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'Tive que limpar sangue de aluno', diz professora após morte em escola

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'Tive que limpar sangue de aluno', diz professora após morte em escola

Por: Sites da Web

Estudante foi morto em uma briga após consumo de drogas dentro de uma colégio estadual 

"Não quero falar do horror que eu vi lá dentro. Tive que limpar sangue de aluno, entende?" O desabafo é de uma professora de ensino médio do colégio estadual Safel, em Santa Felicidade, bairro tradicional pelo turismo gastronômico na zona noroeste de Curitiba. A docente, que saiu visivelmente abalada da escola e amparada pelos colegas, já perto das 20h de segunda-feira (24), foi uma das últimas a deixar o prédio depois que a polícia fez a perícia que ajudará a elucidar as circunstâncias da morte do estudante Lucas Eduardo de Araújo Lopes, de 16 anos.

Estudante do 2º ano matutino do ensino médio no colégio, Lucas foi assassinado com uma faca doméstica supostamente após uma briga iniciada do lado de fora com um aluno de 17 anos do 9º ano do fundamental 2. Ele ajudava outros estudantes na ocupação da escola desde o último dia 14. A ocupação faz parte do protesto contra as medidas que o governo federal tomou para conter gastos públicos, por meio da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 241, e da MP (Medida Provisória) 746, que estabelece a reforma do ensino médio.

A suposta briga teria ocorrido no começo da tarde depois que os adolescentes, de acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, usaram drogas do lado de fora e entraram no colégio. Nos cartazes da ocupação, a exemplo do que ocorre em outras unidades, há regras bem definidas, como a proibição expressa ao uso de "substâncias ilícitas" no prédio.

"A vice-diretora e uma professora ajudaram, de fato, a limpar o sangue do aluno", afirmou o diretor do colégio, o professor Luiz Carlos Bueno, 56. Ele contou que deu aula de sociologia para o estudante que foi morto. "Era um dos melhores alunos, crítico, interessado em política." Segundo ele, a escola estava em processo de desocupação e, no momento em que a briga aconteceu, os estudantes faziam uma assembleia para discutir exatamente como seria a saída.

Vítima era aluno tranquilo, dizem professores
"Lucas era um menino supertranquilo, nunca soube que ele se envolveu em briga, era bem reservado. É uma lástima isso que aconteceu", afirmou o professor Galeno Machado, que dava aulas de sociologia à turma do adolescente. Com o diretor, outros professores, que saíram sem falar com a imprensa e ficaram dentro do colégio, com ingresso autorizado pela polícia, ajudaram a conter os ânimos dos estudantes –pelo menos 12, e menores de 18 anos --que estavam no prédio no momento do crime. Uma das alunas, em estado de choque, precisou ser atendida por paramédicos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

A mãe do menino, Alexandra, funcionária de uma padaria da região, teve de ser medicada ao saber da morte do filho. Lucas era filho único, completou 16 anos há uma semana e fora o motivo de retorno da mãe a Curitiba - ela morava em Almirante Tamandaré (região metropolitana de Curitiba), onde ela havia comprado uma casa pequena. "O menino não queria deixar a escola onde estudava havia anos", diz a cuidadora Solange de Souza, 64, amiga de Alexandra.

"Ela criou esse menino sozinha, o pai dele morreu faz tempo. Comprou uma casinha em Almirante Tamandaré, mas acabou voltando para Curitiba há cerca de um mês porque o Lucas não queria sair daqui. Ele estudou muito tempo nessa escola. Era um guri estudioso, tranquilo, amigão", disse Solange.

A advogada Tania Mandarino, do grupo voluntário Advogados pela Democracia, que presta assistência aos estudantes nas ocupações, conseguiu entrar no colégio Safel à tarde e conversou com os alunos. "Tudo indica que o ódio contra as ocupações funcionou: temos um cadáver", afirmou, antes de saber que, segundo a Polícia Civil, o motivo do crime teria sido pessoal - uma desavença entre dois amigos após o consumo de uma droga sintética conhecida como "balinha".

O corpo de Lucas foi levado pelo IML (Instituto Médico Legal) já no começo da noite. Em seguida, três alunos foram levados para ser ouvidos pela polícia –que investiga o caso por meio do (DHPP) Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. O adolescente envolvido no crime foi detido.

 

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