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Ditados que viraram “telefone sem fio”: descubra as versões originais de oito provérbios que você talvez repita errado há anos

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Ditados que viraram “telefone sem fio”: descubra as versões originais de oito provérbios que você talvez repita errado há anos

Expressões populares atravessam séculos carregando sabedoria, mas também acumulam distorções cômicas que mudam totalmente o sentido do que foi dito lá atrás.

Por: Camaçari Notícias

Foto: Freepik

Seja no mercado, no grupo de família ou na mesa do bar, ninguém escapa dos ditados populares. Eles são um patrimônio imaterial que viaja de boca em boca e ajuda a explicar o mundo com humor, ironia ou conselhos de quem já viveu muito. O problema é que esse “telefone sem fio” de gerações transforma frases certeiras em versões curiosas às vezes sem pé nem cabeça.

A seguir, você confere oito provérbios cujas formas originais e significados pouco lembram aquilo que muita gente ainda repete por aí. Prepare a caneta e marque quantos desses você já falou errado.

 

1. “Cuspido e escarrado”

Certo mesmo: Cuspido e escarrado
Por quê: Vindo do português arcaico, o ditado compara duas pessoas tão parecidas que parecem ter sido “cuspidas” uma da outra. “Escarrada” reforça essa semelhança extrema — não há nada a ver com escarro literal.

2. “Cor de burro quando foge”

Certo mesmo: Corro de burro quando foge
Por quê: A imagem é de alguém que sai correndo sem entender o que está acontecendo, tentando evitar confusão. O verbo “correr” se contrai em “corro”, gerando a expressão que ficou quase irreconhecível.

3. “Quem tem boca vai a Roma”

Certo mesmo: Quem tem boca vaia Roma
Por quê: Aqui, “vaia” vem de “vaiar”. O provérbio diz que quem tem voz (ou boca) pode expressar-se, até mesmo em Roma, centro do poder na Antiguidade. Não é sobre encontrar rotas para a capital italiana, mas sobre falar.

4. “Batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão”

Certo mesmo: Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão
Por quê: Na lavoura, a batata espalha seus ramos (a “rama”) rente ao solo enquanto cresce. A troca de “espalha a rama” por “esparrama” e depois por “esparrama pelo chão” — embaralhou botânica e rima.

5. “Hoje é domingo, pé de cachimbo”

Certo mesmo: Hoje é domingo, pede cachimbo
Por quê: O domingo simboliza descanso. Antigamente, fumar cachimbo era sinônimo de lazer. A rima “domingo”?/?“pede cachimbo” fazia sentido; o “pé” entrou por engano e permaneceu.

6. “Ócios do ofício”

Certo mesmo: Ossos do ofício
Por quê: Toda profissão tem suas dificuldades seus “ossos duros de roer”. “Ócios” sugeriria lazer, o contrário do que se quer dizer. A forma equivocada é recente e não está registrada em dicionários clássicos.

7. “Quem não tem cão, caça com gato”

Certo mesmo: Quem não tem cão, caça como gato
Por quê: Faltou o cão? Resta agir como um gato: em silêncio, sozinho, de forma sorrateira. O “com” trocado por “como” altera o sentido — afinal, ninguém leva um gato para caçar.

8. “Quem pariu Mateus que o balance”

Certo mesmo: Quem pariu, que o mantenha e balance
Por quê: A moral permanece: quem cria uma situação deve arcar com ela. Com o tempo, “Mateus” virou um personagem fixo, a frase encurtou, mas a responsabilidade continuou no colo de quem “pariu”.

 

Por que isso acontece?

Especialistas em linguística explicam que a transmissão oral, somada a diferenças regionais, sonoridades parecidas e buscas por rima, facilita trocas de letras, contrações e até a criação de palavras inexistentes. Quando a forma alterada se populariza, o equívoco vira “verdade” e passa a competir com o original.

No Brasil, a criatividade popular ainda adiciona pitadas de humor ? e a internet potencializa novas mutações. Mas conhecer a origem dos provérbios ajuda a preservar a história da língua e entender melhor o que realmente queriam dizer aqueles que vieram antes.

 

Como usar (corretamente) daqui para frente

  • Valorize os provérbios originais: além de soarem mais coerentes, carregam a intenção primitiva.
  • Se ouvir uma versão estranha, pesquise; você pode descobrir outra boa história linguística.
  • Compartilhe conhecimento: explicar o sentido verdadeiro é uma forma divertida de manter viva a cultura popular.

No fim das contas, errar ditado faz parte do jogo mas acertar é quase tão saboroso quanto contar vantagem na roda de conversa. E, quem sabe, daqui a algumas décadas alguém não faça outra lista revelando que também distorcemos os ditos de hoje? Até lá, é “cuspido e escarrado” e assunto encerrado.

 

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