos 50%.  

O secretário da Saúde de Santo Amaro, José Sergio Coelho de Santana, alega também a falta de consolidação dos dados: “Tem pouco tempo que assumi, houve troca na pasta há um mês. Ao assumir, identifiquei que os agentes estão vacinando, mas não fizeram o processamento, a consolidação no banco de dados. Para os órgãos de controle, o que vale é o que está consolidado no sistema. Mas já montamos uma força-tarefa para lançar no sistema. Antes era uma pessoa só fazendo isso e são 17 PSFs, mais a equipe da vacinação, o fluxo era maior de vacinação do que de lançamentos”, afirma.

Em nota, a Sesab disse que houve uma atualização no sistema de envio de dados da vacinação e nem todos os municípios fizeram o carregamento das informações relativas ao público vacinado. “Desta forma, os números apresentados no vacinômetro correspondem apenas ao totalizado por alguns municípios, dando a impressão de queda na cobertura vacinal”.

A pasta também pede que todas as cidades atualizem corretamente os dados. “Todas as informações que são disponibilizadas são dados preenchidos pelos municípios nos sistemas de imunização. Para que a Secretaria da Saúde do Estado possa atualizar qualquer dado, é necessário que as secretarias municipais façam a alimentação dos sistemas. Neste momento, há uma defasagem nas informações por conta de uma atualização no sistema do Ministério [da Saúde], fazendo com que todos os munícipios tenham que alimentar novamente as bases de dados”, afirmou.

Para o cientista de dados Angelo Loula, esta situação faz com que a população não saiba de fato o que é realidade nos números de vacinação, o que dificulta a tomada de decisões e realização de estudos sobre o tema.

“Desde setembro parece que a situação só piora e a gente sempre fica desconfiando se os números são reais ou não. Já teve dia, por exemplo, que foi divulgado óbito negativo, como se alguém tivesse ressuscitado. Nós, cientistas, tentamos capturar a tendência e não os números em si para analisar a pandemia”, explica.

SMS diz que não tem doses de vacina perto de vencer 

Na capital, a situação da vacinação é mais tranquila do que no restante do estado. Salvador já aplicou quase 1,7 milhão de segundas doses, o que equivale a 57% da população. Ainda assim, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) alerta que é preciso acelerar a imunização e, para isso, as pessoas precisam retornar para tomar a segunda dose. “O importante é que a população esteja consciente que a imunização só é completa com o esquema das duas doses e a proteção é reforçada com a terceira dose”, diz a pasta, em nota.  

Nesta quinta-feira (25), a SMS iniciou as aplicações das primeiras e segunda doses para qualquer pessoa oriunda do interior do estado, independentemente de ter ou não o nome na lista. A pasta afirmou que a decisão não tem nenhuma relação com vacinas perto da data de vencimento.  

“A gestão dos imunobiológicos é realizada frequentemente e, no momento, não existe nenhuma vacina com a data de validade próxima ao vencimento. Não estamos tendo perda de doses. O monitoramento também é feito diariamente nos pontos de vacina para que não existam sobras ao final de cada dia da vacinação. Temos em estoque o quantitativo de doses necessário para garantir a imunização de todos os habilitados”, acrescenta a nota.  

Na quarta-feira (24), a Sesab divulgou uma nota alertando para o risco da perda de vacinas por causa dos quase 3 milhões de baianos que não retornaram aos postos ainda para tomar a segunda injeção ou o reforço. A reportagem perguntou para a pasta estadual a quantidade exata de doses que podem ser perdidas, bem como o que tem sido feito para evitar o problema, mas não obteve retorno até o fechamento da edição, às 23h.

10 municípios que menos aplicaram a segunda dose: 

Camacan - 12,17% 
Itaparica - 12,84% 
Santo Amaro - 14,05% 
Maiquinique - 15,02% 
Madre de Deus - 16,81% 
Mutuípe - 16,91% 
Lamarão - 19,85% 
Esplanada - 20,19% 
Nova Soure - 21,13% 
Itamaraju - 22,27% 

Relacionados