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Camaçari
Episódio do CNCast reúne advogado e biólogo para debater problemas crônicos como saneamento precário, racismo ambiental e perda da biodiversidade
Por: Camaçari Notícias
Foto: Camaçari Notícias
Na última terça-feira (27), o CNCast, comandado por Gisa Conceição, trouxe à tona um debate essencial sobre o futuro ambiental de Camaçari. Transmitido excepcionalmente de forma antecipada, o episódio contou com a participação de dois especialistas: o advogado Juan Sterfan, presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Camaçari, e o biólogo Rafael Felix, doutorando em Ecologia pela UFBA e pesquisador do SENAI CIMATEC.
Sob o tema “Camaçari do Futuro — O Desafio de Crescer com Sustentabilidade”, os convidados abordaram desde os impactos do crescimento urbano desordenado até a urgência do planejamento ambiental, passando por saneamento, descarte de resíduos, preservação da biodiversidade e justiça social.
Juan Sterfan destacou que o direito ambiental vai além das florestas e rios. Ele inclui o meio ambiente artificial (como cidades e praças), o cultural (patrimônios e tradições), o do trabalho e, mais recentemente, o digital. “Cuidar do meio ambiente é cuidar da qualidade de vida, da cidade e da cultura”, pontuou.
Entre os desafios locais, o advogado chamou atenção para a deficiência em arborização urbana — uma das piores do país — e o saneamento precário que afeta diretamente rios como o Camaçari e o Joanes, este último responsável pelo abastecimento de cerca de 5 milhões de pessoas na RMS.
Rafael Felix reforçou que Camaçari abriga uma biodiversidade singular, reunindo biomas como a Mata Atlântica, Restinga e até trechos raros de Cerrado litorâneo. “O problema é que a cidade não conhece o que tem. E só se preserva aquilo que se conhece”, alertou.
O biólogo defendeu o investimento em turismo sustentável, como a observação de aves, já procurada por estrangeiros que vêm à cidade em busca de espécies raras como o Chifre-de-Ouro, comum em áreas como Jacuípe e o Parque do Rio Capivara.
O Morro da Manteiga foi apontado como um símbolo do descompasso entre ocupação urbana e preservação. De acordo com Juan, a degradação da vegetação tem provocado erosão e assoreamento, gerando alagamentos em bairros como Nova Vitória e ao longo da ciclovia.
Outro ponto crítico abordado foi o aterro sanitário da cidade, que se encontra sobrecarregado. Os especialistas defenderam o investimento em tecnologias de reaproveitamento de resíduos e geração de energia por biogás, como já acontece em outras cidades.
Uma das denúncias mais contundentes veio de um relatório do Ministério Público citado por Juan: a Embasa estaria descumprindo a vazão mínima do Rio Joanes, comprometendo a biodiversidade aquática e a subsistência de comunidades ribeirinhas.
Rafael acrescentou que a falta de oxigênio e o alto índice de poluição estão matando a fauna aquática e desequilibrando o microclima da região.
O debate também expôs o conceito de racismo ambiental, destacando que os efeitos da degradação recaem principalmente sobre populações pobres e negras. “Os bairros mais ricos estão na orla, livres da poluição. Já quem vive na sede, próxima ao polo industrial, sofre com o esgoto, a poluição do ar e a falta de árvores”, afirmou Juan.
A ausência de um transporte público eficiente foi apontada como agravante da poluição urbana. A dependência de veículos particulares eleva a emissão de gases e o barulho, comprometendo a qualidade de vida. A poluição sonora causada por paredões e atividades comerciais também foi tratada como um problema ambiental relevante.
Apesar do cenário crítico, os especialistas apontaram caminhos viáveis:
Criação de uma Secretaria Municipal de Meio Ambiente independente da CEDU
Implantação de unidades de conservação como o Parque das Dunas e o Morro da Manteiga
Incentivo ao turismo sustentável e à observação de aves
Fortalecimento da educação ambiental nas escolas
Programas de arborização urbana e recuperação de rios
Uso de tecnologias de gestão de resíduos e energia limpa
Ao final do programa, a mensagem foi clara: Camaçari está diante de uma escolha. Ou repete os erros do passado, ou assume o protagonismo de um futuro sustentável. “Preservar o meio ambiente não é só proteger a natureza. É proteger a vida, a saúde, a economia e a dignidade de quem vive aqui”, concluiu Juan Sterfan.
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