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Taxistas mortos tinham ligação com crime, diz polícia; famílias negam

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Taxistas mortos tinham ligação com crime, diz polícia; famílias negam

Por: Sites da Web

 

Ao todo, 15 táxis participaram de carreata até a sede da SSP.

Foto: Evandro Veiga

 

Um dia após o assassinato do motorista de táxi Carlos André Castilho dos Santos, 36 anos, no bairro de Tancredo Neves  –  o terceiro taxista morto a tiros, em menos de um mês, em Salvador e Região Metropolitana –, colegas de profissão se mobilizaram para exigir do governo do estado medidas para garantir a segurança da categoria.


Na manhã de ontem, um grupo de 15 manifestantes saiu da Avenida Bonocô e seguiu em carreata até a sede da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), no CAB. Lá, representantes dos manifestantes foram recebidos pelo assistente militar da pasta, major Maurício Botelho, para discutir medidas que visam  reduzir os casos de violência e solucionar os crimes cometidos contra os profissionais. Segundo o presidente da Associação Metropolitana de Taxistas (AMT), Valdeilson Miguel, há uma demora na resolução dos casos recentes de mortes de taxistas.


“Em 30 dias, três foram assassinados. A polícia precisa dar uma resposta concreta à classe e à sociedade”, disse ele, referindo-se também aos outros dois mortos recentes: Rodrigo Gonçalves Lopo Dantas, 36, cujo corpo foi encontrado no dia 9 de junho com marcas de tiros, atrás do táxi que dirigia, em Cajazeiras de Abrantes, localidade de Camaçari, e Antônio Carlos Silva Santos, 52, assassinado a tiros dentro de seu carro no bairro do Stiep, na tarde do dia 25.

Investigação 
Em nota, a SSP afirmou que os autores da morte de Antônio Carlos já foram identificados e que os mandados de prisão já foram solicitados. Os nomes e a quantidade de envolvidos ainda não foram divulgados. Ainda conforme a nota, durante o curso das investigações da morte de Rodrigo Lopo e Carlos André, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) detectou que ambos tinham ligações com atividades ilícitas. A delegada Jamila Cidade, da 2ª Delegacia de Homicídios (DH), não quis revelar as atividades ilegais atribuídas aos condutores mortos. A família de Carlos André diz que o taxista era uma pessoa honesta.


Pedidos
Durante a reunião de ontem, os manifestantes solicitaram que fosse criada uma delegacia de atendimento exclusivo aos taxistas, pedido que, segundo Valdeilson, foi acatado. “A delegacia vai sair. O major gostou da ideia”, contou ele. No entanto, a assessoria da SSP informou que não há nada previsto. Os taxistas também pediram que fossem parados com mais frequência durante as blitze e rondas realizadas pela Polícia Militar, e que elas fossem realizadas em mais pontos da cidade.


Para a classe, o aumento no número de abordagens a táxis  ajudaria a coibir os recorrentes casos de assaltos. “Em 2013, eu estava levando uma passageira e três assaltantes entraram em meu carro no Marback. Uma viatura da PM passou por mim, viu que haviam cinco pessoas dentro do carro, e não me parou. Se tivesse parado, teriam pego os bandidos”, contou um taxista, que pediu anonimato.

O taxista Irineu Andrade, 50, que chegou a tomar um tiro na perna em um dos quatro assaltos que sofreu nesses 23 anos trabalhando com táxi, também acredita que a intensificação das abordagens poderá ajudar a dar mais segurança aos trabalhadores. 


“O ideal seria que a polícia, sempre que vir um taxista, e puder, pare, faça uma vistoria, peça os documentos. Mesmo que só exista uma pessoa no veículo. Às vezes, é um ladrão que acabou de levar o táxi de um trabalhador”, disse. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Militar, já foram feitas, desde o início deste  ano, 17 mil abordagens a táxis, com e sem passageiros. Ainda conforme a assessoria da PM, o número de abordagens foi intensificado nos últimos 15 dias, quando foram feitas 6% mais averiguações que o normal.


André Cardoso, 35, que conhecia dois dos três taxistas assassinados, contou que a morte de Antônio Carlos e Carlos André o deixou perplexo e ainda mais amedrontado. “Eu estou estarrecido com essas mortes. André era um cara sossegado, boa praça. Eu peço que a PM aumente as abordagens, principalmente na noite”, sugeriu.

Precauções
Como forma de evitar assaltos, os taxistas admitem que têm tomado algumas precauções antes de pegar um passageiro. Assaltado duas vezes, José Bonfim, 36, não abre a porta de seu carro para qualquer um, principalmente à noite. “A primeira coisa que faço é observar se quem estendeu a mão está em um local agachado, como se estivesse escondido da polícia”, contou.


Luís Neto, 55, que faz ponto na rodoviária, observa como o passageiro entra em seu carro. “Se ele tiver dificuldade para sentar no banco, não levo. Ele pode estar com uma arma na cintura e dou logo uma desculpa”, explicou. Já Jerônimo Bispo Fernandes, 56, disse que não pega se um passageiro for até o seu carro segurando qualquer embrulho. “Pode ter alguma arma ali, enrolada. Não adianta que não pego”, avisou.


Resposta
Além de intensificar o número de abordagens aos veículos, a PM, por meio da SSP, anunciou que prendeu Marcos Antônio Mota Evangelista, 22, condenado a 23 anos de prisão pela morte do taxista Manoel Francisco dos Santos, 72, esfaqueado 33 vezes em 10 de janeiro de 2012, no bairro de Patamares. Marcos foi preso no dia 22 do mês passado, em Cruz das Almas, e trazido, ontem, para cumprir a pena na Penitenciária da Mata Escura.


A  polícia está à procura da namorada e comparsa dele no crime, Amanda Carvalho Menezes, 21. Ela foi condenada a oito anos de prisão, em regime semiaberto. As sentenças foram dadas no início do ano, pela 10ª Vara Crime.


Familiares negam envolvimento de taxista com atividades ilícitas
O corpo do taxista Carlos André Castilho dos Santos, 36, morto com vários tiros no domingo, em Tancredo Neves, foi sepultado, na tarde de ontem, no cemitério Campo Santo. Inconformados com a morte e emocionados, amigos de Carlos André, que atuava no ramo há dois anos, não quiseram falar com a imprensa. Dois tios dele, que não quiseram se identificar, disseram que deixam o caso nas mãos da polícia e da Justiça. “A gente não sabe o que aconteceu, nem por que aconteceu”, disse um deles.  Sobre a informação dada pela SSP de que ele tinha envolvimento com atividades ilícitas, um primo de Carlos, o também taxista Jorge Luiz Arcieri, negou. “É mentira. Não tem nada que possam dizer sobre a conduta dele. Era uma pessoa amiga, família, de quem só tem coisas boas pra falar. Estamos revoltados”, desabafou. O outro tio também disse acreditar na inocência da vítima. “Ele não tinha desafetos”, comentou. Correio da Bahia.

 

Parentes e amigos se despedem de taxista morto em Tancredo Neves.

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