Mais da metade dos brasileiros já usam inteligência artificial para fazer compras, aponta pesquisa

Mais da metade dos brasileiros está recorrendo à inteligência artificial (IA) na hora de escolher o que comprar. Segundo uma pesquisa realizada pela Adyen em parceria com a CNN, 52% da população afirmou ter utilizado assistentes como o ChatGPT para decidir sobre produtos nos últimos 12 meses. O estudo entrevistou mais de 41 mil consumidores e 14 mil varejistas em 28 países, revelando um crescimento de 52% no uso da IA em comparação com o ano anterior.

Ainda de acordo com a pesquisa, 18% dos consumidores brasileiros passaram a usar essas ferramentas pela primeira vez no último ano. Os setores de vestuário e alimentação lideram o uso da IA, com 72% dos entrevistados demonstrando interesse em encontrar marcas e experiências de compra diferenciadas por meio dessas tecnologias. Além disso, 70% declararam estar dispostos a adquirir produtos via IA no futuro.

O perfil dos usuários mais frequentes dessas ferramentas são jovens das gerações Z e Millennials. No entanto, a maior taxa de crescimento no uso foi registrada entre os Baby Boomers, com aumento de 135%, seguidos pela Geração X, que teve alta de 66%. Por outro lado, apenas 26% das pessoas com 60 anos ou mais afirmam utilizar IA nas compras.

Apesar do entusiasmo, especialistas recomendam cautela. Renato Migliacci, vice-presidente de vendas da Adyen Brasil, chama atenção para os riscos associados ao uso da tecnologia. “A população deve estar atenta ao fato de que soluções baseadas em inteligência artificial coletam e armazenam informações pessoais, incluindo preferências e hábitos de consumo compartilhados pelos usuários”, alerta.

Migliacci destaca que a personalização é uma das grandes promessas da IA no varejo, mas frisa que ela deve ser feita com responsabilidade. “Para que essa personalização gere valor e contribua para a fidelização, é fundamental que as empresas analisem dados de compras e pagamentos de forma estratégica, com transparência e comprometimento com a proteção dos dados sensíveis.”

Do lado das empresas, o cenário é igualmente otimista. Cerca de 77% delas já utilizam IA para recomendar produtos e 70% confirmam que as marcas com as quais trabalham incorporaram ferramentas de busca impulsionadas por essa tecnologia. Quase metade dos negócios espera aumentar a receita em 2025 a partir do investimento em IA para vendas e marketing, e 42% planejam usar a tecnologia na inovação de produtos.

Para as marcas, a inteligência artificial também tem sido usada como ferramenta de visibilidade. Segundo Migliacci, a IA pode otimizar o ranqueamento nos mecanismos de busca, ampliar a presença em sites de credibilidade, fortalecer comunidades online, incentivar avaliações e controlar a exposição negativa. No entanto, ele pondera: “Não está claro, e talvez nunca esteja, quais os critérios considerados pelas IAs para gerar suas respostas. Por isso, ter uma visão holística da saúde da marca em todos os canais é o investimento mais recomendado neste momento.”

Em um cenário em que a tecnologia redefine o comportamento do consumidor e as estratégias das empresas, o uso da inteligência artificial no varejo caminha para se tornar não apenas tendência, mas parte integrante da experiência de compra do brasileiro.