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'Acho que tive uma alucinação', disse uma das pacientes de anestesista preso por estupro durante parto

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'Acho que tive uma alucinação', disse uma das pacientes de anestesista preso por estupro durante parto

O médico foi preso em flagrante após cesariana de uma outra paciente no Hospital da Mulher Heloneida Studart.

Por: G1

Anestesista foi flagrado estuprando uma paciente durante uma cesária. (Foto: reprodução)

Mesmo com uma dose excessiva de sedativos, uma das possíveis vítimas do anestesista Giovanni Quintella, detido em flagrante pelo estupro de uma paciente durante uma cesariana, contou à mãe que teve a sensação de ter sido abusada.

"Ela falou: 'Mãe, acho que tive uma alucinação. Não é possível", revelou a mulher que prestou depoimento na segunda-feira (11) na delegacia que investiga o caso em nome da filha, que ainda se recupera do parto.

"Estou tendo que cuidar da minha filha, que está com depressão pelo que ela passou lá dentro", contou indignada.

A mulher contou ainda que, ao voltar da cirurgia no dia 6 de julho, a filha veio desacordada, dormiu o dia inteiro e, ao acordar, seguia mole.

Ela também notou que a filha voltou suja do centro cirúrgico.

“Quando minha filha veio da mesa de cirurgia, ainda desacordada, ela veio suja. Percebi sobre o rosto e sobre o pescoço dela algumas casquinhas secas, brancas. Eu não sabia o que era. Achava que era algum medicamento que tinha entornado”, contou.

Ainda segundo a mãe, a paciente disse a ela que “todo o tempo o Giovanni [anestesista] ficou perto da cabeça”. ["Ela disse]: 'Eu, meio sonolenta, falei pra ele: por que eu tô com tanto sono assim?”, citou a mãe. “E ele todo o tempo falando: ‘Não, fica calma, relaxa, dorme, fica tranquila’”.

A mãe da paciente e ela própria foram ouvidas pela polícia na tarde desta segunda-feira (11).

A delegada responsável pelo caso se disse estarrecida com o que está apurando na investigação. Ele foi preso em flagrante após o estupro. Além do estupro flagrado em um vídeo, a polícia investiga se o médico cometeu pelo menos outros dois só no domingo.

“Nunca tinha visto nada parecido. A gente tem 21 anos de atuação na polícia, acostumados com atrocidades, toda sorte de violência”, disse a delegada Bárbara Lomba.

Funcionárias desconfiaram e gravaram

Um grupo de funcionários do Hospital da Mulher Heloneida Studart decidiu gravar a terceira cesárea para qual o anestesista Giovanni estava escalado no domingo (10) depois de notar, nas duas cirurgias anteriores, um comportamento estranho dele.

Uma das funcionárias relatou à polícia que: “Giovanni ficava sempre à frente do pescoço e da cabeça da paciente, obstruindo o campo de visão de qualquer pessoa” na sala de cirurgia.

Ela e outros funcionários pegaram um celular e o posicionaram em um armário com portas de vidro, mas não acompanharam o procedimento e só viram o flagrante quando pegaram o telefone — razão pela qual não puderam interromper o crime.

A funcionária também contou, em depoimento, que o anestesista sedava “de maneira demasiada” e que “as pacientes nem sequer conseguiam segurar os seus bebês” após o parto.

Na segunda operação do domingo, segundo a funcionária, “Giovanni usou um capote aberto nele próprio, alargando sua silhueta, e se posicionou de uma maneira que também impedia que qualquer pessoa pudesse ver a paciente do pescoço para cima”.

“Giovanni, ainda posicionado na direção do pescoço e da cabeça da paciente, iniciou, com o braço esquerdo curvado, movimentos lentos para frente e para trás”, disse a testemunha.

“Pelo movimento e pela curvatura do braço, pareceu que estava segurando a cabeça da paciente em direção à sua região pélvica.”

O vídeo que as enfermeiras e técnicas do Hospital da Mulher gravaram serviu de prova para a prisão em flagrante. As imagens são fortes.

No vídeo do flagrante, a paciente está deitada na maca, inconsciente. Do lado esquerdo do lençol, a equipe cirúrgica do hospital começa a cesariana. Enquanto isso, do lado direito do lençol, a menos de um metro de distância dos colegas, Giovanni abre o zíper da calça, puxa o pênis para fora e o introduz na boca da grávida.

A violência durou 10 minutos. Enquanto abusa da gestante, o anestesista tenta se movimentar pouco para que ninguém na sala perceba. Quando termina, ele pega um lenço de papel e limpa a vítima para esconder os vestígios do crime.

“As pacientes [do anestesista Giovanni] ficavam complemente fora de si. Quando eram cuidadas por outro anestesista, jamais ficavam dessa maneira”, disse a funcionária.

A polícia agora vai tentar descobrir outras possíveis vítimas do anestesista.

Quem é o anestesista Giovanni

Giovanni atuou em pelo menos 10 hospitais públicos e privados, segundo o próprio. O preso tem 32 anos e se formou em 2017 pelo Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), no Sul Fluminense, . Ele concluiu a especialização em anestesia no início de abril.

Vaidoso, postava fotos com vestimentas das unidades e chegou a publicar um “Vocês ainda vão ouvir falar de mim, esperem”. Em outra postagem, Giovanni afirmou fazer o que gosta: “Estou aqui colhendo os frutos”.

Mas o comportamento estranho do médico chamou a atenção das mulheres da equipe do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em Vilar dos Teles. Elas começaram a estranhar a quantidade de sedativo que o anestesista aplicava e a forma como ele se movimentava atrás do lençol que separava a equipe.

O médico demonstrou surpresa ao receber voz de prisão da delegada Bárbara Lomba e ao tomar conhecimento de que tinha sido gravado abusando da paciente. O anestesista Giovanni foi indiciado por estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.

A defesa do anestesista afirmou que ainda não obteve acesso na íntegra aos depoimentos e elementos de provas que foram produzidos durante a lavratura do auto de prisão em flagrante. A defesa informou também que, após ter acesso a sua integralidade, se manifestará sobre a acusação.

Entidades reagem

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu nesta segunda-feira (11) um processo para expulsar Giovanni.

Clovis Bersot Munhoz, presidente do Cremerj, disse que “as cenas são absurdas”.

A Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Saúde, a que o Hospital da Mulher de Vilar dos Teles, em São João de Meriti, está subordinado, repudiaram em nota a conduta do médico anestesista.

“Informamos que será aberta uma sindicância interna para tomar as medidas administrativas, além de notificação ao Cremerj. A equipe do Hospital da Mulher está prestando todo apoio à vítima e à sua família”, afirmaram.

“Esse comportamento, além de merecer nosso repúdio, constitui-se em crime, que deve ser punido de acordo com a legislação em vigor”, emendaram.

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