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Historiador conta curiosidades sobre Camaçari e diz que município tem 460 anos

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Historiador conta curiosidades sobre Camaçari e diz que município tem 460 anos

Por: Sheila Barretto

Diego Copque é historiador formado pela Ucsal (Foto: Rudson Santos/CN)

Conhecer o passado é fundamental para entender o presente, pois “um povo que não conhece a sua própria história, termina se tornando protagonista anônimo dela”. É o que diz o historiador Diego Copque, que bateu um papo com a nossa reportagem e contou diversas curiosidades sobre o surgimento de Camaçari. O pesquisador afirma, inclusive, que o município seria bem mais antigo do que os 259 anos que todos acreditam ter.

Diego Copque conta que este é justamente o ponto chave da sua pesquisa, que aponta que Camaçari tem 460 anos. “Em 1558, quando a cidade do Salvador já tinha nove anos, foi fundado o primeiro aldeamento indígena, chamado de aldeamento do Espírito Santo, que veio, consequentemente, 200 anos depois, a dar nome à nova Vila de Abrantes do Espírito Santo”. De acordo com os estudos de Copque, neste aldeamento foram construídos uma igreja e um colégio. “Então, é incoerente você ter uma cidade que tem uma igreja com 460 anos e o município com 200 anos a menos”, pondera.

Com a curiosidade aguçada por essa incoerência, Diego buscou mais evidências que o levaram até o arquivo da Torre do Tombo, em Lisboa, capital de Portugal. Lá, ele encontrou documentos que já faziam referência a Camaçari antes mesmo da função da Vila de Abrantes. “Há quem diga que Camaçari tem 70 anos com este nome, que tenha sido uma povoação a partir do início da primeira década do século XX. Mas as pessoas estão equivocadas nesse sentido. E não por má fé, mas por desconhecimento mesmo. O documento traz informações dos povoados que estão próximos e, inclusive, faz menção ao Rio Joanes, a alguns outros rios e mais à frente, ele dá notícias do Sítio de Camaçari”.

Outro fato curioso trazido pelo historiador tem relação a uma das datas de maior importância para o povo baiano: o 2 de julho. Segundo Diego, o trajeto que é feito atualmente para levar o fogo simbólico da cidade de Cachoeira, no Recôncavo, até Salvador, não é correto, pois no trajeto real, o fogo deveria passar por dentro de Camaçari. “O mapa que mostra por onde as tropas portuguesas e brasileiras passaram no período do 2 de julho, faz menção ao riacho Lama Preta, que deu origem ao bairro. Muitos têm o entendimento de que Camaçari começou no Camaçari de Dentro, mas na verdade não, Camaçari começou nessa região da Lama Preta”, afirma.

A pesquisa de Diego Copque deu origem a um livro que já está pronto, mas que ainda não foi publicado por falta de recursos. Nele, além da história por trás da fundação de Camaçari, ele também conta um pouco sobre o seu povo. “Eu tive a oportunidade de fazer a genealogia de, pelo menos, seis famílias que hoje residem aqui. A gente tem pessoas aqui que desconhecem a sua origem, mas que são protagonistas anônimos da sua própria história. Temos famílias que têm quase 300 anos aqui na região. Essas pessoas só vão tomar conhecimento quando conhecerem o livro”, promete.

Para Copque, conhecer a própria história é de fundamental importância para despertar nas pessoas o sentimento de pertencimento. “Se criou um mito de que Camaçari é terra de migrantes, mas esses migrantes que passaram por aqui já se estabeleceram, já criaram raízes, já têm filhos, netos e até mesmo bisnetos. São famílias que pertencem à cidade e o que falta é, justamente, esse sentimento de pertencimento que as pessoas não têm. As pessoas precisam se apropriar desse sentimento, porque quando você se sente da cidade, você ama, cuida e respeita”.

 

Quando for publicado, o historiador pretende espalhar algumas edições do livro pelas escolas públicas de Camaçari, para que as crianças tenham acesso a essas informações desde cedo. “Isso faz com que gere aos poucos esse sentimento que eu venho falando. Eu busquei fazer um trabalho voltado para a historiografia, que é justamente o que a cidade carece, e com uma certa criticidade técnica, não buscando criar nenhum tipo de polêmica, mas existem inúmeros mitos que foram criados na cidade e que a própria pesquisa comprova que não são verdade. Mas as pessoas só vão tomar conhecimento, lendo”.

Agora só nos resta esperar que este trabalho, que consumiu 17 anos de pesquisa, seja publicado e a verdadeira história de Camaçari seja revelada para nós e para as futuras gerações.

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